terça-feira, 3 de outubro de 2017

Celebrando os 500 anos da Reforma com Lutero - parte 3


A VERDADEIRA RIQUEZA

Bem-aventurados os espiritualmente pobres, pois deles é o Reino dos céus. [Mt 5.3]

Isso é um belo, doce e alegre começo de seu ensinamento e de sua prédica. Ele não vem aí como Moisés ou um doutor da lei, com ordens, ameaças e terror, porém, da maneira mais amigável, somente incentivando e atraindo, e com lindas promessas. Com efeito, se as primeiras queridas palavras e a prédica do Senhor Cristo não tivessem sido formuladas e apresentadas a todos nós dessa maneira, a curiosidade tomaria conta de cada um de nós e nos impulsionaria a correr atrás delas até Jerusalém, sim, até o fim do mundo, para ouvir apenas uma dessas palavras. Haja dinheiro para que a estrada seja bem construída! E cada qual se gloriaria orgulhosamente de que tinha ouvido ou lido as palavras e a prédica proferidas pelo próprio Senhor Cristo. Quão maravilhosamente bem-aventurado deveria ser chamado o homem que teve essa ventura! É exatamente isso que aconteceria, se não tivéssemos nada disso por escrito, embora tivesse sido escrito muita coisa por outros. Todos diriam: sim, eu ouço o que S. Paulo e outros de seus apóstolos ensinaram, mas gostaria muito mais de ouvir o que ele mesmo disse e pregou.

Acontece, porém, que agora que essas palavras se tornaram tão comuns que cada um as tem escritas no livro e pode lê-las diariamente, ninguém as considera como algo extraordinário e precioso. Sim, chegamos a nos enfastiar delas e a desprezá-las, como se não tivessem sido ditas pela alta Majestade do céu, e, sim, por um sapateiro qualquer. Por isso, como castigo por nossa ingratidão e nosso desprezo, acontece que temos tão pouco proveito delas e nunca sentimos e provamos que grande tesouro, força e poder residem nas palavras de Cristo. A quem, todavia, for concedida a graça de reconhecê-las verdadeiramente como Palavra de Deus e não de homem, esse decerto as terá em alta consideração e as considerará preciosas e, jamais, se cansará ou enfastiará delas.

Assim como essa prédica é amável e doce para os cristãos que são seus discípulos, do mesmo modo ela é aborrecedora e insuportável para os judeus e seus grandes santos. Pois já no início, ele lhes desfere um duro golpe com essas palavras, refuta e condena seu ensino e sua pregação, ensinando justamente o contrário, sim, proferindo um ai sobre sua vida e seus ensinamentos, conforme o refere Lucas 6[.24-26]. Pois a suma de seus ensinamentos era a seguinte: se uma pessoa é bem-sucedida aqui na terra, essa é bem-aventurada e está em boa situação. É nesse sentido que iam todos os seus pensamentos: se fossem piedosos e servissem a Deus, Deus lhes iria dar tudo na terra e não lhes deixaria faltar nada, como diz Davi a seu respeito no Salmo 144[.8,13,14]; esta é a sua doutrina:? “que todos os cantos e celeiros estejam abarrotados de provisões e as pastagens cheias de ovelhas que procriam muito e muitas vezes, e que o gado produza muito. E que, além disso, não sejam atingidos por nenhum dano, nem prejuízo, nem desgraça ou praga. A esses chamam de pessoas bem-aventuradas”, etc.

Contra isso, Cristo ergue sua voz, dizendo que é preciso algo mais do que ter o suficiente aqui na terra, como a dizer: caros discípulos, quando forem pregar ao povo, irão constatar que todos ensinam e creem o seguinte: quem é rico, poderoso, etc., é completamente bem-aventurado e, por outro lado, quem é pobre e miserável, esse está rejeitado e condenado por Deus. Os judeus estavam firmemente persuadidos da crença de que, se uma pessoa é bem-sucedida, isso seria um sinal de que Deus lhe era gracioso, e vice-versa. A razão para isso era o fato de terem muitas e grandes promessas de bens terrenos e corporais da parte de Deus, que ele queria dar aos piedosos. Nisso confiavam, pensando que, se tinham essas coisas, estariam bem com Deus. O livro de Jó também foi escrito com esse objetivo, pois sobre esse ponto seus amigos discutem e debatem, insistem em que ele devia ter grande culpa perante Deus e o apontam como quem estava sendo castigado por causa disso. Por isso deveria confessar sua culpa, converter-se e começar uma vida pia, assim. Deus novamente tiraria o castigo, etc.

Por isso, essa prédica era necessária no começo, a fim de acabar com essa ilusão e arrancá-la do coração como um dos maiores empecilhos para a fé, que fortalece no coração o verdadeiro ídolo Mamon. Pois essa doutrina não podia resultar em outra coisa senão que as pessoas se tornassem avarentas e cada qual só tivesse uma preocupação: ter o suficiente e dias bons, sem qualquer carência e adversidade. E todos foram levados a pensar: se for bem-aventurada a pessoa que está bem de vida e tem o suficiente, então tenho que dar um jeito para não ficar para trás.

É isso que o mundo inteiro crê ainda hoje, especialmente os turcos que mais confiam e se apoiam nessa crença, concluindo que não seria possível que tivessem tanto sucesso e tantas vitórias, se não fossem o povo de Deus e se ele não lhes fosse mais favorável do que a outros. Entre nós, todo o papado igualmente crê nisso, e o fundamento de sua doutrina e vida é ter suficiente; baseados nisso, se apropriaram dos bens do mundo inteiro, como está à vista de todos. Em suma, essa é a crença ou a religião maior e mais difundida na terra, na qual todos os seres humanos permanecem segundo a carne e o sangue, e também não conseguem considerar outra como salvação. Por isso, Cristo prega um sermão totalmente novo para os cristãos. Se estão passando por dificuldade, sofrem pobreza e têm que dispensar riqueza, poder, honra e dias bons aqui na terra, não obstante serão bem-aventurados e receberão não uma recompensa temporal, e, sim uma recompensa diferente, eterna; no Reino dos céus eles terão abastança.

Talvez você dirá, mas como? Acaso os cristãos têm que ser todos pobres, e ninguém pode possuir dinheiro, bens, honra, poder, etc.? Que devem fazer pessoas como os ricos, os príncipes, os senhores, os reis? Será que todos têm que renunciar a seus bens, a sua honra, etc., ou comprar o Reino dos céus dos pobres, como ensinaram alguns? Resposta: não. Isso não significa que quem quer ganhar o Reino dos céus deve comprá-lo dos pobres, e, sim, que ele mesmo tem que ser pobre e encontrar-se entre os pobres. Pois as palavras são claras e inequívocas: “espiritualmente pobre”. Aí foi acrescentada a palavrinha “espiritualmente”, de modo que de nada adianta que alguém seja materialmente pobre e que não tenha dinheiro nem bens. Pois ter dinheiro, bens, terras e empregados, exteriormente, não é mau em si, mas é dádiva e ordem de Deus; assim, também, ninguém é bem-aventurado por ser mendigo e por não ter bem nenhum. Aqui diz “ser espiritualmente pobre”. Pois eu disse acima, no início, que, aqui, Cristo não trata do regime e da rodem temporais, e, sim, quer falar apenas do espiritual, como viver perante Deus, além e acima das coisas exteriores.

Do regime secular faz parte que se tenha dinheiro, bens, honra, poder, terras e pessoal sem isso não se pode subsistir. Por isso, um senhor ou um príncipe não deve nem pode ser pobre no sentido de não possuir nenhuma propriedade, pois o mundo não poderia subsistir, se todos devêssemos ser mendigos e nada possuir. Aí, também, nenhum chefe de família poderia sustentar sua casa e criadagem, se ele mesmo nada tivesse. Em suma: ser pobre corporalmente nada resolve. Pois podem-se encontrar muitos mendigos, pedindo pão na frente da porta, que são mais arrogantes e perversos do que qualquer rico, e muito agricultor miserável, com o qual é mais difícil lidar do que com qualquer senhor e príncipe.

Por isso, seja pobre ou rico materialmente e exteriormente, conforme lhe for concedido – Deus não pergunta por isso. Fica sabendo que perante Deus, isto é, espiritualmente e de coração, toda pessoa deve ser pobre. Isso significa que não ponha sua confiança, consolo e segurança em bens temporais nem prenda a eles seu coração, deixando que Mamon seja o seu ídolo. Davi era um rei excelente e, na verdade, tinha que ter as terras cheias de toda sorte de bens e provisões. Não obstante, teve que ser, ao lado disso, espiritualmente, um pobre mendigo, conforme canta a respeito de si mesmo: “Sou pobre e um hóspede na terra, como todos os meus pais” [Sl 39.12; 119.19]. Vê, o rei que possui tantos bens, um senhor sobre terra e gente, não deve chamar-se nada mais do que um hóspede ou peregrino, como alguém que está na estrada, não tendo lugar onde ficar. Esse é um coração que não se prende a bens e riquezas e, mesmo que os possua, é a mesma coisa como se nada possuísse, conforme Paulo se gloria a respeito dos cristãos em 2 Co 6[.10]: “Como os pobres, no entanto, enriquecendo a muitos; como os que nada possuem, mas possuindo tudo”.

Tudo isso, para dizer que, enquanto vivemos, não façamos outro uso dos bens temporais e das necessidades corporais como o faz um hóspede num lugar estranho, onde passa a noite e pela manhã segue seu caminho. Ele nada mais precisa do que comida e cama, e não deve dizer: isto aqui é meu. Aqui quero ficar. Nem deve tomar posse da propriedade, como se lhe coubesse de direito. Senão terá que ouvir em breve o dono da casa dizendo: meu caro, acaso não sabes que és hóspede aqui? Segue teu caminho e vai para o lugar que te compete. O mesmo se dá aqui. Os bens temporais que tens, Deus tos deu para esta vida e te permite que os uses e enchas com eles o saco de vermes que carregas pendurado no pescoço. Mas não te prendas nem amarres neles o coração, como se quisesse viver eternamente, e, sim, como alguém que sempre segue adiante em busca de outro tesouro mais elevado e melhor que é teu e o será eternamente.

Estou dizendo isso de modo grosseiro para o homem comum, a fim de que se aprenda a entender o que significa, na linguagem da Escritura, ser espiritualmente pobre ou pobre perante Deus, a não avaliar isso exteriormente na base de dinheiro ou bens, ou de carência e abundância. Pois, conforme dissemos acima, podemos observar que os mais pobres e miseráveis mendigos são os piores e mais desgraçados patifes, e são capazes de cometer toda sorte de patifarias e maldades que pessoas finas e honestas, cidadãos ricos ou senhores e príncipes não cometem. Por outro lado, muitas pessoas santas, que tinham dinheiro e bens, honra, terras e criadagem que chega, não obstante, viveram como pobres em meio a tantos bens. É preciso olhar para o coração, para não se preocupar demasiadamente com o fato de ter alguma coisa ou não ter nada, de ter muito ou pouco. E quaisquer que sejam os bens que possuímos, devemos tratá-los como se nada tivéssemos e como se nos pudessem ser tirados a qualquer hora e pudéssemos perdê-los, mantendo o coração sempre voltado para o Reino dos céus [Cl 3.1-2].

Depois, segundo a Escritura, é chamado de rico o homem que, embora não tenha dinheiro nem bens, unha e cava para consegui-los, e nunca tem que chega. São esses, na verdade, que o Evangelho chama de ricaços barrigudos que, em meio a grandes posses, possuem menos que todos e que jamais se satisfazem com o que Deus lhes concede. Pois ele [o Evangelho] vê o coração, que está cheio de dinheiro e bens, e julga por esse critério, segundo o coração, embora tivesse cofre, casa e propriedade cheios. Assim, a fé cristã segue em frente, não toma em consideração nem pobreza nem riqueza, mas observa somente as condições do coração. Se nele existe um avarento, ele é chamado de espiritualmente rico; por outro lado, é chamado de espiritualmente pobre quem não está preso a essas coisas e consegue desprender deles o coração, conforme Cristo diz alhures: “Quem abandona casas, campos, filhos, mulher, etc., os terá restituídos centuplicados e, além disso, herdará a vida eterna” [Mt 19.29]. Com isso, quer libertar os corações dos bens, a fim de que não os considerem seu tesouro e quer consolar os seus [seguidores] que têm que abandoná-los, a fim de receberem, também nesta vida, muito mais e coisa melhor do que o que tiveram que abandonar.

Isso não significa que devemos abandonar bens, casa, propriedade, mulher e filhos e vagar pelo mundo sem destino, viver às custas de outras pessoas, como o faz a quadrilha dos anabatistas, que nos acusam de não pregarmos o Evangelho corretamente, porque ficamos com casa e propriedades e com a mulher e os filhos. Não, não é esse tipo de santos loucos que ele quer! O que está sendo dito aqui é o seguinte: se és capaz de abandonar casa, propriedades, mulher e filhos no coração, embora continues vivendo nelas e permaneças com a família, comendo com ela e servindo-lhe por amor, conforme Deus ordenou, e, não obstante, estás disposto a abandonar tudo a qualquer hora, por amor de Deus, caso for necessário, então já abandonaste tudo. O que importa é que de modo algum o coração esteja preso, mas permaneça livre de avareza, apego, consolo e confiança em qualquer coisa. Um homem rico pode perfeitamente ser chamado espiritualmente pobre sem ser obrigado a jogar fora seus bens, a não ser que tenha que abandoná-los por necessidade. Nesse caso, ele os abandona em nome de Deus, não por querer livrar-se da mulher e dos filhos, casa e propriedades, e, sim, enquanto Deus o permitir, ele preferiria ficar com tudo e lhe servir através deles, estando, porém, disposto [a deixar tudo] se lhos quer tirar novamente.

Aí tens o que significa ser espiritualmente pobre e ser pobre perante Deus ou nada ter espiritualmente e abandonar tudo. Agora, observa também a promessa que Cristo acrescenta, dizendo: “Deles é o Reino dos céus”. Esta é, sem dúvida, uma grande, excelente e maravilhosa promessa que, por estarmos dispostos a ser pobres e a não dar valor a bens temporais, temos, como recompensa, um belo, maravilhoso, grande e eterno bem no céu; e por te teres desfeito de um vintém, que podes usar enquanto o tens e quantos podes ter, hás de receber como recompensa uma coroa, tornando-te um cidadão e senhor no céu. Isso nos deveria estimular, se quiséssemos ser cristãos e se acreditássemos que suas palavras são verdadeiras; mas ninguém pergunta quem é aquele que o diz, muito menos, dá atenção ao que ele diz; deixam suas palavras entrar por um ouvido e sair pelo outro, de modo que ninguém se importa com elas nem as toma a peito.

Com essas palavras, ele mostra que ninguém consegue entender isso, a não ser que já seja um verdadeiro cristão. Porque tanto esse artigo e todos os que lhe seguem são puro fruto da fé, que o próprio Espírito Santo tem que produzir no coração. Onde não existe a fé, o Reino dos céus igualmente ficará de fora, nem podem seguir pobreza espiritual, mansidão, etc., e remanescerá somente cavar e ratinhar, desavenças e rixas por bens terrenos. Por isso, esses corações mundanos são caso perdido, de modo que jamais aprenderão nem experimentarão o que é pobreza espiritual, nem irão crer e valorizar o que ele diz e promete com vistas ao Reino dos céus.

Ainda assim, ele arranja e ordena as coisas de tal maneira por causa deles, que quem não quiser ser pobre espiritualmente em nome de Deus por amor do Reino dos céus, não obstante, tem que ser pobre em nome do diabo e não terá nenhum agradecimento por isso. Pois Deus prendeu os gananciosos de tal maneira à sua barriga que jamais conseguem satisfazer-se e alegrar-se com seus bens ganhos na base da ganância. Pois Dom Ganância é um hóspede tão jovial que não deixa ninguém sossegado. Ele procura, empurra e incita sem cessar, de sorte que não consegue gozar o precioso dinheiro por uma hora sequer, conforme também o pregador Salomão se admira e diz: “Acaso não é uma amarga aflição que Deus dá a um homem dinheiro e bens, terras e pessoal em abundância e, não obstante, ele não está em condições de usufruí-los?” [Ec 6.2] Pois sempre tem que andar temeroso e preocupado e tremer por sua preservação e ampliação, para que não se percam nem diminuam. Está tão preso a seu dinheiro que não consegue gastar com alegria um centavo sequer. Se, porém, existisse ali um coração que se contenta e se satisfaz com o que tem, ele teria sossego e, além disso, o Reino dos céus, enquanto, de outro modo, terá aqui, em meio a muitos bens ou até com sua ganância, o purgatório, e lá, o fogo eterno, como diz o ditado: aqui andará com um carrinho de mão e lá terá que andar com uma roda, ou seja, aqui miséria e temor, lá profundo sofrimento.

Vê, essa é a maneira como Deus sempre faz as coisas, de modo que sua Palavra permanece verdadeira, que ninguém pode ser bem-aventurado nem estar satisfeito exceto os cristãos. E os outros, embora tenham tudo, nada têm de melhor; na verdade, sua situação não é tão boa quanto a dos cristãos; eles continuarão sendo pobres mendigos a calcular por seu coração. Além disso, aqueles gostam de ser pobres e estão presos a um imperecível bem eterno, isto é, ao Reino dos céus, sendo bem-aventurados filhos de Deus; aqueles, porém, andam ávidos por bens temporais e, não obstante, não alcançam o que desejam e, além disso, serão eternamente martirizados pelo diabo. Em suma, não há diferença entre um mendigo diante da porte e um miserável pançudo desses, a não ser que aquele nada tem e se satisfaz com um pedaço de pão, enquanto este, quanto mais tem, menos satisfeito está, mesmo que receba o dinheiro do mundo inteiro em um só monte.

Por isso, o presente sermão não serve, como já disse, para o mundo e é de nenhum valor para ele, pois ele insiste em que está certo e não quer crer, e, sim, quer ver as coisas diante dos olhos e poder apalpá-las com as mãos, conforme o ditado: um pardal na mão é melhor do que ficar olhando para um grou no ar. Por isso, Cristo os deixa seguir seu caminho. Ele não quer forçar ninguém ou arrastar alguém pelos cabelos, mas dá seu fiel conselho a quem quer aceitá-lo e coloca diante de nós as mais preciosas promessas. Se quiseres, encontras aqui paz e descanso no coração e lá, eternamente, o que teu coração almeja. Se não quiseres, vai em frente e terás aqui e lá toda sorte de sofrimento e infelicidade, como preferes. Pois vemos e sabemos, por experiência, que tudo depende de que a pessoa esteja satisfeita e não se agarre a bens temporais; há muitas pessoas que, embora tenham apenas um bocado de pão e cujos corações Deus pode encher, são felizes e mais satisfeitas do que qualquer príncipe ou rei. Em suma, essa pessoa é um rico senhor e imperador e não precisa andar preocupado, atribulado e sofrendo. Este é o primeiro ponto deste sermão: todo aquele que quiser ter o suficiente lá e aqui, cuide para não ser tão avarento e cavador, e, sim, aceite e use o que Deus dá, e alimente-se de seu trabalho na fé. Assim, tem o paraíso já aqui e até mesmo o Reino dos céus, como também diz S. Paulo em 1 Timóteo 4[:8]: “A piedade é proveitosa para todas as coisas, e tem a promessa, não somente desta vida, e, sim, também, da vida futura”.

(LUTERO, Martinho. Prédicas semanais sobre Mateus 5-7 in Obras Selecionadas. São Leopoldo: Sinodal, Canoas: ULBRA, Porto Alegre: Concórdia. 2005, Tradução: Ilson Kayser, vol 9, .pp. 28-35)



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