O Gustavo, do site E-Cristianismo (e também editor deste blog), está traduzindo e publicando a obra "A Arte do Divino Contentamento", de Thomas Watson (1620-1686), um dos clássicos da teologia puritana, de leitura altamente recomendável e necessária nesses tempos conturbados que atravessa a igreja evangélica brasileira, obra da qual transcrevo o primeiro capítulo abaixo:
Capítulo 1 – A introdução ao textoEstas palavras são trazidas por meio de prolepse para antecipar e prevenir uma objeção. O apóstolo deixou, nos versos anteriores, muitas sérias e celestiais exortações: entre elas, "não andar cuidadoso por coisa alguma". Não para excluir, um cuidado prudente; pois, aquele que não provê para seu próprio lar, "tem negado a fé, e é pior que um infiel" (1 Tm 5:8). Nem, um cuidado religioso; pois nós devemos dar toda "diligência para fazer firme nossa vocação e eleição" (2 Pd 1:10). Mas, para excluir todo cuidado ansioso sobre coisas e eventos; "não estejais ansiosos por sua vida, do que vocês deverão comer" (Mt 6:25). E neste sentido deveria ser o cuidado de um cristão, de não ser cuidadoso. A palavra cuidadoso no grego vem de um primitivo, que significa "cortar o coração em pedaços", um cuidado que divide a alma, preste atenção nisto. Nós somos instados a "entregar nosso caminho ao Senhor" (Sl 37:5); a palavra hebraica é, "girar teus caminhos para o Senhor". É nosso trabalho afastar o cuidado (1 Pd 5:7); e é o trabalho de Deus tomar cuidado.
Por nossa imoderação nós tomamos o trabalho de Suas mãos. Cuidado, quando é excêntrico, não confiável ou que distrai, é muito desonroso para Deus. Ele afasta Sua providência, como se Ele se sentasse no céu e não se importasse com o que acontece aqui embaixo; como um homem que faz um relógio, e então o abandona à própria sorte. Cuidado imoderado afasta o coração de coisas melhores; e geralmente enquanto nós estamos pensando em que devemos fazer para viver, nós esquecemos como morrer. Cuidado é uma ferida espiritual que desperdiça e desanima; nós podemos por nosso cuidado mais rapidamente adicionar um estádio [medida de distância] ao nosso sofrimento do que um cúbito ao nosso conforto. Deus ameaça como se ele fosse uma maldição, "eles comerão seu pão com cuidado" (Ez 12:19). Melhor jejuar do que comer aquele pão. "Não andeis cuidadosos por coisa alguma".
Agora, para que ninguém diga, "Está bem, Paulo, você nos tem ensinado isto que você mesmo tem raramente aprendido; você não aprendeu a não ser cuidadoso?", o apóstolo parece tacitamente responder isto, nas palavras do texto: "Eu aprendi, seja qual for a situação que eu me encontre, a estar contente". Um discurso digno de ser gravado em nossos corações, e de ser escrito em letras de ouro nas coroas e diademas de príncipes.
O texto se ramifica nestas duas partes gerais: 1. O estudioso, Paulo; "Eu aprendi". 2. A lição; "ser contente em toda situação".
O segundo capítulo pode ser lido no site E-Cristianismo, bem como os seguintes que serão paulatinamente publicados