por C. S. Lewis:
A guerra deixará de absorver a nossa total atenção, porque se trata de um objeto finito e, por isso, intrinsecamente inadequado para suportar toda a atenção de uma alma humana. Para evitar mal-entendidos, é preciso fazer algumas distinções aqui. Acredito que a nossa causa é muito justa, como costuma acontecer com as causas humanas, e isso me faz acreditar que seja o nosso dever participar dessa guerra. Todo dever é um dever religioso, e nossa obrigação de desempenhar esse dever é absoluta. Assim, pode até ser um dever salvar uma pessoa que esteja se afogando e, quem sabe, se vivemos em uma praia perigosa, devemos nos preparar para o ofício de salva-vidas, de modo que estejamos prontos caso apareça alguém se afogando. Quem sabe tenhamos até que perder a nossa própria vida para salvá-lo. Mas, se um dia alguém se devotasse ao ofício de salvar vidas no sentido de dedicar-se totalmente a isso – de modo que não pensasse ou falasse de outra coisa, ou exigisse que todas as demais atividades humanas cessassem até que todas as pessoas aprendessem a nadar -, ele seria um maníaco obsessivo. Assim, salvar a vida de pessoas do afogamento é um dever pelo qual vale a pena morrer, mas não para o qual valha a pena viver. Tudo indica que os deveres políticos (entre os quais eu incluiria os deveres militares) sejam desse tipo. Uma pessoa pode ter que morrer pelo seu país, mas ninguém precisa viver pelo seu país em um sentido exclusivo. Aquele que se entrega sem reservas aos apelos temporais de uma nação, de um partido, ou de uma classe, está dando a César algo que, de maneira mais do que enfática, pertence a Deus: está dando a si mesmo.
(C. S. Lewis em “O Peso da Glória” (The Weigh of Glory), citado em “Um Ano com C. S. Lewis”, Ed. Ultimato, 2005, p. 281)
A guerra deixará de absorver a nossa total atenção, porque se trata de um objeto finito e, por isso, intrinsecamente inadequado para suportar toda a atenção de uma alma humana. Para evitar mal-entendidos, é preciso fazer algumas distinções aqui. Acredito que a nossa causa é muito justa, como costuma acontecer com as causas humanas, e isso me faz acreditar que seja o nosso dever participar dessa guerra. Todo dever é um dever religioso, e nossa obrigação de desempenhar esse dever é absoluta. Assim, pode até ser um dever salvar uma pessoa que esteja se afogando e, quem sabe, se vivemos em uma praia perigosa, devemos nos preparar para o ofício de salva-vidas, de modo que estejamos prontos caso apareça alguém se afogando. Quem sabe tenhamos até que perder a nossa própria vida para salvá-lo. Mas, se um dia alguém se devotasse ao ofício de salvar vidas no sentido de dedicar-se totalmente a isso – de modo que não pensasse ou falasse de outra coisa, ou exigisse que todas as demais atividades humanas cessassem até que todas as pessoas aprendessem a nadar -, ele seria um maníaco obsessivo. Assim, salvar a vida de pessoas do afogamento é um dever pelo qual vale a pena morrer, mas não para o qual valha a pena viver. Tudo indica que os deveres políticos (entre os quais eu incluiria os deveres militares) sejam desse tipo. Uma pessoa pode ter que morrer pelo seu país, mas ninguém precisa viver pelo seu país em um sentido exclusivo. Aquele que se entrega sem reservas aos apelos temporais de uma nação, de um partido, ou de uma classe, está dando a César algo que, de maneira mais do que enfática, pertence a Deus: está dando a si mesmo.
(C. S. Lewis em “O Peso da Glória” (The Weigh of Glory), citado em “Um Ano com C. S. Lewis”, Ed. Ultimato, 2005, p. 281)