quarta-feira, 7 de março de 2012

Veredito oficial sobre autenticidade de relíquias bíblicas sai no dia 14 de março

Quem nunca ouviu falar do ossuário de Tiago? Foi em 2002 que a notícia de sua descoberta causou grande alegria em cristãos, enquanto despertou a desconfiança em vários céticos. Afinal de contas, este ossuário que trazia as inscrições "Tiago, Filho de José, irmão de Jesus" era uma grande evidência da historicidade de Jesus Cristo, além de outras que possuímos (e que foram muito bem analisadas por Marcelo Berti, cujos textos estão disponíveis no site e-cristianismo). Não demorou muito, no entanto, para questionarem a autenticidade daquela inscrição. Desde então, o simples questionamento foi usado como argumento pelos ateus, como se a história deste ossuário tivesse terminado por ali mesmo.

Mas tal descoberta não poderia deixar de gerar controvérsias, chegando a proporções que não eram imaginadas até então. Foi em dezembro de 2004 que o IAA (Israel Antiquities Authority) e o Estado de Israel abriram processo contra Oded Golan e quatro judeus que vendem antiguidades. Três destes judeus foram retirados do processo logo no início, ficando apenas Golan e Robert Deutsch, o maior vendedor de antiguidades de Israel, e também especialista em epigrafia. Eles foram indiciados por produzir e vender artefatos antigos falsos, entre eles, o ossuário de Tiago. Outros dois artefatos muito importantes estão sendo investigados pelo tribunal: uma romã de marfim, com as inscrições "[Pertencendo] à Casa [Templo] de [Yavé]h; sagrado aos sacerdotes" e uma tábua de pedra conhecida como Tábua de Joás. Assim, para provarem sua inocência, Oded Golan e Robert Deutsch devem provar que estes artefatos são autênticos. E é por isto que uma discussão arqueológica está sendo conduzida por um tribunal de Israel.

Se a autenticidade destes três artefatos for demonstrada, teremos então três artefatos arqueológicos de valor inestimável. A romã de marfim é talvez a cabeça de um cetro de um sacerdote do primeiro templo de Salomão. Já a Tábua de Joás seria uma inscrição real com 15 linhas de texto hebraico, descrevendo a reforma no templo de Salomão conduzida por Joás. Seu texto é muito parecido com o texto de 2 Reis 12:5-13. O primeiro artefato comprovaria a existência do templo de Salomão, o segundo além de fazer isto, também é a primeira inscrição real que temos do reino de Judá (e um paralelo bíblico do ano de 900 a.C.).

É muito clara, portanto, a importância deste julgamento, não apenas para a arqueologia, mas também para a comprovação arqueológica de muitos dados bíblicos. E dada tal importância, não é de se surpreender que o julgamento tenha durado mais de 7 anos, tendo 116 audições onde 138 testemunhas foram ouvidas. Mais de 12000 páginas de transcrições foram escritas e centenas de opiniões de especialistas, relatórios científicos e outras exposições foram apresentadas à corte. A lista de testemunhas inclui 52 especialistas em vários campos (pátina de pedra, arqueometria, geologia, geoquímica, biogeologia, isótopos estáveis, datação de carbono, preservação de antigos objetos de pedra, inscrição em pedra, restauração, ciência forense, arqueologia, paleografia, epigrafia, linguagens semíticas, pesquisa bíblica, fotografia), além de 36 vendedores de antiguidades, colecionadores, conservadores, empregados de museus e empregados de leilões. Este não é um julgamento comum: há uma grande quantidade de especialistas e cientistas envolvidos nesta discussão.
E depois de todo este tempo, a Biblical Archaeology Society traz a notícia que o veredito deste julgamento finalmente será dado no próximo dia 14 de março. Qual será então este veredito? Há realmente grande expectativa de que os três itens sejam considerados autênticos.

Dos três itens, o ossuário de Tiago é o mais comentado. Antes do julgamento era consenso entre todos de que o ossuário em si era autêntico, ficando-se a dúvida apenas sobre a inscrição. O paleógrafo e arqueólogo, Prof. Andre Lemaire, especialista em inscrições hebraicas e aramaicas antigas, examinou a inscrição em 2002. Para ele a inscrição por completo é antiga e feita em um único evento. O Prof. Hagai Misgav que é especialista em inscrições de ossuários e fez seu doutorado com base neste ossuário, testificou que ele não encontrou nenhuma indicação de falsificação na inscrição. Ambos são testemunhas de acusação, e não são as únicas testemunhas favoráveis à autenticidade da inscrição entre elas.

Os resultados químicos são ainda mais interessantes. Orna Cohen que é arqueologista e química, testificou que analisou a inscrição do ossuário várias vezes e em várias condições de luz diferente, sob várias magnificações, quase examinando letra por letra. Ela testifica que ela achou bio-pátina natural em vários traços de letras da inscrição "irmão de Jesus" que se desenvolveu nos lados e no fundo durante séculos. Com isto ela chega à conclusão que as palavras "irmão de Jesus" foram inscritas em tempos bem antigos. Além disto, ela observa que a bio-pátina dentro das letras é idêntica à da parte de fora do ossuário, cuja autenticidade não era questionada. Uma lista extensa de especialistas também chegaram a pareceres favoráveis à autenticidade do ossuário, sendo eles testemunhas da acusação ou não.

Em resumo, a acusação não conseguiu apresentar uma simples testemunha que fosse especialista em itens de pedra antigos, que provasse que o ossuário não é autêntico. Foram necessários então mais de sete anos para chegar a um veredito sobre estes artefatos, depois de muito estudo e pesquisa, enquanto a militância ateísta considerou o ossuário falso assim que surgiram os primeiros questionamentos (o que é bem natural no campo da ciência). Se o veredito for favorável à autenticidade destes artefatos, o que farão estes ateus, sempre dispostos a defender a ciência quando a discussão é a evolução? Saberemos muito em breve...



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