Artigo publicado no Gizmodo Brasil:
Cientistas parecem ter localizado o mecanismo de desligamento da consciência no cérebro
Todos nós perdemos a consciência diariamente: enquanto estamos dormindo. Mas os cientistas nunca haviam entendido que parte do cérebro controlava o mecanismo de estar consciente ou inconsciente. Agora, pesquisadores parecem ter encontrado essa parte do cérebro por coincidência, enquanto estavam estudando uma paciente epilética usando estimulação elétrica.
Como relata a News Scientist, pesquisadores da Universidade George Washington estavam usando eletrodos para monitorar os sinais do cérebro e tentar identificar que área dele disparava as convulsões da paciente. Um desses eletrodos foi colocado no claustro, uma fina camada de neurônios que fica entre as principais estruturas do cérebro — uma região que nunca havia sido estudada com o uso de eletrodos profundos anteriormente.
Inesperadamente, quando os pesquisadores enviaram sinais elétricos de alta frequência para o claustro, a paciente perdeu a consciência: ao contrário do que acontece durante uma convulsão, quando a atividade de uma pessoa cessa imediatamente, a paciente pareceu ir relaxando, passou a falar em voz mais baixa e se mexer mais devagar, até que ela ficou parada em silêncio, sem responder a chamados ou a estimulação visual. Ela estava, por definição, inconsciente. Quando ela acordou e a estimulação elétrica foi desligada, ela não se lembrava de nada que havia acontecido enquanto ela estava “desligada”.
A descoberta pode ter imensas implicações para pacientes com epilepsia ou que estejam em estados semi-conscientes, mas é só o começo das pesquisas. Até agora, esse interruptor on/off foi testado em apenas um paciente. Mas identificar o local do cérebro onde fica o mecanismo de desligamento da consciência será crucial para que entendamos melhor como funciona o fluxo cerebral, como explica o pesquisador Christof Koch para a News Scientist:
Em última instância, se nós soubermos como ligar e desligar a consciência e que partes do cérebro estão envolvidas no processo, então nós poderemos entender quem faz o quê. Os robôs têm isso? E os fetos? Um gato ou um cachorro ou uma minhoca têm esse mecanismo? Esse estudo é incrivelmente intrigante, mas é só um tijolo no grande edifício da consciência que estamos tentando construir.
Talvez algum dia nós possamos adormecer ao desligar um interruptor localizado no fundo dos nossos cérebros.