O papa Francisco já foi embora depois de uma semana agitada no Brasil, e muitas conclusões já foram e continuarão sendo feitas a respeito de sua estada entre nós.
Limitaremos nossa análise preliminar, entretanto, a um quesito apenas: sua notória capacidade de se comunicar com os mais diferentes estratos da sociedade.
Nesse aspecto, o papa Francisco deu um show de comunicação, simpatia, empatia e simplicidade.
Sem abrir mão do dogmatismo católico inerente à fala do trono do Vaticano, o pontífice romano conseguiu fazer-se ouvir e ouviu com mansidão e brilhantismo.
Fez a sua mensagem compassiva ser recebida mesmo através do silêncio de seu olhar contemplativo.
Foi fiel, portanto, a pelo menos três preceitos neotestamentários (e paulinos) sobre como dialogar com um mundo não cristão:
Filipenses 4:5 Seja a vossa moderação conhecida de todos os homens. Perto está o Senhor.Colossenses 4:6 A vossa palavra seja sempre com graça, temperada com sal, para saberdes como deveis responder a cada um.Tito 2:7-8 Em tudo te dá por exemplo de boas obras; na doutrina mostra integridade, sobriedade, linguagem sã e irrepreensível, para que o adversário se confunda, não tendo nenhum mal que dizer de nós.
Aos quais podemos acrescentar o sempre bem-vindo conselho de Pedro:
1ª Pedro 3:15 antes santificai em vossos corações a Cristo como Senhor; e estai sempre preparados para responder com mansidão e temor a todo aquele que vos pedir a razão da esperança que há em vós;
Sem querer entrar nas diferenças doutrinárias aparentemente irreconciliáveis entre católicos e protestantes, foi inevitável comparar a postura papal com aquela de alguns expoentes evangélicos que usam e abusam cotidianamente de todas as formas de mídia.
Os nomes desses nem precisam ser citados, pois a sua verborragia e seus interesses monetários invadem os lares brasileiros todos os dias pelas ondas do rádio e da TV.
Outra maneira pela qual os falastrões gospel são conhecidos é pela sua falta de compaixão e sua contundência em atacar os adversários e rebater as críticas, desqualificando os oponentes e partindo para a agressão verbal sem o menor pudor.
Qualquer pessoa minimamente versada na Bíblia já identificaria que lhes falta não só humildade e simplicidade, mas a moderação que deve caracterizar qualquer pessoa que diz professar o evangelho.
A julgar apenas por este critério, o papa Francisco deu de 10 x 0 nos pugilistas verbais que se dizem “evangélicos” e infestam nossos rádios e televisões.
Conclusão óbvia: considerando os líderes que aparecem na mídia, os católicos estão muito melhores de papa do que os evangélicos.