Talvez inspirado por seu mentor Morris Cerullo (e na ausência dele), o Silas Malafaia deu mais uma "inovada" neste último fim de semana. Conforme mostra o vídeo abaixo, premido pelas necessidades financeiras do mês de fevereiro (já que ele ainda não confirmou nem desmentiu se - de fato - comprou um avião), pediu mais dinheiro ao seu público, e já que o Cerullo não estava ali do lado pra fazer o papel da "profetada", o Malafaia "liberou uma palavra", dizendo que quem contribuísse com ele nesta semana ainda, teria o retorno de 100 vezes mais no prazo de 1 ano. Dizendo-se portador de uma "revelação especial" de Deus, Malafaia se propôs a orar por quem plantasse uma "sementinha" que fosse no ministério dele (veja o vídeo abaixo). Além disso, esta "semente" serviria para "proteger" os empregos e os negócios dos ofertantes de todos os gafanhotos do maligno, uma nova "simpatia evangélica" muito em voga hoje em dia.
A primeira coisa que chama a atenção é uma simples análise econômica. A economia é um dos frutos da inteligência que Deus deu ao homem para que administrasse com sabedoria as coisas desse mundo. Malafaia já disse várias vezes que tem que arcar com milhões de reais para manter seus programas no ar. Apenas para efeito de exercício mental, suponhamos que Malafaia arrecade 10 milhões de reais com esta "oferta especial". Imaginando que a "profecia" funcione, e considerando que a imensa maioria dos ofertantes é das classes média e baixa, no prazo de um ano 100 vezes mais, ou seja - 1 BILHÃO DE REAIS -, transferiria de mãos como que num passe de mágica, o que geraria dois sérios problemas econômicos:
1) este dinheiro sairia do bolso de outras pessoas e empresas, que teriam que cobrir o rombo com outras pessoas e empresas, num efeito cascata que terminaria gerando - na ponta - um empobrecimento maciço de boa parte da população brasileira, além da quebra de algumas empresas com o consequente desemprego que isto acarretaria;
2) se o dinheiro for aparecer, assim, do "nada", sem origem fática e palpável, isto injetaria na economia uma quantidade enorme de moeda - 1 BILHÃO DE REAIS - o que inevitavelmente geraria uma alta inflação, com os efeitos danosos já conhecidos por boa parte da população.
Aí alguém pode perguntar: agradaria a Deus que tudo isto acontecesse só pra sustentar o programa do Malafaia na televisão?
Do ponto de vista bíblico, como diria Arnaldo César Coelho, a regra é clara: "Como conheceremos a palavra que o Senhor não falou? Quando o tal profeta falar em nome do Senhor, e tal palavra se não cumprir, nem suceder assim, esta é palavra que o Senhor não falou" (Deuteronômio 18.21-22)". Logo, daqui a um ano, como é que saberemos se a "palavra liberada" por Malafaia se cumpriu? A única maneira de, digamos, aferir e conferir esta profecia seria termos dados objetivos e transparentes em que pudéssemos nos basear, o que nos defronta com dois novos problemas:
1) os ministérios evangélicos brasileiros primam pelo fato de não serem transparentes. Poucas igrejas efetivamente prestam contas das suas contas de maneira pública, auditada e confiável. Claro que há organizações evangélicas sérias que se preocupam com esta transparência, mas infelizmente são a exceção que envergonha a regra. Se até agora não sabemos exatamente quantos foram beneficiados pela "unção financeira dos 900 reais" do Cerullo, cujo prazo fatal era o final de 2009, não há qualquer razão para esperarmos que Malafaia preste conta da "unção dos 100" daqui a um ano;
2) é legítimo que os ofertantes não queiram divulgar os seus nomes ou os valores que contribuem. É garantia constitucional o direito à privacidade e é perfeitamente compreensível que pessoas sérias e corretas não queiram se expor ao escrutínio público de suas ofertas. De novo, como não há qualquer auditoria independente que ateste a lisura das contas e dos resultados, ficamos novamente num beco sem saída.
Desta maneira, tanto do ponto de vista econômico como bíblico, cada crente tem que recorrer a este precioso dom que Deus lhe deu: a inteligência. Na hora do aperto ou do apelo, é comum as pessoas se deixarem levar pelas emoções, mas o uso da razão é um recurso valioso demais para ser desprezado ou subutilizado quando se avalia as ações e as palavras de quem quer que seja. A "palavra liberada" por Malafaia fica, portanto, no limbo do comodismo: tanto faz como tanto fez. De qualquer maneira, ele não responderá pelo sucesso ou pelo fracasso do que disse, já que sempre lhe restará a desculpa-padrão de que o ofertante não teve fé suficiente para alcançar a promessa (se já não alcançaram com Cerullo, por que a alcançariam agora?). E muitos, movidos pela mórbida tentação do autoengano, aceitarão cegamente esta alegação. Para Malafaia, a única sanção que lhe pode ser aplicada é o juízo de valor de quem o segue. Afinal, se não há compromisso algum com a Bíblia e com o resultado da sua "profecia", o melhor termo para designá-la talvez fosse "reza braba".
A primeira coisa que chama a atenção é uma simples análise econômica. A economia é um dos frutos da inteligência que Deus deu ao homem para que administrasse com sabedoria as coisas desse mundo. Malafaia já disse várias vezes que tem que arcar com milhões de reais para manter seus programas no ar. Apenas para efeito de exercício mental, suponhamos que Malafaia arrecade 10 milhões de reais com esta "oferta especial". Imaginando que a "profecia" funcione, e considerando que a imensa maioria dos ofertantes é das classes média e baixa, no prazo de um ano 100 vezes mais, ou seja - 1 BILHÃO DE REAIS -, transferiria de mãos como que num passe de mágica, o que geraria dois sérios problemas econômicos:
1) este dinheiro sairia do bolso de outras pessoas e empresas, que teriam que cobrir o rombo com outras pessoas e empresas, num efeito cascata que terminaria gerando - na ponta - um empobrecimento maciço de boa parte da população brasileira, além da quebra de algumas empresas com o consequente desemprego que isto acarretaria;
2) se o dinheiro for aparecer, assim, do "nada", sem origem fática e palpável, isto injetaria na economia uma quantidade enorme de moeda - 1 BILHÃO DE REAIS - o que inevitavelmente geraria uma alta inflação, com os efeitos danosos já conhecidos por boa parte da população.
Aí alguém pode perguntar: agradaria a Deus que tudo isto acontecesse só pra sustentar o programa do Malafaia na televisão?
Do ponto de vista bíblico, como diria Arnaldo César Coelho, a regra é clara: "Como conheceremos a palavra que o Senhor não falou? Quando o tal profeta falar em nome do Senhor, e tal palavra se não cumprir, nem suceder assim, esta é palavra que o Senhor não falou" (Deuteronômio 18.21-22)". Logo, daqui a um ano, como é que saberemos se a "palavra liberada" por Malafaia se cumpriu? A única maneira de, digamos, aferir e conferir esta profecia seria termos dados objetivos e transparentes em que pudéssemos nos basear, o que nos defronta com dois novos problemas:
1) os ministérios evangélicos brasileiros primam pelo fato de não serem transparentes. Poucas igrejas efetivamente prestam contas das suas contas de maneira pública, auditada e confiável. Claro que há organizações evangélicas sérias que se preocupam com esta transparência, mas infelizmente são a exceção que envergonha a regra. Se até agora não sabemos exatamente quantos foram beneficiados pela "unção financeira dos 900 reais" do Cerullo, cujo prazo fatal era o final de 2009, não há qualquer razão para esperarmos que Malafaia preste conta da "unção dos 100" daqui a um ano;
2) é legítimo que os ofertantes não queiram divulgar os seus nomes ou os valores que contribuem. É garantia constitucional o direito à privacidade e é perfeitamente compreensível que pessoas sérias e corretas não queiram se expor ao escrutínio público de suas ofertas. De novo, como não há qualquer auditoria independente que ateste a lisura das contas e dos resultados, ficamos novamente num beco sem saída.
Desta maneira, tanto do ponto de vista econômico como bíblico, cada crente tem que recorrer a este precioso dom que Deus lhe deu: a inteligência. Na hora do aperto ou do apelo, é comum as pessoas se deixarem levar pelas emoções, mas o uso da razão é um recurso valioso demais para ser desprezado ou subutilizado quando se avalia as ações e as palavras de quem quer que seja. A "palavra liberada" por Malafaia fica, portanto, no limbo do comodismo: tanto faz como tanto fez. De qualquer maneira, ele não responderá pelo sucesso ou pelo fracasso do que disse, já que sempre lhe restará a desculpa-padrão de que o ofertante não teve fé suficiente para alcançar a promessa (se já não alcançaram com Cerullo, por que a alcançariam agora?). E muitos, movidos pela mórbida tentação do autoengano, aceitarão cegamente esta alegação. Para Malafaia, a única sanção que lhe pode ser aplicada é o juízo de valor de quem o segue. Afinal, se não há compromisso algum com a Bíblia e com o resultado da sua "profecia", o melhor termo para designá-la talvez fosse "reza braba".
Estimado Irmão! Eu penso que o desespero já está tomando conta do tal evangelista. É que muitos Cristãos acordaram, vendo que não ocorreu a tal profetada do Cerullo900. A arrecadação está caindo. Acorda, povo de Deus!
ResponderExcluirPrezado irmão Hélio,
ResponderExcluirsua postagem é muito boa. Estes já perderam a linha a muito tempo. Arrogar-se de profeta nunca foi característica de Malafáia. Talvez venha assumindo esta postura por ter um excelente professor, o Cerulo. Mas deixando essas mazelas de lado gostaria de ponderar somente duas coisas com sua permissão. O irmão afirma que: "Poucas igrejas efetivamente prestam contas das suas contas de maneira pública, auditada e confiável". Duas coisas:
1 - Não creio que poucas igreja façam isto. As igrejas históricas têm por tradição uma prestação de contas transparente e até chata de se escutar. Portanto, com sua permissão discordaria dessa sua afirmativa. Não podemos confundir os vários ramos da igreja no Brasil. Vale lembrar que as denominações históricas apresentam milhares de igrejas espalhadas pelo país. Claro que existem algumas que erram grotescamente, mas acredito que não seja sua maioria.
2- Auditagem em igreja implicaria em um orgão governamental que exigisse tal auditagem ou tipo um ministério. As empresas auditadas no Brasil são somente as S/A com ações na Bolsa por causa da CVM. As outras que somam milhões nunca passam por processo de auditagem. Se auditoria o irmão quis dizer uma comissão interna da igreja, acredito que grande parte das igrejas históricas às tem. Se algum dia for exigido auditagem externa nas igrejas essas quebrarão pelo altíssimo custo que teriam de arcar. Outro problema que isso levaria seria a mistura entre igreja e estado. Isso nunca seria salutar e benéfico para ambos. Talvez por vermos tantos descalabros em nosso meio, vira e mexe, surge alguém falando essas coisas.
Parabéns pela postagem. Vi o vídeo no último sábado, mas como estou cansado de falar dessas coisas não me animei a escrever. Mas ainda bem que o irmão o fez e o fez competentemente.
Um abraço
Em Cristo
Excelente texto!
ResponderExcluir=)
Eliel
www.elielvieira.org
Querido Pr. Luiz Fernando,
ResponderExcluirObrigado pelo comentário!
O irmão está, como sempre, coberto de razão. Realmente existem muitas igrejas sérias no Brasil entre os 7.000 joelhos que não se dobraram a Baal, e que prestam contas corretamente. Eu me permiti exagerar um pouco porque infelizmente não há pesquisas estatísticas que revelem qual a extensão desta prestação de contas, ou seja, quantas igrejas efetivamente a fazem. Assim, me deixei levar por uma impressão quantitativa daquilo que posso observar no meu dia-a-dia, porque a sociedade nos vê a todos indistintamente como "evangélicos", uma massa amorfa em que não se diferencia alhos de bugalhos - lamentavelmente. Portanto, o meu critério não é cientificamente válido, mas motivado pela quantidade de denominações que existem, com crentes nominais, e as práticas que cada uma delas adota, daí me parecer que as igrejas sérias neste aspecto - infelizmente, repito -, me parecerem minoria. A ressalva feita pelo irmão é muito bem-vinda.
Quanto à auditagem, a crítica feita pelo irmão é novamente muito bem-vinda. Eu sei que há muitas igrejas com comissões controladoras internas muito bem estruturadas, dentro das possibilidades de cada denominação. Creio que minha falha no texto foi não deixar claro que eu me referia à auditagem dessas "profecias", "visões", "desafios" e "campanhas" em que resultados são prometidos, recursos vultosos auferidos, e ninguém fica sabendo exatamente o que aconteceu, já que é lícito que os ofertantes tenham sua privacidade preservada. Nestes casos, que envolvem milhões de reais muitas vezes, creio que uma instituição séria teria condições de pagar uma auditoria independente para demonstrar publicamente a lisura de sua ação, mas sabemos que - infelizmente - esta não é a regra, e tanto o irmão como eu, que prezamos imensamente a seriedade e decência no trato das coisas de Deus, sofremos ao ver o Seu Santo Nome aviltado desta maneira.
Receba o meu abraço fraterno e a minha gratidão pelo seu apoio e suas críticas, que são um presente de Deus para mim!
ele é pilantra, ok. Acho q muito de nós sabemos e quem não sabe é pq não quer ver. Afinal, pra quem lançou a bíblia do milhão(destacando os textos sobre $$$$), falar em 100 vezes de retorno é mole.....TODAVIA....HEHEHE
ResponderExcluirO comentário economico pode (eu disse pode...veja bem) estar equivocado. Veja bem: Caso a classe média baixa ganhasse cem vezes mais do que elas depositaram quanto elas ganhariam? R$1.000,00? R$2.000,00? Okay pensemos em R$5.000,00(pensar em R$10.000,00 achei exagero entende...)? O máximo que dá pra fazer com isso é:
1- pagar umas dívidas (já q ser classe média significa justamente ter dívidas nesse montante) isso tornaria o crédito mais barato já que as empresas costumam vender suas dívidas para outras empresas.
2- Trocar um eletrodoméstico... sonho de mais da metade das donas de casa, aí se dividiriam entre os que querem comprar a tv lcd 32", geladeira, fogão etc...
3- Nada... isso mesmo nada... infelizmente não sabemos lidar com dinheiro e ganhá-lo em um ano significa que ele pode vir parcelado, o que significa que ele pode não ser realmente fazer diferença na renda, ok, sempre faz, mas nem sempre faz, ficou confuso? É só pensar em nós mesmos, se tivéssemos R$100,00 no bolso agora faríamos oq? Poupança, shopping, praia, ou outback? Honestidade na resposta hein....
O que pode acontecer????? Nada é a minha resposta, foi mal cara, achei o post muito bom, o vídeo tava hilário (tipo CQC) mas o argumento economico não se sustenta no Brasil. A economia é grande demais e teríamos que analisar as preferências das pessoas na hora de poupar... ou gastar... por isso eu aposto em nada... É só pensar em quantos milhões a caixa dá a ganhadores de sorteios e raspadinhas e etc... Eu não sei ao certo mas deve dar quase isso. Portanto...ele, o Malafaia é pilantra e cara-de-pau (isso não é palavrão)nem precisava de texto bíblico para EU dizer que este post é DE DEUS!!! hehehe
Olá, DCG!
ResponderExcluirObrigado pelo comentário!
A sua argumentação é válida ao se considerar o impacto individual de cada "semente". Não sei se fui claro no meu texto, mas eu estava me referindo ao conjunto dessas sementes todas, ou seja, um verdadeiro latifúndio com milhares e milhares (senão milhões) de ofertantes, e o impacto que esta massa de dinheiro - coletivamente considerada - teria na economia do país.
Em relação à loteria que você comentou, o dinheiro que entra das apostas termina empatando com o que sai nos prêmios, nas taxas e nos impostos recolhidos, além da parcela que fica com a própria CEF. Na segunda hipótese que comentei, este dinheiro não empataria com nada, seria como um passe de mágica, já que o pastor em questão "profetizou" que isso ocorreria, e aí sim teríamos uma hiperinflação.
Já na primeira hipótese, infelizmente muita gente tira dinheiro da luz, da água, da família, etc. para sustentar programas como esses, daí o empobrecimento generalizado, que individualmente considerado não tem impacto nenhum, mas com milhares (ou milhões) de pessoas perdendo parte da sua renda, este dinheiro deixa de ir para o consumo (por mínimo que seja) ou para a poupança, e se centraliza nas mãos de uma única pessoa, que obviamente tem seus fornecedores e contas a pagar, mas é um universo muito mais restrito (e muito menos gerador de riqueza) do que este mesmo dinheiro pulverizado na economia do país.
Realmente, economia é um papo fascinante, obrigado por repercuti-lo.
Graça e paz!
parabens pelo texto recheado de verdades
ResponderExcluirestes homens tiraram seus olhares da cruz de cristo, e voltara´se para si mesmo
para eles o evangelho deixou de ser Cristocentrico más Antropocentrico voltado para eles mesmo
porque o evangelho Crirtocentrico não traz lucro financeiramente falando. Jesus disse:Mt. 6. 19 Não ajunteis tesouros na terra, onde a traça e a ferrugem tudo consomem, e onde os ladrões minam e roubam;
20 Mas ajuntai tesouros no céu, onde nem a traça nem a ferrugem consomem, e onde os ladrões não minam nem roubam.
21 Porque onde estiver o vosso tesouro, aí estará também o vosso coração.