Cuidado, bandeirantes! Os séculos passaram e agora - quem diria! - são os guaranis que vão criar as vossas crianças, ainda que vosmecês pensem que vão escravizá-los de novo. Parodiando um conhecido político paulista de nome e sotaque árabe que os senhores até elegeram prefeito da vossa cidade, "escraviza, mas não mata!". Uma das senhoras patroas diz que "as nacionais são caras e pouco comprometidas com o serviço", justo elas que a-do-ram pagar os pedágios mais caros do mundo. O que as nobres senhoras se recusam a admitir, mesmo em sonhos, é que, com o desenvolvimento do Nordeste, a elite paulistana teve que se dar ao trabalho de "importar" babás do Paraguai, além de criar um "comando anti-terrorismo" contra as babás "malvadas" que querem que elas respeitem seus direitos trabalhistas, segundo informa o Estadão de hoje em duas notícas:
Notícia 1:
Famílias paulistanas contratam babás paraguaias
PAULO SAMPAIO - Agência Estado
Há cerca de duas semanas, quando recebeu do filho Mateus, de 5 anos, uma lembrança trazida da escola, a advogada Renata, de 34, ouviu espantada ele dizer: "Un recuerdo para mamá". Mateus se tornou "bilíngue" pela convivência com uma babá paraguaia. Renata, três filhos, empregou a estrangeira depois de uma experiência razoavelmente longa e traumática com brasileiras.
"As nacionais são caras e pouco comprometidas com o serviço", diz a administradora de empresas Monica, de 36, precursora de um grupo de mais de dez amigas endinheiradas que usam os serviços de babás paraguaias. A dela foi indicada por uma conhecida que morou alguns anos naquele país.
Mônica e Renata têm duas "importadas" em casa. As amigas preferem dar a entrevista no anonimato (os nomes estão trocados), porque as funcionárias nem sempre estão legalizadas.
Um estrangeiro tem 90 dias para ficar no Brasil como turista e, a partir daí, caso pretenda empregar-se, deve sair, tirar o visto de trabalho na Embaixada do Brasil em seu país e voltar. Mas nem sempre isso acontece.
"Esse cenário (da ilegalidade) é comum até entre executivos de multinacionais. Eles saem a cada três meses para renovar o visto de turista. Os empregados domésticos em geral permanecem na ilegalidade", diz o professor de Direito Internacional da Universidade de São Paulo (USP) Pedro Dallari.
As empregadoras das babás afirmam que querem tudo legalizado. Dizem que a primeira providência é encaminhar a doméstica ao consulado paraguaio para tirar atestados de antecedentes. De acordo com a consulesa paraguaia em São Paulo, Maria Amélia Barbosa, a quantidade de imigrantes que procuram o consulado para o serviço só aumenta. "Há dois anos, não tinha notícia de paraguaias que pretendiam ser babás no Brasil. Hoje há um número razoável delas."
Como ocorre com domésticas que vêm das regiões mais pobres do Brasil, a babá paraguaia costuma indicar para as amigas de sua patroa a irmã, a prima, a tia. "O salário compensa bastante", diz Noeli, de 21 anos, uma das duas paraguaias que trabalham na casa de Renata. Ela conta que em seu país ganharia no máximo o equivalente a R$ 400. Aqui, é possível tirar R$ 1.000 - sem contar o câmbio favorável da moeda: R$ 1 vale dois guaranis e meio.
Por sua vez, o salário de uma babá brasileira, de acordo com números do Sindicato dos Empregados e Trabalhadores Domésticos da Grande São Paulo (Sindoméstico), subiu mais, proporcionalmente, do que o de qualquer outro da categoria. "Em média, em São Paulo, ela ganha R$ 1.500. O piso vai para R$ 600 em abril, mas ninguém mais ganha isso. Se não tem experiência, já começa com R$ 800", afirma Eliana Menezes, presidente do sindicato.
"As nacionais são caras e pouco comprometidas com o serviço", diz a administradora de empresas Monica, de 36, precursora de um grupo de mais de dez amigas endinheiradas que usam os serviços de babás paraguaias. A dela foi indicada por uma conhecida que morou alguns anos naquele país.
Mônica e Renata têm duas "importadas" em casa. As amigas preferem dar a entrevista no anonimato (os nomes estão trocados), porque as funcionárias nem sempre estão legalizadas.
Um estrangeiro tem 90 dias para ficar no Brasil como turista e, a partir daí, caso pretenda empregar-se, deve sair, tirar o visto de trabalho na Embaixada do Brasil em seu país e voltar. Mas nem sempre isso acontece.
"Esse cenário (da ilegalidade) é comum até entre executivos de multinacionais. Eles saem a cada três meses para renovar o visto de turista. Os empregados domésticos em geral permanecem na ilegalidade", diz o professor de Direito Internacional da Universidade de São Paulo (USP) Pedro Dallari.
As empregadoras das babás afirmam que querem tudo legalizado. Dizem que a primeira providência é encaminhar a doméstica ao consulado paraguaio para tirar atestados de antecedentes. De acordo com a consulesa paraguaia em São Paulo, Maria Amélia Barbosa, a quantidade de imigrantes que procuram o consulado para o serviço só aumenta. "Há dois anos, não tinha notícia de paraguaias que pretendiam ser babás no Brasil. Hoje há um número razoável delas."
Como ocorre com domésticas que vêm das regiões mais pobres do Brasil, a babá paraguaia costuma indicar para as amigas de sua patroa a irmã, a prima, a tia. "O salário compensa bastante", diz Noeli, de 21 anos, uma das duas paraguaias que trabalham na casa de Renata. Ela conta que em seu país ganharia no máximo o equivalente a R$ 400. Aqui, é possível tirar R$ 1.000 - sem contar o câmbio favorável da moeda: R$ 1 vale dois guaranis e meio.
Por sua vez, o salário de uma babá brasileira, de acordo com números do Sindicato dos Empregados e Trabalhadores Domésticos da Grande São Paulo (Sindoméstico), subiu mais, proporcionalmente, do que o de qualquer outro da categoria. "Em média, em São Paulo, ela ganha R$ 1.500. O piso vai para R$ 600 em abril, mas ninguém mais ganha isso. Se não tem experiência, já começa com R$ 800", afirma Eliana Menezes, presidente do sindicato.
Notícia 2:
Mães criam grupo ''antiterrorismo'' contra empregadas
Elas trocam e-mails com observações sobre sua relação com funcionárias ''ingratas'', que as deixam até ''meio tontas''
Paulo Sampaio - O Estado de S.Paulo
Indignadas, cerca de 20 mães com sobrenomes tão colunáveis como Gasparian, Vidigal, Pignatari, Souza Aranha e Flecha de Lima se juntaram há cinco anos para fundar o GATB: Grupo Anti-Terrorismo de Babás.
A ideia era se proteger da "petulância" das funcionárias, dar dicas sobre o que fazer em caso de "abuso de direitos" e ainda trocar ideias sobre cabeleireiros, temporadas de esqui em Aspen e veraneios em condomínios do litoral norte.
Hoje, o grupo antiterrorista agrega por volta de cem mulheres que disparam e-mails diariamente. No campo "assunto", leem-se frases como: "É necessário pagar feriado??", com várias interrogações ou exclamações, inclusive em inglês, dependendo do tema. "Help!!"
Decisões em relação às empregadas são contadas como bravatas: "Girls, mandei a copeira e a cozinheira embora numa tacada só. Além de diversos furtos ao longo do ano, Rolex, roupas, etc, comprovamos um furto numa sexta à noite que só pode ter sido uma das duas", diz a integrante.
Dadas a rasgos de generosidade, elas passam adiante babás que não quiseram: "Oi, queridas amigas, é o seguinte: minha babá quebrou o braço e a irmã da minha folguista veio cobrir. Eu tinha até falado que se eu gostasse ia ficar com ela, mas o D. não quer duas irmãs juntas. O bom é que é daquelas que topam tudo: lava louça, passeia com os cachorros e até cozinha. Não é casada, mas tem um filho de 15 anos que se vira sozinho. Bom, quem tiver interessada o telefone é..."
Em autorreferências, as "girls" se ufanam: "Chique é ser GATB, onde meninas ajudam às outras sem pedir nada em troca!!"
TRECHO
"Meninas", diz uma das mensagens. "Minha babá veio com uma história sem pé nem cabeça, de que eu estou devendo todos os feriados em dinheiro, porque existe uma lei agora, onde ela tem esse direito. Estou meio tonta com a atitude, decepcionada com a falta de educação e gratidão por tudo que já fiz por ela, mas gostaria de saber se sou obrigada a pagar. Quando achamos que estamos com uma babá ótima, lá vêm as bombas!"
Paulo Sampaio - O Estado de S.Paulo
Indignadas, cerca de 20 mães com sobrenomes tão colunáveis como Gasparian, Vidigal, Pignatari, Souza Aranha e Flecha de Lima se juntaram há cinco anos para fundar o GATB: Grupo Anti-Terrorismo de Babás.
A ideia era se proteger da "petulância" das funcionárias, dar dicas sobre o que fazer em caso de "abuso de direitos" e ainda trocar ideias sobre cabeleireiros, temporadas de esqui em Aspen e veraneios em condomínios do litoral norte.
Hoje, o grupo antiterrorista agrega por volta de cem mulheres que disparam e-mails diariamente. No campo "assunto", leem-se frases como: "É necessário pagar feriado??", com várias interrogações ou exclamações, inclusive em inglês, dependendo do tema. "Help!!"
Decisões em relação às empregadas são contadas como bravatas: "Girls, mandei a copeira e a cozinheira embora numa tacada só. Além de diversos furtos ao longo do ano, Rolex, roupas, etc, comprovamos um furto numa sexta à noite que só pode ter sido uma das duas", diz a integrante.
Dadas a rasgos de generosidade, elas passam adiante babás que não quiseram: "Oi, queridas amigas, é o seguinte: minha babá quebrou o braço e a irmã da minha folguista veio cobrir. Eu tinha até falado que se eu gostasse ia ficar com ela, mas o D. não quer duas irmãs juntas. O bom é que é daquelas que topam tudo: lava louça, passeia com os cachorros e até cozinha. Não é casada, mas tem um filho de 15 anos que se vira sozinho. Bom, quem tiver interessada o telefone é..."
Em autorreferências, as "girls" se ufanam: "Chique é ser GATB, onde meninas ajudam às outras sem pedir nada em troca!!"
TRECHO
"Meninas", diz uma das mensagens. "Minha babá veio com uma história sem pé nem cabeça, de que eu estou devendo todos os feriados em dinheiro, porque existe uma lei agora, onde ela tem esse direito. Estou meio tonta com a atitude, decepcionada com a falta de educação e gratidão por tudo que já fiz por ela, mas gostaria de saber se sou obrigada a pagar. Quando achamos que estamos com uma babá ótima, lá vêm as bombas!"
Aproveitando o nonsense e o mau gosto da notícia acima, me lembrei dos Inimigos do Rei cantando "Adelaide, a anã paraguaia", que dedico às senhoras paulistanas:
Palavras cheias de raiva.
ResponderExcluirPor que tanta raiva??
Não é raiva, anônimo, é sarcasmo mesmo...
ResponderExcluira desculpa de que "as babás brasileiras são mais caras" não cola, é fajuta... o fato é que boa parte da elite brasileira, da qual a paulistana talvez seja das mais retrógradas, sempre tratou empregadas domésticas como escravas, sem direito algum. Em alguns casos extremos, elas ficam décadas com a mesma família e depois são "depositadas" em asilos ou deixadas à própria sorte. Essa é só uma triste constatação.
Agora que as patroas paulistanas não podem mais buscar adolescentes iletradas no interior e no sertão, porque eles têm novas possibilidades de vida e não querem se submeter a este regime de subemprego, as madames vão buscar no Paraguai. Aí se o Lugo e os paraguaios perceberem e melhorarem o país um pouquinho, elas vão buscar na Bolívia. Se a Bolívia melhorar, elas vão buscar em Moçambique ou no Sudão. Captou?
Mais um detalhe histórico, anônimo.
ResponderExcluirA ironia mórbida é que o Paraguai é o país que restou para os índios guaranis, depois de terem sido quase exterminados pelos bandeirantes no século XVII. Este episódio é muito conhecido por causa das ruínas das missões jesuítas que sobraram espalhadas pelo Brasil, Paraguai e Argentina. Procure se informar sobre isso, ou assista o belo filme "A Missão" (1986), com o Robert de Niro e o Jeremy Irons.
sempre trabalhei com pessoas de classe AA e o salário das babás nunca foi broblema. O problema é da classe BB, que quer ostentar uma babá,mas nao tem condições de pagar, entao contrata uma escrava do paraguai p fazer de tudo,de seg.a seg.sem dieito a fins de semana. Espera só ela se estabelecer,em sao paulo p da um adus a essas patroas exploradoras
ResponderExcluirCada caso é um caso. Há pessoas boçais que contratam empregadas para transformarem-nas em escravas. Mas, há também uma massa de macunaímas apedeutas, grande maioria, que querem se dar bem às custas do patrão, roubando, mentindo e trapaceando, são os(as) "espertos(as)". Esquecem os mesmos que patrão, mesmo ruim, é difícil sem a pessoa ter o mínimo de instrução (algo que o macunaíma brasileiro não aprendeu por questões de caráter deformado). Enfim, minha família só teve problemas com uma empregada que quis se dar bem, MESMO com tudo pago corretamente, fora cursos (sim até isso foi pago ela deixar de ser doméstica) e ajudas a família da cidadã em questão. Enfim, há vítimas dos dois lados e no caso, parece que a solução é importar MADE IN Paraguai...
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