Imigrantes brasileiros estão fazendo o possível para ajudar não só os dekasseguis que estão nas regiões mais afetadas pelo terremoto/tsunami e pelo desastre nuclear, mas também os próprios japoneses que lá vivem. Esta matéria do Jornal Hoje da Rede Globo merece ser lida, vista e ouvida (com vídeo no link indicado acima):
Brasileiros ajudam vítimas em área devastada por tsunami no Japão
Os enviados especiais Marcos Uchôa e Sérgio Gilz acompanharam os brasileiros que estão ajudando os desabrigados de Sendai. A cidade fica a cerca de cem quilômetros da usina de Fukushima.
Só de olhar para as áreas destruídas, fica claro que limpar, arrumar, reconstruir tudo isso vai levar tempo. O que não se entende é porque as vítimas do terremoto e do tsunami também tenham que esperar. Afinal, o frio, a sede e a fome delas são bem mais urgentes.
Alguns japoneses estavam muito alegres esperando a chegada de uma caravana da salvação. Logo depois chegaram cinco veículos, microônibus e caminhões carregados de água, comida, roupas e cobertores.
Tudo trazido por brasileiros que tiveram uma iniciativa raríssima para os japoneses. Heber Iyama, líder dessa boa ação estava emocionado ao chegar depois de 31 horas de estrada. “Todo mundo falava pra não ir. Eu falei que eu ia, alguns falavam que era perigoso, outros que iam comigo, e são eles que estão aí”.
Onze pessoas, um time inteiro entrou em campo e inventou uma corrente de solidariedade. Num dos caminhões que tinha muita coisa misturada era necessário fazer uma triagem. Brasileiros e japoneses se misturavam. Água e grandes sacos de arroz eram passados de um para o outro, para serem distribuídos para quem mais necessita.
Só em Sendai são mais de um milhão de habitantes e falta comida para todo mundo. Se mais japoneses botassem o pé na estrada o problema seria menor.
Uma coisa curiosa é a diferença de culturas. No terremoto do Chile, no começo de 2010, as estradas estavam lotadas de voluntários, pessoas que saiam das suas casas levando mantimentos para ajudar as vítimas do terremoto.
No Japão não foi isso que se viu, apenas os brasileiros estavam na estrada com caminhões cheios de mantimentos para ajudar as pessoas. “A gente trouxe por nossa própria vontade mesmo. Uma pessoa falou para gente: ‘ah, mas está vindo navios dos Estados Unidos’. Mas o navio vai chegar daqui a uma semana. Quem tá com fome, tá com fome hoje, não amanhã”, afirma Anderson Santos.