A inscrição AVE MARIA na bandeira da cidade provoca guerra de palavras e batalha judicial entre católicos e evangélicos, segundo noticia a Folha de S. Paulo do dia 15/02/11:
Bandeira de município causa discórdia em MS
RODRIGO VARGAS
DE CUIABÁ
A expressão "Ave Maria", presente na bandeira de Sidrolândia (a 70 km de Campo Grande) desde 1957, tornou-se recentemente alvo de uma polêmica entre católicos e evangélicos do município.
Para o pastor Adílson Machado de Souza, coordenador da IES (Igreja Evangélica de Sidrolândia), a presença da inscrição é "um desrespeito aos seguidores de outras religiões que não a católica".
Ele acionou a Defensoria Pública do município para exigir da prefeitura a retirada da frase e prometeu "ir até o Supremo, se for preciso".
"Não se trata de uma ação contra os católicos, e sim contra a prefeitura. O fato é que o Brasil é um Estado laico", disse o pastor, em entrevista à Folha.
Segundo Souza, o apoio à iniciativa está expresso em um abaixo-assinado, que já tem centenas de assinaturas de evangélicos.
"Recebemos também o apoio de vários ateus que vivem no município e que defendem a mudança", disse o religioso.
O fato de se tratar de uma inscrição antiga, para o pastor, "não é relevante". "Em eventos dentro da nossa igreja, hastear a bandeira do município é sempre um constrangimento. Aquela frase trata de uma devoção que não é a nossa."
"Quem se irrita com o nome de Maria é o diabo", reagiu, em nota, o Conselho Pastoral da Paróquia Nossa Senhora da Abadia.
O texto, no qual o pastor é chamado de "irmão em Cristo", defende que "proclamar o nome de Maria como na bandeira da cidade não se trata de idolatria."
A defensora pública que recebeu a manifestação dos evangélicos está em férias e não foi encontrada.
Meu comentário: De fato o laicismo (a separação entre Igreja e Estado) é uma conquista da Constituição de 1891 que deve ser preservada. Entretanto, bom senso é sempre um ótimo remédio para toda e qualquer situação que envolva desavenças. Os símbolos religiosos em espaços públicos fazem parte da fundação e da construção de uma nação, que se deram ao longo dos séculos e não podem ser ignorados. Se o laicismo for levado a ferro e fogo, teríamos que derrubar o Cristo Redentor do Corcovado, por exemplo. Se a bandeira de Sidrolândia foi instituída democraticamente em 1957, provavelmente só havia católicos na então nascente cidade, ou os que ali estavam ou chegaram depois não se importaram com isso.
Por outro lado, o pastor em questão deveria estar mais atento. "Ave Maria" não é só o título de uma reza católica, mas a tradução em latim do que o anjo lhe diz em Lucas 1:28 - "Salve agraciada, o Senhor é contigo". Não há nada errado, portanto, para um evangélico com a expressão "Ave Maria", já que ele não faz a reza que lhe corresponde na tradição católica. Como de costume o problema deixa, então, a seara teológica para se imiscuir na ideologia, na disputa de poder, na briga de torcidas na saída do estádio, já que muitas igrejas funcionam mais como torcidas organizadas do que exatamente comunidades sagradas, ajuntamentos de pessoas santas e separadas para Deus (ou que deveriam ser), solidárias e misericordiosas. Pelo jeito não é só a expressão "Ave Maria" que corre risco de extinção em Sidrolândia.
Para o pastor Adílson Machado de Souza, coordenador da IES (Igreja Evangélica de Sidrolândia), a presença da inscrição é "um desrespeito aos seguidores de outras religiões que não a católica".
Ele acionou a Defensoria Pública do município para exigir da prefeitura a retirada da frase e prometeu "ir até o Supremo, se for preciso".
"Não se trata de uma ação contra os católicos, e sim contra a prefeitura. O fato é que o Brasil é um Estado laico", disse o pastor, em entrevista à Folha.
Segundo Souza, o apoio à iniciativa está expresso em um abaixo-assinado, que já tem centenas de assinaturas de evangélicos.
"Recebemos também o apoio de vários ateus que vivem no município e que defendem a mudança", disse o religioso.
O fato de se tratar de uma inscrição antiga, para o pastor, "não é relevante". "Em eventos dentro da nossa igreja, hastear a bandeira do município é sempre um constrangimento. Aquela frase trata de uma devoção que não é a nossa."
"Quem se irrita com o nome de Maria é o diabo", reagiu, em nota, o Conselho Pastoral da Paróquia Nossa Senhora da Abadia.
O texto, no qual o pastor é chamado de "irmão em Cristo", defende que "proclamar o nome de Maria como na bandeira da cidade não se trata de idolatria."
A defensora pública que recebeu a manifestação dos evangélicos está em férias e não foi encontrada.
Meu comentário: De fato o laicismo (a separação entre Igreja e Estado) é uma conquista da Constituição de 1891 que deve ser preservada. Entretanto, bom senso é sempre um ótimo remédio para toda e qualquer situação que envolva desavenças. Os símbolos religiosos em espaços públicos fazem parte da fundação e da construção de uma nação, que se deram ao longo dos séculos e não podem ser ignorados. Se o laicismo for levado a ferro e fogo, teríamos que derrubar o Cristo Redentor do Corcovado, por exemplo. Se a bandeira de Sidrolândia foi instituída democraticamente em 1957, provavelmente só havia católicos na então nascente cidade, ou os que ali estavam ou chegaram depois não se importaram com isso.
Por outro lado, o pastor em questão deveria estar mais atento. "Ave Maria" não é só o título de uma reza católica, mas a tradução em latim do que o anjo lhe diz em Lucas 1:28 - "Salve agraciada, o Senhor é contigo". Não há nada errado, portanto, para um evangélico com a expressão "Ave Maria", já que ele não faz a reza que lhe corresponde na tradição católica. Como de costume o problema deixa, então, a seara teológica para se imiscuir na ideologia, na disputa de poder, na briga de torcidas na saída do estádio, já que muitas igrejas funcionam mais como torcidas organizadas do que exatamente comunidades sagradas, ajuntamentos de pessoas santas e separadas para Deus (ou que deveriam ser), solidárias e misericordiosas. Pelo jeito não é só a expressão "Ave Maria" que corre risco de extinção em Sidrolândia.
Geralmente os pastores de pouca instrução acham que Maria era católica, o que é bem o que os padres querem que o povo acredite.
ResponderExcluir