quinta-feira, 3 de fevereiro de 2011

O desafio dos cristãos chineses: evangelizar os muçulmanos

Como o atual cenário econômico mundial reflete, é melhor não duvidar da capacidade empreendedora do povo chinês. Quando a China se move, o mundo treme. Ao iniciar sua Grande Marcha em 16 de outubro de 1934, com a frase que se tornou célebre - "Toda grande caminhada começa com o primeiro passo" - poucos acreditavam que 368 dias e 10.000 km depois Mao Tse Tung poria os pés na Grande Muralha, controlando vastos territórios e ganhando enorme força apesar da invasão japonesa e da Segunda Guerra Mundial que já estava às portas, até que em 1949 é fundada a República Popular da China, que tinha à época apenas 1 milhão de cristãos. Apesar da tentativa de banir a religião (ou controlá-la), existem hoje 100 milhões de cristãos na China, e segundo informa o jornal norteamericano The Washington Post em sua edição de hoje, 03/02/11, parece que eles estão se propondo à maior iniciativa missionária (evangelizadora, portanto) da história do cristianismo: evangelizar 2 bilhões de pessoas (na maioria, muçulmanos) que vivem nos países que compõe a Rota da Seda, antigo caminho dos mercadores medievais entre a Europa, o Oriente Médio e a China, passando por Irã, Afeganistão, Paquistão e Índia, entre outras antigas repúblicas soviéticas islâmicas.

Segundo relata The Washington Post, nos últimos 20 anos cristãos chineses foram se instalando em toda essa região, geralmente trabalhando com comércio ou na indústria, se reunindo secretamente em igrejas dentro de um projeto chamado "Back to Jerusalem" ("De Volta a Jerusalém"), que tem como mote "o chamado de Deus à Igreja Chinesa para completar a Grande Comissão" (veja o vídeo abaixo). A maior parte de todo este trabalho já se deu de forma, digamos, "subterrânea", em que milhares (talvez milhões) de chineses foram alocados nesses países sem despertar suspeita das autoridades locais, que fecham seus territórios para missionários cristãos ocidentais, mas não imaginavam que a "ameaça" cristã pudesse vir da China, cujo governo tem enorme facilidade de fazer emigrar seus cidadãos em função dos múltiplos e diversificados investimentos que tem na Ásia. Em 2003, no livro "Jesus in Beijing: How Christianity Is Transforming China And Changing the Global Balance of Power" ("Jesus em Pequim: Como o Cristianismo Está Transformando a China e Mudando o Equilíbrio Global de Poder"), o chefe de redação da revista Time na China, David Aikman, já chamava a atenção para o fato de que centenas de milhares de chineses estavam aprendendo árabe nas universidades para trabalhar sobretudo na indústria do petróleo do Oriente Médio e dos países da Rota da Seda, nas mais variadas funções.

Portanto, este é um trabalho que devemos acompanhar com atenção nas próximas décadas, sobretudo com o aumento do poderio econômico, político e militar da China. A provável surpresa é que, enquanto pensavam que seus maiores inimigos eram os Estados Unidos e Israel, os radicais islâmicos não imaginavam que o "perigo" estava mesmo mais pros lados do Oriente. Sorte deles que os evangélicos brasileiros, quando não estão preocupados com o próprio umbigo, só pensam em ser missionários na Flórida.


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