Tem gente que se supera na terrível arte de odiar o próximo, e - pior - invocando a religião para expressar e espalhar a sua tragédia pessoal, segundo noticia o Opera Mundi:
Projeto de Lei no Tennessee quer liberar bullying contra gays por “razões religiosas”
Projeto foi elaborado logo após suicídio de adolescente homossexual que deixou escola por inúmeras ofensas
Um projeto de lei no estado norte-americano do Tennessee pode permitir o bullying contra estudantes gays caso os ofensores aleguem razões religiosas.
A proposta de mudança na lei anti-bullyng do Estado, elaborada por legisladores locais, permitiria que estudantes pudessem criticar a homossexualidade diante de outros estudantes gays, caso isto faça parte de sua doutrina religiosa. Pelo projeto de lei, o agressor só não poderia ameaçar o agredido ou danificar sua propriedade. O congresso estadual está em recesso e o projeto ainda não começou a tramitar.
O projeto de Lei começou a tramitar menos de um mês após um caso de homofobia que ganhou destaque na mídia local. O adolescente Jacob Rogers se suicidou em dezembro porque não suportava mais as ofensas pelas quais era submetido na escola em razão de sua sexualidade.
O projeto é incentivado pela associação ultraconservadora Fact (Conselho de Ação pela Família do Tennessee, em português). O grupo, presidido pelo ex-senador republicano David Fowler, emitiu uma nota em seu site no mês de dezembro apoiando o projeto “para proteger a liberdade religiosa e o direito de expressão para estudantes que queiram expressar suas visões sobre a homossexualidade”.
Fowler diz que o objetivo da lei deveria ser apenas combater o bullying, e não “criar classes especiais de pessoas mais importantes do que outras”. O ex-senador disse ainda, na época da morte de Rogers, em entrevista ao Nashville Scene, que o próprio garoto foi o culpado por sua morte, acusando-o de abusar de drogas, álcool e por possuir um distúrbio alimentar.
Já ativistas do grupo Projeto de Igualdade para o Tennessee afirmam que a mudança proposta iria permitir que alguns estudantes pudessem esconder seus preconceitos irracionais em uma crença religiosa extrema.
“Esse tipo de legislação pode mandar a mensagem de que é permitido odiar e ainda dará uma razão religiosa para isso”, disse o advogado Chris Sanders à rede de TV local WSMV. “E quando um estudante chama outro de pecador, ou sodomita ou diz que você é pervertido, ou anti-natural e que vai para o inferno? É aí que está o verdadeiro risco”.
Fowler, na ocasião, em entrevista ao Nashville Scene, culpou o próprio Rogers por sua morte, acusando-o de abusar de drogas, álcool e por possuir um distúrbio alimentar.