Parte 1 - O Jubileu
por Richard Foster
A maior generosidade de Deus para conosco nos liberta para servir de exemplo desta generosidade para com os outros. Porque ele deu, somos capacitados a dar.
Esta celebração da generosidade de Deus e liberdade de dar em retorno é vista claramente no ano do Jubileu (Levítico 25). O Jubileu era um chamado a uma libertação divinamente capacitada dos bens materiais e uma reestruturação equilibrada das classificações sociais.
Uma vez a cada cinquenta anos, no Dia da Expiação, a trombeta vibrante devia tocar proclamando “liberdade na terra a todos os seus moradores” (Lv 25:10). Todos os escravos deviam ser libertos. Todas as dívidas deviam ser canceladas. Todas as terras deviam ser devolvidas ao proprietário original.
Inerente ao conceito do Jubileu estava um espírito descuidado de alegre confiança. Podia-se contar com Deus para prover o que fosse necessário. Ele prometera: “E vos darei a minha bênção” (Lv 25:21). Era este espírito interior de confiança que capacitava as pessoas a cumprirem as estipulações do Jubileu.
Havia um princípio social importante no Jubileu. Se executado fielmente (o que não era), ele teria eliminado completamente o antigo problema de os ricos ficarem mais ricos e os pobres ficarem mais pobres. Era, com efeito, justiça legislativa a favor dos pobres; um mecanismo legal institucionalizado para resolver um problema social e espiritual. O ciclo vicioso de pobreza podia ser quebrado. Pais que tinham perdido tudo e eram forçados a vender-se como escravos para sobreviver sabiam que seus filhos não precisavam ser esmagados por sua herança econômica. Podiam ter um novo começo. Inversamente, os ricos não podiam oprimir para sempre os menos afortunados. Sua posição vantajosa não era perpétua.
Faríamos bem hoje em olhar com atenção esta abordagem singular de contenção da injustiça social. Vivemos num mundo no qual o abismo que separa os que têm dos que não têm está se alargando a uma velocidade fenomenal. Naturalmente, é o cúmulo do pensamento simplista presumir que se pode tomar uma lei antiga e local e tentar universalizá-la e aplicá-la à cena internacional complexa. Mas tampouco é o princípio do jubileu totalmente irrelevante aos nossos dias. De fato, ele poderia nos dar algumas pistas importantes das maneiras como poderíamos ter um mundo mais equilibrado, mais justo.
(FOSTER, Richard. Celebração da Simplicidade. Campinas: United Press, 1999, pp. 35-36)
por Richard Foster
A maior generosidade de Deus para conosco nos liberta para servir de exemplo desta generosidade para com os outros. Porque ele deu, somos capacitados a dar.
Esta celebração da generosidade de Deus e liberdade de dar em retorno é vista claramente no ano do Jubileu (Levítico 25). O Jubileu era um chamado a uma libertação divinamente capacitada dos bens materiais e uma reestruturação equilibrada das classificações sociais.
Uma vez a cada cinquenta anos, no Dia da Expiação, a trombeta vibrante devia tocar proclamando “liberdade na terra a todos os seus moradores” (Lv 25:10). Todos os escravos deviam ser libertos. Todas as dívidas deviam ser canceladas. Todas as terras deviam ser devolvidas ao proprietário original.
Inerente ao conceito do Jubileu estava um espírito descuidado de alegre confiança. Podia-se contar com Deus para prover o que fosse necessário. Ele prometera: “E vos darei a minha bênção” (Lv 25:21). Era este espírito interior de confiança que capacitava as pessoas a cumprirem as estipulações do Jubileu.
Havia um princípio social importante no Jubileu. Se executado fielmente (o que não era), ele teria eliminado completamente o antigo problema de os ricos ficarem mais ricos e os pobres ficarem mais pobres. Era, com efeito, justiça legislativa a favor dos pobres; um mecanismo legal institucionalizado para resolver um problema social e espiritual. O ciclo vicioso de pobreza podia ser quebrado. Pais que tinham perdido tudo e eram forçados a vender-se como escravos para sobreviver sabiam que seus filhos não precisavam ser esmagados por sua herança econômica. Podiam ter um novo começo. Inversamente, os ricos não podiam oprimir para sempre os menos afortunados. Sua posição vantajosa não era perpétua.
Faríamos bem hoje em olhar com atenção esta abordagem singular de contenção da injustiça social. Vivemos num mundo no qual o abismo que separa os que têm dos que não têm está se alargando a uma velocidade fenomenal. Naturalmente, é o cúmulo do pensamento simplista presumir que se pode tomar uma lei antiga e local e tentar universalizá-la e aplicá-la à cena internacional complexa. Mas tampouco é o princípio do jubileu totalmente irrelevante aos nossos dias. De fato, ele poderia nos dar algumas pistas importantes das maneiras como poderíamos ter um mundo mais equilibrado, mais justo.
(FOSTER, Richard. Celebração da Simplicidade. Campinas: United Press, 1999, pp. 35-36)