O vídeo abaixo já tinha feito muito sucesso (e causou polêmica) nos Estados Unidos, e agora está tendo o mesmo êxito no Brasil. Nele, Jefferson Bethke, que é uma espécie de rapper-evangelista (seja lá o que isto signifique), diz que ama Jesus mas odeia a religião. Bethke é membro da Mars Hill Church, a igreja pastoreada por Mark Driscoll, e já produziu outros vídeos interessantes, que talvez seja o caso de abordar em outro momento.
No vídeo em questão, ele vai até bem em algumas passagens, mas o seu discurso se perde no mesmo sentimentalismo religioso que ele condena. Um monte de versos inteligentes, bem rimados em inglês, que atacam a religião, especificamente o uso político que é feito dela pelo Partido Republicano dos EUA (a tradução da legenda para o português perde essa peculiaridade ao trocar "republicanos" por "conservadores"), um país onde ser "evangélico" é praticamente garantia de que a pessoa vai votar neles.
Entretanto, Bethke se perde em alguns momentos, como quando diz que "a religião diz escravo, Jesus diz filho", se esquecendo de que Paulo fazia questão de se apresentar como "escravo" (geralmente traduzido ao português por "servo") logo no início de suas cartas. O mesmo Paulo que, por sinal, insiste no ministério da reconciliação (da "religação") entre Deus e o homem (Romanos 5:11; 2 Coríntios 5:18-20; Efésios 2:16).
Este "ministério da reconciliação", por mais que Bethke pense diferente, não é feito diretamente por Deus, mas pelos seus "embaixadores", que são os crentes, através da... religião! Logo, é claro que há muitos erros e muita gente se perde nos meandros da religião institucionalizada, mas nem por isso ela deve ser execrada da maneira como Bethke faz em seu vídeo.
Tanto ele como Driscoll, quer gostem disso ou não, são produtos de uma religião institucionalizada ao longo dos milênios, de muitos embaixadores que, com todos os erros e defeitos tipicamente humanos, fizeram com que a mensagem do evangelho chegasse até eles. Fica parecendo, portanto, que Bethke está cuspindo no prato em que comeu, a pretexto de parecer "cool" ("jovem", "legal", "moderno" no jargão norteamericano) ao seu público.
No vídeo em questão, ele vai até bem em algumas passagens, mas o seu discurso se perde no mesmo sentimentalismo religioso que ele condena. Um monte de versos inteligentes, bem rimados em inglês, que atacam a religião, especificamente o uso político que é feito dela pelo Partido Republicano dos EUA (a tradução da legenda para o português perde essa peculiaridade ao trocar "republicanos" por "conservadores"), um país onde ser "evangélico" é praticamente garantia de que a pessoa vai votar neles.
Entretanto, Bethke se perde em alguns momentos, como quando diz que "a religião diz escravo, Jesus diz filho", se esquecendo de que Paulo fazia questão de se apresentar como "escravo" (geralmente traduzido ao português por "servo") logo no início de suas cartas. O mesmo Paulo que, por sinal, insiste no ministério da reconciliação (da "religação") entre Deus e o homem (Romanos 5:11; 2 Coríntios 5:18-20; Efésios 2:16).
Este "ministério da reconciliação", por mais que Bethke pense diferente, não é feito diretamente por Deus, mas pelos seus "embaixadores", que são os crentes, através da... religião! Logo, é claro que há muitos erros e muita gente se perde nos meandros da religião institucionalizada, mas nem por isso ela deve ser execrada da maneira como Bethke faz em seu vídeo.
Tanto ele como Driscoll, quer gostem disso ou não, são produtos de uma religião institucionalizada ao longo dos milênios, de muitos embaixadores que, com todos os erros e defeitos tipicamente humanos, fizeram com que a mensagem do evangelho chegasse até eles. Fica parecendo, portanto, que Bethke está cuspindo no prato em que comeu, a pretexto de parecer "cool" ("jovem", "legal", "moderno" no jargão norteamericano) ao seu público.
Inclusive muitos ateus perceberam esta contradição entre "amar Jesus" e "odiar a religião", porque eles constatam, com boa dose de razão, que não existe tanta diferença assim entre Jesus e religião. Isso não era problema algum para a Igreja primitiva. Cristo foi apresentado ao mundo por dois milênios através da religião, pois foi assim que o cristianismo foi visto desde os seus primórdios.
Por sinal, a primeira coisa que toda seita que se preze faz é atacar a "religião", como já dissemos aqui anteriormente no artigo "Essa tal religiosidade". Não existe nenhum mal intrínseco na religião. É até compreensível que, apesar da contradição apontada, os ateus se identifiquem com o discurso de Bethke, porque - de certa maneira - ele reforça o estereótipo com que os religiosos são vistos por eles.
Bethke, talvez de forma inadvertida, contribui enormemente com o discurso ateísta ao "odiar" a religião e presta um grande desserviço ao cristianismo. E faz isso principalmente porque o discurso que ataca a religião nunca deixa de ser - também - um discurso religioso.
Guardadas as devidas proporções, é a mesma coisa que uma pessoa que diz que odeia a política, mas nem por isso essa sua postura deixa de ser política, no caso, pelo ódio e pela omissão de decidir politicamente.
É provável que resida aí - na política - a chave para se entender a extensão e a profundidade do erro de avaliação de Jefferson Bethke: ele quis ser politicamente correto, fazendo um discurso bonitinho que joga para a plateia com a intenção (política) primeira de combater a imediata confusão que se faz, nos Estados Unidos, entre ser evangélico e republicano. Pelo jeito, errou o alvo e só reforçou a religião dos sem-religião, da qual ele agora também faz parte.
Por sinal, a primeira coisa que toda seita que se preze faz é atacar a "religião", como já dissemos aqui anteriormente no artigo "Essa tal religiosidade". Não existe nenhum mal intrínseco na religião. É até compreensível que, apesar da contradição apontada, os ateus se identifiquem com o discurso de Bethke, porque - de certa maneira - ele reforça o estereótipo com que os religiosos são vistos por eles.
Bethke, talvez de forma inadvertida, contribui enormemente com o discurso ateísta ao "odiar" a religião e presta um grande desserviço ao cristianismo. E faz isso principalmente porque o discurso que ataca a religião nunca deixa de ser - também - um discurso religioso.
Guardadas as devidas proporções, é a mesma coisa que uma pessoa que diz que odeia a política, mas nem por isso essa sua postura deixa de ser política, no caso, pelo ódio e pela omissão de decidir politicamente.
É provável que resida aí - na política - a chave para se entender a extensão e a profundidade do erro de avaliação de Jefferson Bethke: ele quis ser politicamente correto, fazendo um discurso bonitinho que joga para a plateia com a intenção (política) primeira de combater a imediata confusão que se faz, nos Estados Unidos, entre ser evangélico e republicano. Pelo jeito, errou o alvo e só reforçou a religião dos sem-religião, da qual ele agora também faz parte.
Veja atualização de 11/02/12 - Money > Jesus > Religion