Eclesiastes é um livro cuja autoria é geralmente atribuída a Salomão, conforme indica o seu primeiro versículo ("filho de Davi, rei de Jerusalém"), além de repetir que "vem sendo rei de Israel em Jerusalém" (1:12) e "sobrepujei em sabedoria a todos os que antes de mim existiram em Jerusalém" (1:16).
Se esta autoria é confirmada, o livro foi composto por volta do século X a. C., havendo estudiosos, entretanto, que consideram que o hebraico utilizado no livro e a visão negativa dos governantes, imprópria para um rei (4:13; 7:19; 8:2-4 e 10:4-7), indicam que a obra foi composta no período posterior ao exílio babilônico, o que dataria o livro para o século VI a. C.
Deve-se entender por "composta" aqui não exatamente "escrita" como as cartas de Paulo, por exemplo, pois, no Antigo Testamento, muitas vezes a tradição oral se impunha por absoluta necessidade, já que não havia uma escrita organizada, ou uma padronização dela que justificasse a sua cópia manuscrita.
A primeira evidência de um primitivo hebraico escrito, o calendário de Gezer, data do século X a. C., logo, contemporâneo à versão de que teria sido Salomão o autor de Eclesiastes.
De qualquer maneira, a tradição oral se encarregava de recitar - e transmitir às gerações seguintes - o teor dos livros tidos como sagrados, além de haver algum tipo de escrita rústica, conforme Deus já ordenara por intermédio de Moisés em Deuteronômio 6:
6 E estas palavras, que hoje te ordeno, estarão no teu coração;
7 e as ensinarás a teus filhos, e delas falarás sentado em tua casa e andando pelo caminho, ao deitar-te e ao levantar-te.
8 Também as atarás por sinal na tua mão e te serão por frontais entre os teus olhos;
9 e as escreverás nos umbrais de tua casa, e nas tuas portas.
Nas versões corrigida e atualizada de Almeida, o livro começa com "Palavras do pregador", sendo que a palavra hebraica traduzida por "pregador"- קהלת - qôheleth - é intraduzível nas línguas ocidentais.
A NVI traduz por "mestre". As Bíblias católicas preferem não traduzir o termo hebraico. A Bíblia do Peregrino e a de Jerusalém colocam o nome Coélet e a Tradução Ecumênica prefere Qohélet.
Trata-se de uma palavra feminina que significava, basicamente, o ato de uma pessoa que convocava uma assembléia, uma reunião popular nas vilas e cidades, com a intenção de se dirigir aos demais mediante um discurso ou uma espécie de aula pública.
Podemos imaginar, portanto, que a idéia por trás da palavra qôheleth está ligada à Sabedoria, que convocaria os leitores a ouvir as suas lições numa "assembleia" (קהל - qahal, em hebraico; εκκλησία - ekklēsia - em grego), segundo a imagem que Provérbios 1:20-21 mostra, ou seja, que "grita na rua a Sabedoria, nas praças, levanta a voz; do alto dos muros clama, à entrada das portas e nas cidades profere as suas palavras".
Quando o Velho Testamento foi traduzido do hebraico para o grego, pelos 70 sábios judeus de Alexandria, formando a versão conhecida por Septuaginta, do século II ao I a. C., a palavra qôheleth, na falta de equivalente em grego (e com base em ekklēsia) foi traduzida por Ἐκκλησιαστοῦ - ekklesiasthv – que chegou até nós como Eclesiastes.
Naquele tempo ainda não existia a palavra (ou pelo menos a idéia de) "igreja", outra tradução possível para ekklēsia a partir do início do cristianismo.
Entretanto, não se deve confundir Eclesiastes com dois livros deuterocanônicos (ou apócrifos) que constam da Bíblia católica: o Eclesiástico e a Sabedoria de Salomão.
Este último foi escrito originalmente em grego por judeus que moravam em Alexandria, no Egito, no século I a. C., sendo a referência a Salomão um mero recurso literário para dar autoridade aos provérbios colecionados no livro.
Já o Eclesiástico (ou Sirácida) foi escrito por um judeu chamado Jesus, filho de Sirach, por volta do ano 185 a. C., sendo traduzido para o grego por seu neto e incorporada na Septuaginta no século seguinte.
O fato de ter sido bastante usado no começo da igreja cristã fez com que recebesse o nome de Eclesiástico, aí já com ekklēsia no sentido de "igreja". Esses dois livros não foram aceitos como canônicos pelos judeus e pelos protestantes.
Se esta autoria é confirmada, o livro foi composto por volta do século X a. C., havendo estudiosos, entretanto, que consideram que o hebraico utilizado no livro e a visão negativa dos governantes, imprópria para um rei (4:13; 7:19; 8:2-4 e 10:4-7), indicam que a obra foi composta no período posterior ao exílio babilônico, o que dataria o livro para o século VI a. C.
Deve-se entender por "composta" aqui não exatamente "escrita" como as cartas de Paulo, por exemplo, pois, no Antigo Testamento, muitas vezes a tradição oral se impunha por absoluta necessidade, já que não havia uma escrita organizada, ou uma padronização dela que justificasse a sua cópia manuscrita.
A primeira evidência de um primitivo hebraico escrito, o calendário de Gezer, data do século X a. C., logo, contemporâneo à versão de que teria sido Salomão o autor de Eclesiastes.
De qualquer maneira, a tradição oral se encarregava de recitar - e transmitir às gerações seguintes - o teor dos livros tidos como sagrados, além de haver algum tipo de escrita rústica, conforme Deus já ordenara por intermédio de Moisés em Deuteronômio 6:
6 E estas palavras, que hoje te ordeno, estarão no teu coração;
7 e as ensinarás a teus filhos, e delas falarás sentado em tua casa e andando pelo caminho, ao deitar-te e ao levantar-te.
8 Também as atarás por sinal na tua mão e te serão por frontais entre os teus olhos;
9 e as escreverás nos umbrais de tua casa, e nas tuas portas.
Nas versões corrigida e atualizada de Almeida, o livro começa com "Palavras do pregador", sendo que a palavra hebraica traduzida por "pregador"- קהלת - qôheleth - é intraduzível nas línguas ocidentais.
A NVI traduz por "mestre". As Bíblias católicas preferem não traduzir o termo hebraico. A Bíblia do Peregrino e a de Jerusalém colocam o nome Coélet e a Tradução Ecumênica prefere Qohélet.
Trata-se de uma palavra feminina que significava, basicamente, o ato de uma pessoa que convocava uma assembléia, uma reunião popular nas vilas e cidades, com a intenção de se dirigir aos demais mediante um discurso ou uma espécie de aula pública.
Podemos imaginar, portanto, que a idéia por trás da palavra qôheleth está ligada à Sabedoria, que convocaria os leitores a ouvir as suas lições numa "assembleia" (קהל - qahal, em hebraico; εκκλησία - ekklēsia - em grego), segundo a imagem que Provérbios 1:20-21 mostra, ou seja, que "grita na rua a Sabedoria, nas praças, levanta a voz; do alto dos muros clama, à entrada das portas e nas cidades profere as suas palavras".
Quando o Velho Testamento foi traduzido do hebraico para o grego, pelos 70 sábios judeus de Alexandria, formando a versão conhecida por Septuaginta, do século II ao I a. C., a palavra qôheleth, na falta de equivalente em grego (e com base em ekklēsia) foi traduzida por Ἐκκλησιαστοῦ - ekklesiasthv – que chegou até nós como Eclesiastes.
Naquele tempo ainda não existia a palavra (ou pelo menos a idéia de) "igreja", outra tradução possível para ekklēsia a partir do início do cristianismo.
Entretanto, não se deve confundir Eclesiastes com dois livros deuterocanônicos (ou apócrifos) que constam da Bíblia católica: o Eclesiástico e a Sabedoria de Salomão.
Este último foi escrito originalmente em grego por judeus que moravam em Alexandria, no Egito, no século I a. C., sendo a referência a Salomão um mero recurso literário para dar autoridade aos provérbios colecionados no livro.
Já o Eclesiástico (ou Sirácida) foi escrito por um judeu chamado Jesus, filho de Sirach, por volta do ano 185 a. C., sendo traduzido para o grego por seu neto e incorporada na Septuaginta no século seguinte.
O fato de ter sido bastante usado no começo da igreja cristã fez com que recebesse o nome de Eclesiástico, aí já com ekklēsia no sentido de "igreja". Esses dois livros não foram aceitos como canônicos pelos judeus e pelos protestantes.
Nunca houve discussão em relação à canonicidade do livro de Eclesiastes. Houve, sim, em relação ao livro de Eclesiástico, que consta apenas da Bíblia católica, e não tem nada a ver com Salomão.
Mesmo os católicos consideram Eclesiástico um livro "deutero-canônico". "Deutero" é um prefixo que quer dizer "segundo", ou seja, só numa segunda época da História é que alguns livros, como o Eclesiástico, foram considerados canônicos por uma determinada igreja, no caso a católica, já que os judeus não os consideravam assim, e nem os protestantes a partir do século XVI.
É importante destacar que, mesmo no início da igreja cristã, muitos pais da igreja não consideravam esses livros canônicos. Por isso, a própria igreja católica faz esta distinção.
Mesmo os católicos consideram Eclesiástico um livro "deutero-canônico". "Deutero" é um prefixo que quer dizer "segundo", ou seja, só numa segunda época da História é que alguns livros, como o Eclesiástico, foram considerados canônicos por uma determinada igreja, no caso a católica, já que os judeus não os consideravam assim, e nem os protestantes a partir do século XVI.
É importante destacar que, mesmo no início da igreja cristã, muitos pais da igreja não consideravam esses livros canônicos. Por isso, a própria igreja católica faz esta distinção.
Considerando as fases da vida de Salomão, tudo indica que a sequência tenha sido: Cantares na juventude, Provérbios na maturidade e Eclesiastes na velhice.
Há uma evidência interna da Bíblia, inclusive: 1ª Reis 4:32 diz que Salomão compôs 3.000 provérbios e 1.005 cânticos.
Entretanto, o livro de Provérbios contém algo entre 900 e 923 provérbios de Salomão.
Muitos se perderam pelo caminho, na poeira dos séculos, e outros foram compostos por terceiros, como Agur (cap. 30) e Lemuel (cap. 31).
De fato, foi Salomão que compôs a maioria dos provérbios, mas eles foram coletados e reunidos sistematicamente num livro apenas após o retorno do cativeiro babilônico, no século VI a. C., sendo impossível no momento saber em que data ele chegou à conformação atual.
Cantares, aparentemente, manteve o mesmo formato desde o século X a. C., ou seja, tudo indica que guarde as mesmas palavras que Salomão proferiu ou registrou.
Tudo isto, entretanto, não pode tirar de nós a convicção de que o Espírito Santo realmente inspirou tanto os escritores como os compiladores desses livros, pois Deus age na História, no meio dos fragmentos das intervenções humanas, juntando os cacos das guerras e catástrofes naturais, para trazer esses textos até nós, tais quais os recebemos.
Há uma evidência interna da Bíblia, inclusive: 1ª Reis 4:32 diz que Salomão compôs 3.000 provérbios e 1.005 cânticos.
Entretanto, o livro de Provérbios contém algo entre 900 e 923 provérbios de Salomão.
Muitos se perderam pelo caminho, na poeira dos séculos, e outros foram compostos por terceiros, como Agur (cap. 30) e Lemuel (cap. 31).
De fato, foi Salomão que compôs a maioria dos provérbios, mas eles foram coletados e reunidos sistematicamente num livro apenas após o retorno do cativeiro babilônico, no século VI a. C., sendo impossível no momento saber em que data ele chegou à conformação atual.
Cantares, aparentemente, manteve o mesmo formato desde o século X a. C., ou seja, tudo indica que guarde as mesmas palavras que Salomão proferiu ou registrou.
Tudo isto, entretanto, não pode tirar de nós a convicção de que o Espírito Santo realmente inspirou tanto os escritores como os compiladores desses livros, pois Deus age na História, no meio dos fragmentos das intervenções humanas, juntando os cacos das guerras e catástrofes naturais, para trazer esses textos até nós, tais quais os recebemos.
Leia, a seguir, Eclesiastes - capítulo 1