Essa notícia é pra você, amiga, que anda reclamando da infidelidade masculina. Pois fique sabendo que existem (ou existiram) machos primatas monogâmicos, só que a sensação de acasalar com eles é, digamos, parecida com namorar um porco-espinho. O único probleminha é que isso dói pra caramba. Por isso mesmo, a notícia da Folha Ciência é daquelas que, antes de ir para a sessão de cultura inútil, provoca fantasias constrangedoras e dolorosas em quem tem a imaginação fértil:
RICARDO BONALUME NETO
DE SÃO PAULO
Graças à perda de um fragmento de material genético, o homem escapou de ter espinhos no pênis feitos do mesmo material das unhas, a queratina, como têm os chimpanzés e outros mamíferos, como os gatos.
Os espinhos queratinizados aumentam a sensibilidade táctil do pênis e tornam o coito mais rápido, embora possam machucar a fêmea. Para sorte das mulheres, o pênis do homem é liso.
Esse tipo de pênis sem "acessórios" costuma estar vinculado a espécies monogâmicas e tende a prolongar a relação sexual, criando um maior vínculo entre os parceiros.
A equipe de 13 pesquisadores coordenada por Gill Bejerano e David M. Kingsley, da Universidade Stanford, na Califórnia, resolveu procurar diferenças no material genético do homem, do chimpanzé e de outros macacos.
Eles queriam achar sequências de DNA que eram mantidas nos chimpanzés e noutros animais, mas deletadas do genoma humano. Foram encontradas 510 regiões deletadas, com fragmentos de DNA capazes de influenciar genes próximos, mas que, com uma exceção, não trazem o código para produzir proteínas.
Uma dessas perdas de DNA eliminou do genoma humano uma sequência ligada a um gene capaz de estimular a produção tanto dos espinhos no pênis como de vibrissas, os "bigodes" de cães e gatos que servem de sensores de tato.
CRÂNIO
Pênis liso, sem bigode de gato e também com cérebro maior: uma outra deleção próxima a um gene supressor de tumores foi correlacionada com o aumento de regiões do cérebro humano.
Chimpanzé e homem têm 96% do genoma em comum. Por isso, descobrir o que há de diferente ajuda a explicar o que significa ser humano em termos de anatomia, fisiologia e comportamento.
O pênis com espinhos é comum em espécies nas quais fêmea e macho têm parceiros múltiplos. Serviriam para remover o sêmen do macho rival ou para machucar a fêmea e impedi-la de querer copular com outro a seguir.
Já na espécie humana, os traços sexuais evoluíram de modo a favorecer a monogamia e a cooperação na criação das crianças.
O homem não tem dentes caninos maiores, como muitos animais; os testículos têm tamanho moderado (embora o pênis humano seja o maior entre os primatas, mesmo comparado ao do gorila); a ovulação não tem sinais exteriores.
A equipe também pesquisou o genoma de uma espécie humana extinta, os neandertais. Como era de se esperar em um ser tão próximo evolutivamente do Homo sapiens --virou clichê dizer que, com terno e gravata, um neandertal não seria notado no metrô--, essa espécie também tinha as deleções genéticas ligadas ao aumento do cérebro e à perda de espinhos penianos.
Perda de DNA fez pênis do homem ficar sem espinho
RICARDO BONALUME NETO
DE SÃO PAULO
Graças à perda de um fragmento de material genético, o homem escapou de ter espinhos no pênis feitos do mesmo material das unhas, a queratina, como têm os chimpanzés e outros mamíferos, como os gatos.
Os espinhos queratinizados aumentam a sensibilidade táctil do pênis e tornam o coito mais rápido, embora possam machucar a fêmea. Para sorte das mulheres, o pênis do homem é liso.
Esse tipo de pênis sem "acessórios" costuma estar vinculado a espécies monogâmicas e tende a prolongar a relação sexual, criando um maior vínculo entre os parceiros.
A equipe de 13 pesquisadores coordenada por Gill Bejerano e David M. Kingsley, da Universidade Stanford, na Califórnia, resolveu procurar diferenças no material genético do homem, do chimpanzé e de outros macacos.
Eles queriam achar sequências de DNA que eram mantidas nos chimpanzés e noutros animais, mas deletadas do genoma humano. Foram encontradas 510 regiões deletadas, com fragmentos de DNA capazes de influenciar genes próximos, mas que, com uma exceção, não trazem o código para produzir proteínas.
Uma dessas perdas de DNA eliminou do genoma humano uma sequência ligada a um gene capaz de estimular a produção tanto dos espinhos no pênis como de vibrissas, os "bigodes" de cães e gatos que servem de sensores de tato.
CRÂNIO
Pênis liso, sem bigode de gato e também com cérebro maior: uma outra deleção próxima a um gene supressor de tumores foi correlacionada com o aumento de regiões do cérebro humano.
Chimpanzé e homem têm 96% do genoma em comum. Por isso, descobrir o que há de diferente ajuda a explicar o que significa ser humano em termos de anatomia, fisiologia e comportamento.
O pênis com espinhos é comum em espécies nas quais fêmea e macho têm parceiros múltiplos. Serviriam para remover o sêmen do macho rival ou para machucar a fêmea e impedi-la de querer copular com outro a seguir.
Já na espécie humana, os traços sexuais evoluíram de modo a favorecer a monogamia e a cooperação na criação das crianças.
O homem não tem dentes caninos maiores, como muitos animais; os testículos têm tamanho moderado (embora o pênis humano seja o maior entre os primatas, mesmo comparado ao do gorila); a ovulação não tem sinais exteriores.
A equipe também pesquisou o genoma de uma espécie humana extinta, os neandertais. Como era de se esperar em um ser tão próximo evolutivamente do Homo sapiens --virou clichê dizer que, com terno e gravata, um neandertal não seria notado no metrô--, essa espécie também tinha as deleções genéticas ligadas ao aumento do cérebro e à perda de espinhos penianos.