sexta-feira, 6 de setembro de 2013

Marco Feliciano foi a Boston

Feliciano sempre em ótima companhia
No dia em que a Câmara de Deputados protagonizava um dos momentos mais vergonhosos da história política do país, NÃO cassando o mandato do deputado evangélico Natan Donadon, condenado por corrupção com trânsito em julgado, o pastor-deputado Marco Feliciano foi a Boston, nos Estados Unidos.

Enquanto a bancada evangélica se movimentava (ou se ausentava) para salvar um corrupto que a continua integrando, apesar de estar vendo o sol nascer quadrado na penitenciária da Papuda, em Brasília, Marco Feliciano foi a Boston.

O pretexto que o festejado pastor-deputado alega para sua viagem aos EUA é a luta pelos direitos dos imigrantes brasileiros em situação ilegal naquele país.

Só que essa "luta" se restringiu a uma reunião na casa do "pastor' Ouriel de Jesus, mais conhecido pelas suas heresias divulgadas no livro "O Triunfo Eterno da Igreja", com "revelações" próprias e novidadeiras sobre o fim dos tempos, o que o levou a perder o nome "Assembleia de Deus" para a sua World Revival Church.

A igreja de Ouriel era o local que, por sinal, frequentava Lanna Holder, então ex-lésbica que fazia questão de ministrar mundo afora sua condição de ex-homossexual, e que gerou polêmica gigantesca tempos depois ao montar uma igreja gay em São Paulo com sua "esposa", a cantora gospel Rosania Rocha.

Pois foi a esse olimpo de vaidades e extravios que o nobre deputado Feliciano compareceu no dia em que seu "irmão" Donadon, que também merecia ir a Boston, escapou ileso da fogueira da cassação dos seus direitos políticos, para vergonha nacional.

Enquanto isso, aqui no país da piada pronta (e da memória curta) tem gente que não só segue como defende com unhas e dentes esses caras que tanto mal fazem ao bom nome de Jesus neste mundo. 

Deviam ir todos a Boston juntos com o Feliciano.

A matéria foi publicada no Diário do Centro do Mundo:

O que Marco Feliciano foi fazer em Boston, afinal?

A diretora do Centro do Imigrante Brasileiro contou ao Diário como foi a única reunião da pauta do pastor deputado na cidade.

O deputado Marco Feliciano esteve em Boston para, conforme anunciou, lutar “pelos direitos das centenas de brasileiros que estão presos aqui nos EUA por estarem ilegais”.

A viagem aconteceu no dia da votação da cassação do deputado Natan Donadon. Feliciano faltou. Justificou-se afirmando que já havia embarcado quando a votação começou. A passagem estaria marcada há dois meses.

Contou também que viajou a convite de “líderes religiosos” e não com dinheiro público. Avisou que levaria um relatório sobre os imigrantes e que iria apresentá-lo à Comissão de Direitos Humanos e Minorias da Câmara.

Nos dias que passou lá, MF fez uma preleção na Revival Church for The Nations. Apresentou-se na “Escola Bíblica de Obreiros”, que tem como fundador o pastor Ouriel de Jesus.

E quanto aos imigrantes?

Bem, aí é outra história.

De acordo com a diretora executiva do Centro do Imigrante Brasileiro, Natalícia Tracy, houve apenas uma reunião, exatamente na casa de Ouriel de Jesus. Natalícia esteve nesse encontro com Feliciano e os imigrantes. “Recebi muitas críticas por ter estado com ele”, diz. “Foi para falar dos presos. A única coisa que ele disse foi para as pessoas lhe mandarem seus projetos”.

O número oficial de brasileiros em Boston é de 70 mil. Extraoficialmente, calcula-se que haja entre 200 e 250 mil. Não há, segundo ela, denúncias graves de violações de direitos humanos. Professora da Universidade de Massachussets, Natalícia está nos EUA há 18 anos. Casou-se com um americano. Sua organização luta contra a discriminação, oferece orientação jurídica e aulas de inglês.

“Foi uma visita religiosa. Os membros mais influentes da comunidade não queriam nem ouvir falar no nome dele”, diz. “Se eu soubesse que a casa onde ocorreu a reunião era desse pastor, não teria ido. Ele é malvisto pelos nossos ativistas”.

Para Natalícia, o consulado não tem a capacidade de oferecer todo o apoio de que os brasileiros necessitam, mas houve uma melhora. Não por causa de Marco Feliciano. “A reunião com ele foi apenas isso: coisas da política.”

"Não adiantou nada, Feliciano, o STF anulou minha absolvição na Câmara.
Dá pra ir a Boston de novo?"




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