No Forum Atos, estamos debatendo sobre essa circunstância atual, bem pós-moderna, de ateus defenderem uma ideologia de direita, contra todo o passado esquerdista do grupo.
O Jeanioz rebateu dizendo que "os ateus nunca vão se unir sob uma mesma ideologia (seja de esquerda, de centro ou de direita). É um dos efeitos colaterais do pensamento-livre."
O Jeanioz rebateu dizendo que "os ateus nunca vão se unir sob uma mesma ideologia (seja de esquerda, de centro ou de direita). É um dos efeitos colaterais do pensamento-livre."
Respondi que não estou falando de união de ideologia, até porque "pensamento livre" não funciona só para ateu, mas para todo ser humano.
Aliás, "pensamento livre" é mais um daqueles jargões que todo mundo fala e ninguém define, porque é indefinível por natureza. O dia em que o definirem, ele será escravizado.
O mundo das idéias e dos confrontos ideológicos, tais como os conhecemos hoje, é produto do século XIX, e, ao que parece, é um artigo em extinção.
Ideologia é um conceito do século XIX, também, e esses conceitos de "direita" e "esquerda" também são frutos da Revolução Francesa, assim como o Terceiro Mundo, ou Terceiro Estado, abaixo da nobreza e do clero (os dois primeiros Estados pré-Revolução).
Até então, e por muito tempo depois, a realeza sempre esteve ligada à Igreja, e o rompimento com a Igreja foi uma das conseqüências da Revolução Francesa.
O ateísmo sempre existiu, mas ganhou força a partir de então, seja com o materialismo dialético de Marx-Engels, seja com as muitas tendências de esquerda que se formara.
O próprio conceito (também vago) de humanismo sempre se identificou com as propostas de esquerda, proletárias, socialistas e anti-capitalistas.
A Guerra Civil espanhola, da década de 1930, é um exemplo triste de como essas forças se confrontaram. De um lado, a direita religiosa capitaneada por Franco e a esquerda materialista espanhola, ajudada pelos voluntários esquerdistas do mundo todo.
É claro que havia gatos pingados de todos os matizes envolvidos em ambos os lados, mas foi nesse contexto que surgiu a Opus Dei, de direita, contra os ateus comunistas.
Este "alistamento compulsório" de religiosos na direita e de ateus na esquerda perdurou por quase todo o século XX, e hoje eu confesso que fico tremendamente surpreso ao ver como existem ateus defendendo posições que ficariam muito mais "adequadas" na boca da Opus Dei.