A dupla sertaneja gospel goiana (com o perdão da tripla redundância) até que canta bem, e pelo menos reconhece que ser crente hoje é fashion, ainda que a gente fique sem saber se a moda é de viola ou se tem muita gente dizendo que é crente porque "tá na moda". Isso me lembra um pastor humilde (coisa rara hoje em dia, não é mesmo?) de uma igreja que não revelarei o nome (porque pastor, mesmo de denominações pouco conhecidas naquela época, era pastor por vocação e não por cobiça), que participou de um concurso de músicas natalinas muito tempo atrás numa cidade do interior de São Paulo. A melodia era boa, mas o refrão simples causou risos contidos, troca de olhares espantados e constrangimento geral na plateia, além de ter deixado o júri em pânico. No final, ele ainda se zangou por ter ficado em último lugar e - na falta de alguém para desabafar - veio reclamar comigo:
Ele - Irmão, não entendo por quê fiquei em último lugar. A música era tão boa...
Eu - De fato, irmão, a música era boa, mas havia um "probleminha" com o refrão...
Ele [surpreso] - Havia? ... Qual?
Eu [um dia ele teria que saber!] - É que Jesus nasceu em Belém, e não em Jerusalém, irmão...
[constrangimento geral]
O pastor deu aquela famosa pausa do "caiu a ficha", engoliu em seco com o olhar perdido no infinito, depois balbuciou alguma coisa como "então tá..." e, muito humilde, enfiou a viola no saco e saiu rapidinho sem nem se despedir... eu fiquei com a consciência tranquila, afinal alguém tinha que fazer o "serviço sujo" de alertá-lo do "descuido bíblico" antes que a reputação dele fosse Jerusalém abaixo se ele insistisse em continuar cantando daquela maneira...