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Há pessoas erradas na hora errada ao lado das pessoas erradas na época errada, e nem por isso se deram conta do quão errada foi sua vida.
Parece ter sido este o caso de Rochis (ou Rochus) Misch, um dos ajudantes de Hitler que o acompanharam até o último momento de vida do monstro nazista.
Mesmo sabendo depois de todas as atrocidades cometidas durante o regime do III Reich, Rochis Misch não deu mostras, digamos, cabais de que houvesse se arrependido de estar, ainda que como serviçal, no epicentro decisório de todo aquele horror.
Eis que hoje, 5 de setembro de 2013, Misch faleceu. Desaparece, portanto, a última testemunha (até então) viva dos momentos finais do Führer.
O que, cá entre nós, não é motivo de honra para ninguém, mas não deixa de ser uma tremenda curiosidade histórica.
Outro aspecto para ser levado em conta é que o simples fato de saber que, em pleno 2013, o último auxiliar direto de Adolf Hitler ainda estava vivo, isso revela o quão próximo no tempo ainda estamos de todo aquele terror.
Logo, todo cuidado é pouco para que a barbárie jamais se repita.
A notícia é do Opera Mundi:
Morre, aos 96 anos, Rochis Misch, última testemunha do suicídio de Hitler
Em 2009, Misch concedeu uma entrevista em que ratificava seu apoio ao "Führer", mas condenava os crimes do nazismo
Rochus Misch, guarda-costas, mensageiro e telefonista de Hitler, morreu aos 96 anos em Berlim, que era a última pessoa que foi testemunha do suicídio do ditador e de sua esposa, Eva Braun, em seu bunker da capital alemã.
Os meios de comunicação alemães fizeram uma ampla cobertura em torno da notícia do falecimento de Misch, que aconteceu nesta quinta-feira (05/09) após o escudeiro de Hitler lutar por anos contra uma doença.
Nos últimos tempos, a comunicação com Misch era difícil por conta de sua idade avançada, mas em 2009 ainda concedeu uma entrevista à revista alemã "P.M History", na qual ratificava sua fidelidade ao "Fürher" como soldado, embora condenasse os "terríveis e cruéis" crimes contra a humanidade do nazismo.
Misch, membro do pessoal destinado a serviço de Hitler na década de 1940, lembrava já com falhas a cena que viveu em 30 de abril de 1945.
Hitler "estava com a cabeça sobre a mesa, enquanto Eva estava com a cabeça inclinada. Já não me lembro bem, estava sentado no sofá ou em uma poltrona ao lado? Mas sigo vendo Eva, com os joelhos encolhidos até o peito", dizia.
Até o final
Dias antes, em 22 de abril, o ditador nazista tinha anunciado ao seu pessoal que a guerra estava perdida, comunicou sua decisão de permanecer em Berlim e deu permissão para que abandonassem o edifício, mas Misch ficou até o final.
"Permaneci como fiel servidor de meu chefe no bunker", lembrava Misch, que não deixou o local até Josef Goebbels, o ministro de Propaganda nazista, dizer em 2 de maio que já não precisava mais dele e que podia partir.
Sargento da unidade especial das SS do "Führer", Misch não era capaz de recriminar Hitler por seus crimes - "superaria meu cumprimento do dever como soldado" - e assegurava que nunca se falou da existência de campos de concentração em seu círculo íntimo.
Tempos depois, ficou sabendo sobre a existência desses campos. "Agora estou bem informado - disse em 2009. Está claro que aconteceram coisas horríveis. Não há desculpa possível, houve campos de concentração. Isso não é possível negar".
Após a morte de Hitler, Misch foi capturado pelas tropas soviéticas e passou nove anos em uma prisão russa, até que retornou para Berlim em 1953.
No setor oeste da capital alemã, Misch trabalhou em uma loja de pintura até sua aposentadoria.