quarta-feira, 23 de fevereiro de 2011

Metade do Brasil será evangélica em 2020

É o que disseram especialistas da organização SEPAL ("Servindo aos Pastores e Líderes") ao site norteamericano The Christian Post em notícia publicada no último dia 20 de fevereiro. Com base nos dados do censo brasileiro levado a cabo pelo IBGE em 2010, além de dados de pesquisa do instituto Datafolha datada de 2007, a SEPAL estima que o número de pessoas que se declaram evangélicos seja de 57,4 milhões em 2011, considerando-se, para tanto, a taxa anual de crescimento de 7,42% nessa faixa da população. Luís André Brunet, pesquisador da SEPAL, prevê que em 2020 os evangélicos chegarão à marca de 109,3 milhões (52%) num total de 209,3 milhões de brasileiros, isto obviamente se a taxa de crescimento se mantiver nos patamares anteriores. (Observação: a ilustração acima foi publicada na revista Época em maio de 2009, quando se previa que os evangélicos chegariam a 104,5 milhões em 2020)

De fato, há um crescimento enorme do número de evangélicos no Brasil e é muito provável que dentro alguns anos este segmento represente mais da metade da população. A recente "descoberta" dos evangélicos pelas empresas e meios de comunicação mostra que este é um caminho aparentemente irreversível. Entretanto, é preciso um pouco de cautela quando se analisa os números frios das estatísticas. Quantidade nem sempre (aliás, raramente) vem acompanhada de qualidade. Primeiramente, é difícil saber que tipo de "evangélicos" temos hoje no Brasil. A "teologia da prosperidade" pregada nas igrejas neopentecostais tem feito uma legião de convertidos ao dinheiro, mas não exatamente a Cristo. Não se sabe, também, qual é a, digamos, "taxa de giro" dessas igrejas, ou seja, não basta saber quantas pessoas entram, mas também quantas saem. A julgar pelo crescimento positivo dos últimos anos, o número de pessoas que entram é maior do que as que saem. Por outro lado, o fato de ser "evangélico" hoje no Brasil é uma afirmação muito mais ideológica do que teológica. "Evangélico" é um termo que tem um significado - atualmente - muito mais de pertencer a um determinado grupo religioso (não raras vezes "místico") que segue um líder carismático e acredita nas mesmas coisas (materiais, de preferência). Pouca ou nenhuma importância se dá à cruz de Cristo, esta sim a verdadeira marca do cristão.

Há que se observar ainda, que o crescimento evangélico no Brasil nas últimas décadas andou a reboque da sucessão de crises e estagnações econômicas por que passou o país. Muitas igrejas serviram como um abrigo de sociabilidade, estímulo e auxílio mútuo para enfrentar as dificuldades financeiras. A se manter o atual nível de crescimento econômico, portanto, a tendência é que menos pessoas busquem alívio e sustento no discurso da prosperidade das igrejas que mais cresceram no período anterior. Como em qualquer país desenvolvido do mundo, as estatísticas indicam que quanto melhor o nível financeiro de um povo, menor a frequência às igrejas. O órgão mais sensível do corpo humano (e da alma também, ao que parece) continua sendo o bolso, afinal. Apesar de tudo, ainda que o número de evangélicos nominais aumente, temo que o percentual de cristãos sinceros e comprometidos com o verdadeiro evangelho de Jesus Cristo, infelizmente, não saia do lugar. Queira Deus que não diminua...

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