A Folha de S. Paulo traz hoje, em chamada de topo de primeira página, com foto da cantora em destaque, a notícia que deve abalar as estruturas do circuito feijão-com-arroz brasileiro: "Ícone gay, cantora Ana Carolina diz que agora quer namorar um homem". Sim, amigos, parai as vossas rotativas pois eis aí uma notícia de supremo interesse para a parcela da humanidade que (não) escolheu viver no Brasil. A coluna da Mônica Bergamo, que já teve ótimas entrevistas (e dias melhores), hoje se preocupa em dar essa feliz notícia para os homens que querem namorar uma cantora da MPB. E Ana Carolina parece querer se firmar no cenário pop nacional mais por suas variantes sexuais do que propriamente por sua música. Afinal, em 2005, ela foi capa da Veja, quando se revelou bissexual, como se isso à época fosse notícia que realmente interessasse ao nosso combalido cenário artístico.
Acho que a Ana Carolina é até uma boa cantora (lendo-se "boa" como "talentosa", ok!), mas nada além disso. O que me espanta é que ela apareça mais na mídia como disponível para novas possibilidades sexuais do que pelo conjunto da sua obra. Na verdade, não deveria me espantar. Afinal, vivemos num mundo em que o consumismo é a lei, e a sexualidade ainda guarda uma certa aura de transgressão, do "pecado de todos nós", mas eu lamento que a Ana Carolina ainda se preste a dar vazão a esse instinto mórbido da mídia em satisfazer o não menos mórbido interesse do público em saber quem seu ídolo leva para a alcova. Fico a imaginar daqui a uns 20, 30 anos, quando alguém se interessar pelo curriculum da cantora, perceber que seu grande "legado" para a arte nacional foi ter sua sexualidade escancarada como destaque de capa em dois dos principais meios de comunicação do país.
Acho que a Ana Carolina é até uma boa cantora (lendo-se "boa" como "talentosa", ok!), mas nada além disso. O que me espanta é que ela apareça mais na mídia como disponível para novas possibilidades sexuais do que pelo conjunto da sua obra. Na verdade, não deveria me espantar. Afinal, vivemos num mundo em que o consumismo é a lei, e a sexualidade ainda guarda uma certa aura de transgressão, do "pecado de todos nós", mas eu lamento que a Ana Carolina ainda se preste a dar vazão a esse instinto mórbido da mídia em satisfazer o não menos mórbido interesse do público em saber quem seu ídolo leva para a alcova. Fico a imaginar daqui a uns 20, 30 anos, quando alguém se interessar pelo curriculum da cantora, perceber que seu grande "legado" para a arte nacional foi ter sua sexualidade escancarada como destaque de capa em dois dos principais meios de comunicação do país.
Talvez eu esteja ficando velho demais (talvez não, eu envelheci mesmo), mas eu me lembro de tantas cantoras magníficas que esse país já teve (e algumas ainda estão aí), cujo apogeu eu pude acompanhar, ainda que moleque, como Gal, Bethania, Elis, Clara, Maysa, Rita, Simone, ou mesmo mais recentes, como a Cássia Eller (que nos deixou tão cedo), e a simpática Zélia Duncan, tão diferente da insípida Marisa Monte, só pra citar algumas que me vêm a memória rapidamente. Pode ser que a Folha goste tanto de repetir esta palavra "homoerotismo", que toda edição de domingo tenha que trazer algo do tipo. Talvez seja este mau gosto a que a música brasileira foi condenada após atingir o Olimpo, com axés, sertanejos e pagodes a torrar nosso... perdão... nossa paciência, ou que as pernas da Ivete Sangalo e da Cláudia Leite vendam tantos CD's como Playboy's. Talvez seja porque as cantoras desse "antigamente" - que não é tão antigo assim - tenham colocado a MPB num patamar tão alto que hoje é inalcançável; logo, o B da sigla tem que ser trocado. Então, amigos, que nos contentemos com o que temos, mas eu confesso que o que eu tenho mesmo é uma saudade imensa daqueles tempos em que a mídia se preocupava mais com o que a cantora fazia em cima do palco do que na cama.
Sabe o que é? Falar de coisa que exercite a mente do povo não é bom pra eles... Então preferem satisfazer a curiosidade. Também acho lamentável que a Ana Carolina se preste a isso. Mas ñ a considero nem boa cantora, hehe. E não acho que temos que nos conformar com o que temos. Não com as coisas ruins... Tem muita coisa boa por aí, mas estão escondidinhas, rs. E, por incrível que pareça, apesar de ñ ter vivido na época da maioria das cantoras de renome da MPB, cresci ouvindo por causa do meu pai, então tb tenho saudades...
ResponderExcluirTé.
Maysa com "y"
ResponderExcluirCorrigido... obrigado!
ResponderExcluirela se presta a esse papel porque está rendendo na conta bancaria dela, esta é a resposta
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