Esta é uma daquelas notícias que vai fazer os dentistas rangerem os dentes e as indústrias de produtos para higiene oral repensarem seus métodos.
É que pesquisadores da Universidade de Buffalo (NY), nos Estados Unidos, liderados pela Profª Dra. Mine Tezal, realizaram uma pesquisa de casos de incidência de câncer na região da cabeça e do pescoço, e chegaram a uma conclusão surpreendente.
A equipe verificou que 399 pessoas que tinham algum tipo de câncer nessa área do corpo, curiosamente, tinham um histórico muito menor de cáries do que 221 outros indivíduos que não haviam sido diagnosticados com a enfermidade e, ao contrário daqueles com quem foram comparados, tiveram problemas de cárie por um bom período de suas vidas.
Colocando as conclusões de outra maneira: as pessoas mais cuidadosas com sua higiene bucal têm uma incidência de câncer na cabeça e no pescoço maior do que aquelas que são desleixadas.
Antes de aposentar a sua escova de dentes, entretanto, repare que os próprios pesquisadores não se arriscam a dizer que este é um resultado definitivo, mas o apontam como uma sugestão para que seja aprofundada a pesquisa, já que outros fatores de risco, como dieta e situação sócio-econômica, também devem ser levados em conta para se chegar a uma conclusão segura sobre a correlação entre cáries e câncer de lábio, cavidade oral, faringe e laringe.
Os cientistas da Universidade de Buffalo dizem que tomaram os cuidados para ajustar os dados do grupo observado quanto a idade, sexo, estado civil, tabagismo e uso de álcool, e concluíram que homens solteiros que moram sós e fumam são os mais propensos a desenvolver câncer na área pesquisada.
Uma das hipóteses levantadas para essa estranha (ainda que prévia) conclusão é que as bactérias cariogênicas ricas em ácido lático produziriam linfócitos Th1 em quantidade mais que suficiente para combater a formação de tumores.
Logo, quem tem mais cáries, tem mais bactérias, mais Th1 e menos propensão a tumores na cabeça e no pescoço.
Enquanto novos estudos não são realizados, melhor continuar a escovar os seus dentes, além de fazer visitas rotineiras ao seu dentista, mas pelo menos não se preocupe tanto quando bater aquela preguiça (e falta de grana) de marcar a sua próxima revisão dental.
O artigo científico sobre a informação acima foi publicado no JAMA Otolaryngology – Head & Neck Surgery, e um resumo de suas conclusões pode ser lido no MedPage Today.