terça-feira, 26 de julho de 2011

Glenn Beck compara vítimas norueguesas à Juventude Hitlerista

O ativista mórmon Glenn Beck é um dos expoentes do conservadorismo norteamericano, que tinha até alguns meses atrás um programa seu na rede Fox News, de propriedade de Rupert Murdoch, recentemente envolvido no escândalo de escutas ilegais ("grampos") que acarretou o fechamento do tabloide britânico News of the World (do qual era também dono), além de tê-lo levado a depor no Parlamento do Reino Unido. 

Conhecido pela defesa dos princípios mais à direita do que já está na direita o Partido Republicano dos EUA, o que o levou a formular novas teorias da conspiração a cada programa seu no rádio ou na TV, Glenn Beck também faz questão de se apresentar como um brilhante líder religioso mórmon, nem que para isso tenha que fingir-se "especialista" no que não é, como quando desancou o Concílio de Niceia num programa de rádio de 27 de maio de 2010, misturando-o com os manuscritos do Mar Morto (Qumram), alegando que um havia sido substituído pelo outro, sem qualquer evidência histórica que sustentasse sua fantasiosa versão.

Suas reiteradas acusações infundadas contra tudo e todos terminaram gerando um boicote aos anunciantes do seu programa na Fox News, que não resistiu à metralhadora giratória inconsequente de seu apresentador e foi cancelado alguns meses atrás. 

Agora, só lhe resta o programa radiofônico, no qual ele comentou o recente ataque terrorista perpetrado por um fanático religioso conservador na Noruega, Anders Behring Breivik, agora conhecido como "o carniceiro de Oslo", segundo informa o jornal britânico The Guardian

Estranhamente, em vez de aproveitar a chance para desvincular seu pensamento extremista e condenar o ataque terrorista, Beck, ao que parece, joga a culpa nas vítimas inocentes, ao afirmar que não entende como jovens estavam reunidos na ilha de Utøya para um acampamento político, comparando-os com a Juventude Hitlerista, que também utilizava esse expediente nos mórbidos tempos da Alemanha nazista. 

Torbjørn Eriksen, antigo assessor de imprensa do primeiro-ministro da Noruega, Jens Stoltenberg, rebateu as críticas de Beck dizendo que já há 60 anos este acampamento é realizado, e nunca houve qualquer ameaça à democracia. 

Já na lógica enviesada e corrompida de Glenn Beck, jovens não podem se reunir para um congresso ou encontro político de qualquer matiz, sob pena de se equipararem a nazistas e serem alvejados por algum lunático religioso. 

Esquece-se convenientemente, entretanto, que o movimento conservador Tea Party dos EUA, do qual Beck é um dos incentivadores, também reúne jovens em muitos acampamentos por todo o país. 

O discurso distorcido de Glenn Beck é tudo o que o mundo não precisa num momento como este (e em todos os outros).

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