Parte 4 - O dízimo e os excluídos
por Richard Foster
Nos regulamentos relacionados ao dízimo podemos ver a preocupação especial de Deus com os indefesos e os necessitados, que é sempre um ingrediente importante na simplicidade. A cada três anos, o dinheiro do dízimo devia ser juntado e usado especificamente para aqueles que eram incapazes de cuidar de si mesmos. “Ao fim de cada terceiro ano levarás todos os dízimos da tua colheita do mesmo ano, e os depositarás dentro das tuas portas. Então virá o levita (pois nem parte nem herança tem contigo), o peregrino, o órfão, e a viúva, que estão dentro das tuas portas, e comerão, e fartar-se-ão; para que o Senhor teu Deus te abençoe em toda obra que as tuas mãos fizerem” (Deuteronômio 14:28-29). Em uma sociedade agrária, a terra era o meio principal de sustento, e assim o levita e o estrangeiro ficavam de fora do meio normal de ganhar a vida. Na cultura patriarcal, os órfãos e as viúvas também ficavam de fora dos meios normais de sustento. Dada a estrutura da cultura judaica naquele período, estes quatro grupos de pessoas eram os menos capazes de cuidar de si mesmos. E devido ao interesse compassivo de Deus para com eles, esta provisão foi escrita no dízimo.
Faríamos bem em considerar, dado o estado da sociedade moderna, se há pessoas hoje que equivalem aos levitas, aos estrangeiros, aos órfãos e às viúvas. Pela própria natureza da nossa cultura, há grupos que ficam de fora dos meios normais de renda para sustento próprio? Se há, será que o restante de nós não tem obrigação de responder à sua necessidade?
Deveria ser notado que o Novo Testamento não usa o dízimo nem as primícias. Jesus tinha uma porção de coisas a dizer sobre a nossa atitude para com os bens materiais, mas menciona o dízimo apenas duas vezes, em ambos os casos negativamente (Lc 18:21, Mt 23:22). O apóstolo Paulo teve uma porção de coisas a dizer sobre dar, mas qualquer referência à lei do dízimo está notoriamente ausente. Nem Jesus nem Paulo jamais fez do dízimo a base para a administração cristã dos bens materiais.
Talvez o patriarca Abraão devesse ser o paradigma para a nossa compreensão do princípio de generosidade. Ali estava um homem a quem foi dada grande riqueza. Contudo, nunca foi uma riqueza a ser acumulada; antes, foi livremente repartida com o clã. De fato, Abraão demonstrou uma postura incomum de tranquila indiferença para com os bens materiais. Quando o espírito cobiçoso de Ló os colocou em conflito, Abraão literalmente deu-lhe o direito de escolher a terra que quisesse (Gn 13:5-12). De graça ele recebeu, de graça deu.
(FOSTER, Richard. Celebração da Simplicidade. Campinas: United Press, 1999, pp. 38-39)
Faríamos bem em considerar, dado o estado da sociedade moderna, se há pessoas hoje que equivalem aos levitas, aos estrangeiros, aos órfãos e às viúvas. Pela própria natureza da nossa cultura, há grupos que ficam de fora dos meios normais de renda para sustento próprio? Se há, será que o restante de nós não tem obrigação de responder à sua necessidade?
Deveria ser notado que o Novo Testamento não usa o dízimo nem as primícias. Jesus tinha uma porção de coisas a dizer sobre a nossa atitude para com os bens materiais, mas menciona o dízimo apenas duas vezes, em ambos os casos negativamente (Lc 18:21, Mt 23:22). O apóstolo Paulo teve uma porção de coisas a dizer sobre dar, mas qualquer referência à lei do dízimo está notoriamente ausente. Nem Jesus nem Paulo jamais fez do dízimo a base para a administração cristã dos bens materiais.
Talvez o patriarca Abraão devesse ser o paradigma para a nossa compreensão do princípio de generosidade. Ali estava um homem a quem foi dada grande riqueza. Contudo, nunca foi uma riqueza a ser acumulada; antes, foi livremente repartida com o clã. De fato, Abraão demonstrou uma postura incomum de tranquila indiferença para com os bens materiais. Quando o espírito cobiçoso de Ló os colocou em conflito, Abraão literalmente deu-lhe o direito de escolher a terra que quisesse (Gn 13:5-12). De graça ele recebeu, de graça deu.
(FOSTER, Richard. Celebração da Simplicidade. Campinas: United Press, 1999, pp. 38-39)