Parte 5 - O clamor por justiça
por Richard Foster
O chamado à justiça é um dos grandes temas que ecoam por toda a Antiga Aliança. É a palavra hebraica mishpat (משׁפּט) que nos oferece uma percepção desse clamor por justiça. Ela era uma palavra frequentemente usada, rica de significado; um termo legal que também trazia em si conotações éticas e religiosas. Mishpat envolvia uma moralidade acima e além da justiça legal limitada. Ela incluía a observância dos bons costumes ou práticas estabelecidas, especialmente a prática de uma distribuição equitativa da terra. Era usada tão constantemente em conjunção com a palavra hebraica para justiça que o estudioso bíblico Volkmar Herntrich acredita que os dois conceitos deveriam ser vistos como virtualmente sinônimos. Isto é visto vividamente no apelo apaixonado de Amós: “Antes corra o juízo como as águas, e a justiça como ribeiro perene” (Am 5:24).
Em Deuteronômio lemos que Jeová “faz justiça ao órfão e à viúva, e ama o estrangeiro, dando-lhe pão e vestes” (Dt 10:18). E mais uma vez o salmista declara: “O Senhor faz justiça, e julga todos os oprimidos” (Sl 103:6).
Esta justiça envolvia a sabedoria de produzir relacionamentos equilibrados, harmoniosos entre as pessoas. Salomão orou para receber sabedoria para governar o povo e Deus respondeu: “Pediste entendimento, para discernires o que é justo [mishpat]” (1 Reis 3:11).
Líderes políticos deveriam exercer esta qualidade de compaixão ética em favor de todo o povo. Miquéias acusa os governantes de Israel de canibalismo econômico por sua injustiça brutal. “Comeis a carne do meu povo” e “os repartis como para a panela e como carne no meio do caldeirão”, lamenta Miquéias (Mq 3:1-3). Jeremias ficou desconsolado por não poder encontrar a justiça em parte alguma de Jerusalém, embora ela fosse procurada em todas as ruas (Jr 5:1).
Havia advertências repetidas contra a falha de prover justiça: “Maldito aquele que perverter o direito do estrangeiro, do órfão e da viúva” (Dt 27:19). Grande era a bênção prometida àqueles que de fato exercessem a justiça: “Bem-aventurado aquele... que faz justiça aos oprimidos e dá pão aos que têm fome” (Sl 146:5-7).
(FOSTER, Richard. Celebração da Simplicidade. Campinas: United Press, 1999, pp. 39-40)
por Richard Foster
O chamado à justiça é um dos grandes temas que ecoam por toda a Antiga Aliança. É a palavra hebraica mishpat (משׁפּט) que nos oferece uma percepção desse clamor por justiça. Ela era uma palavra frequentemente usada, rica de significado; um termo legal que também trazia em si conotações éticas e religiosas. Mishpat envolvia uma moralidade acima e além da justiça legal limitada. Ela incluía a observância dos bons costumes ou práticas estabelecidas, especialmente a prática de uma distribuição equitativa da terra. Era usada tão constantemente em conjunção com a palavra hebraica para justiça que o estudioso bíblico Volkmar Herntrich acredita que os dois conceitos deveriam ser vistos como virtualmente sinônimos. Isto é visto vividamente no apelo apaixonado de Amós: “Antes corra o juízo como as águas, e a justiça como ribeiro perene” (Am 5:24).
Em Deuteronômio lemos que Jeová “faz justiça ao órfão e à viúva, e ama o estrangeiro, dando-lhe pão e vestes” (Dt 10:18). E mais uma vez o salmista declara: “O Senhor faz justiça, e julga todos os oprimidos” (Sl 103:6).
Esta justiça envolvia a sabedoria de produzir relacionamentos equilibrados, harmoniosos entre as pessoas. Salomão orou para receber sabedoria para governar o povo e Deus respondeu: “Pediste entendimento, para discernires o que é justo [mishpat]” (1 Reis 3:11).
Líderes políticos deveriam exercer esta qualidade de compaixão ética em favor de todo o povo. Miquéias acusa os governantes de Israel de canibalismo econômico por sua injustiça brutal. “Comeis a carne do meu povo” e “os repartis como para a panela e como carne no meio do caldeirão”, lamenta Miquéias (Mq 3:1-3). Jeremias ficou desconsolado por não poder encontrar a justiça em parte alguma de Jerusalém, embora ela fosse procurada em todas as ruas (Jr 5:1).
Havia advertências repetidas contra a falha de prover justiça: “Maldito aquele que perverter o direito do estrangeiro, do órfão e da viúva” (Dt 27:19). Grande era a bênção prometida àqueles que de fato exercessem a justiça: “Bem-aventurado aquele... que faz justiça aos oprimidos e dá pão aos que têm fome” (Sl 146:5-7).
(FOSTER, Richard. Celebração da Simplicidade. Campinas: United Press, 1999, pp. 39-40)