É triste constatar, mas hoje existem muitas denominações ditas “evangélicas”, além daquelas que surgem a cada dia, que se assemelham mais a negócios familiares, em que o (ab)uso da Palavra de Deus é apenas um pretexto para amealhar fortunas, sem que se saiba qual é o seu destino.
O discurso triunfalista da teologia da prosperidade, para que “cole” no povão, precisa de líderes prósperos do ponto de vista material, com status facilmente mensurado mediante riquezas visíveis e palpáveis, para que o rebanho se sinta motivado a contribuir (financeiramente) e a seguir o seu exemplo (inalcançável).
Desta forma, muitos “pastores”, “bispos” e “apóstolos” se assemelham mais ao homem rico da parábola do celeiro (Lucas 12:15-24). Contrariando a magistral advertência de Jesus no v. 15 (“Acautelai-vos e guardai-vos de toda espécie de cobiça; porque a vida do homem não consiste na abundância das coisas que possui”), utilizam a igreja a seu bel prazer e a transformam numa organização empresarial familiar, mantida debaixo das rédeas dos parentes e agregados.
A palavra “utilizar” foi empregada aqui de forma proposital, pois esta é a ideologia da nossa época: o utilitarismo, onde os fins justificam os meios e é preciso maximizar o lucro com o mínimo de prejuízo.
O fim imaginário estabelecido por esses líderes (mas nem por isso verdadeiro, repita-se) é pregar o evangelho, ainda que não se saiba exatamente que tipo de “evangelho” é este e, sobretudo, a quem serve.
Para tanto, vale qualquer expediente para recolher nos celeiros - guardados a 7 chaves - o dinheiro que supostamente será destinado aos diferentes modelos privados de “propagação evangelística”.
O risco, entretanto, é que aconteça com esses “donos” de igreja o mesmo que aconteceu ao homem rico da parábola:
Lucas 12:
18 Disse então: Farei isto: derribarei os meus celeiros e edificarei outros maiores, e ali recolherei todos os meus cereais e os meus bens;
19 e direi à minha alma: Alma, tens em depósito muitos bens para muitos anos; descansa, come, bebe, regala-te.
20 Mas Deus lhe disse: Insensato, esta noite te pedirão a tua alma; e o que tens preparado, para quem será?
21 Assim é aquele que para si ajunta tesouros, e não é rico para com Deus.
A morte nos espreita a todos, e muitos têm medo dela, mesmo aqueles “pastores”, “bispos” e “apóstolos” que dedicaram a sua vida, ainda que travestida de “evangélica”, a tomar o nome de Deus em vão para construir celeiros e castelos. Não há teologia da prosperidade que resista à cova.
Não há parábola da semente que não sucumba à tumba. Não há celeiro abarrotado que não seja consumido pelos ratos. Todos descemos à sepultura, e ¿para quem ficarão essas denominações ricas e pomposas, verdadeiros guarda-chuvas de outras tantas empresas que gravitam em torno de si?
Neste aspecto é interessante observar como a linguagem serve – quase sempre – como uma armadilha ideológica a fim de justificar objetivos escusos.
A questão da “sucessão apostólica” foi sempre invocada pelos católicos como uma prerrogativa de Roma, que os legitimaria como únicos representantes de Cristo no planeta.
Obviamente, a sucessão apostólica não é penhor da ortodoxia (os hereges dos primeiros séculos que o digam), mas a moderna reivindicação (na verdade, usurpação) do título de "apóstolo", autoconferido por alguns homens (e até mulheres) ditos “evangélicos”, revela que este é um temor secreto, inconsciente, desses líderes, que – muito provavelmente - nem eles percebam.
Em geral, fundaram suas próprias denominações alegando "ter sentido um desejo no coração" (sabe-se lá de onde veio!) e por isso mesmo - e convenientemente - não se submetem a nenhum tipo de autoridade, seja ela superior hierarquicamente, seja ela derivada do próprio rebanho a quem servem e deveriam prestar contas.
Em suma, "apascentam a si mesmos sem temor" (Judas v. 12). Enquanto puderem, precisam enganar o povo com uma aura de legitimados por Cristo, embora o deus que eles sigam seja outro.
Como há muito dinheiro envolvido, entretanto, precisam se assegurar de que a sucessão familiar, resolvida mundanamente pelo Direito Civil, seja também facilmente aceita, engolida, confundida e reconhecida pelo seu rebanho como uma espécie de “sucessão apostólica”, que é a única possibilidade de que esses celeiros ganhem uma sobrevida e sustentem os sucessores.
Assim garantirão o sustento da prole e de sua descendência, e tentarão salvar pelo menos os “celeiros” da ruína prometida por Deus. Como se isso pudesse realmente ajudá-los a fugir da ira vindoura...
O discurso triunfalista da teologia da prosperidade, para que “cole” no povão, precisa de líderes prósperos do ponto de vista material, com status facilmente mensurado mediante riquezas visíveis e palpáveis, para que o rebanho se sinta motivado a contribuir (financeiramente) e a seguir o seu exemplo (inalcançável).
Desta forma, muitos “pastores”, “bispos” e “apóstolos” se assemelham mais ao homem rico da parábola do celeiro (Lucas 12:15-24). Contrariando a magistral advertência de Jesus no v. 15 (“Acautelai-vos e guardai-vos de toda espécie de cobiça; porque a vida do homem não consiste na abundância das coisas que possui”), utilizam a igreja a seu bel prazer e a transformam numa organização empresarial familiar, mantida debaixo das rédeas dos parentes e agregados.
A palavra “utilizar” foi empregada aqui de forma proposital, pois esta é a ideologia da nossa época: o utilitarismo, onde os fins justificam os meios e é preciso maximizar o lucro com o mínimo de prejuízo.
O fim imaginário estabelecido por esses líderes (mas nem por isso verdadeiro, repita-se) é pregar o evangelho, ainda que não se saiba exatamente que tipo de “evangelho” é este e, sobretudo, a quem serve.
Para tanto, vale qualquer expediente para recolher nos celeiros - guardados a 7 chaves - o dinheiro que supostamente será destinado aos diferentes modelos privados de “propagação evangelística”.
O risco, entretanto, é que aconteça com esses “donos” de igreja o mesmo que aconteceu ao homem rico da parábola:
Lucas 12:
18 Disse então: Farei isto: derribarei os meus celeiros e edificarei outros maiores, e ali recolherei todos os meus cereais e os meus bens;
19 e direi à minha alma: Alma, tens em depósito muitos bens para muitos anos; descansa, come, bebe, regala-te.
20 Mas Deus lhe disse: Insensato, esta noite te pedirão a tua alma; e o que tens preparado, para quem será?
21 Assim é aquele que para si ajunta tesouros, e não é rico para com Deus.
A morte nos espreita a todos, e muitos têm medo dela, mesmo aqueles “pastores”, “bispos” e “apóstolos” que dedicaram a sua vida, ainda que travestida de “evangélica”, a tomar o nome de Deus em vão para construir celeiros e castelos. Não há teologia da prosperidade que resista à cova.
Não há parábola da semente que não sucumba à tumba. Não há celeiro abarrotado que não seja consumido pelos ratos. Todos descemos à sepultura, e ¿para quem ficarão essas denominações ricas e pomposas, verdadeiros guarda-chuvas de outras tantas empresas que gravitam em torno de si?
Neste aspecto é interessante observar como a linguagem serve – quase sempre – como uma armadilha ideológica a fim de justificar objetivos escusos.
A questão da “sucessão apostólica” foi sempre invocada pelos católicos como uma prerrogativa de Roma, que os legitimaria como únicos representantes de Cristo no planeta.
Obviamente, a sucessão apostólica não é penhor da ortodoxia (os hereges dos primeiros séculos que o digam), mas a moderna reivindicação (na verdade, usurpação) do título de "apóstolo", autoconferido por alguns homens (e até mulheres) ditos “evangélicos”, revela que este é um temor secreto, inconsciente, desses líderes, que – muito provavelmente - nem eles percebam.
Em geral, fundaram suas próprias denominações alegando "ter sentido um desejo no coração" (sabe-se lá de onde veio!) e por isso mesmo - e convenientemente - não se submetem a nenhum tipo de autoridade, seja ela superior hierarquicamente, seja ela derivada do próprio rebanho a quem servem e deveriam prestar contas.
Em suma, "apascentam a si mesmos sem temor" (Judas v. 12). Enquanto puderem, precisam enganar o povo com uma aura de legitimados por Cristo, embora o deus que eles sigam seja outro.
Como há muito dinheiro envolvido, entretanto, precisam se assegurar de que a sucessão familiar, resolvida mundanamente pelo Direito Civil, seja também facilmente aceita, engolida, confundida e reconhecida pelo seu rebanho como uma espécie de “sucessão apostólica”, que é a única possibilidade de que esses celeiros ganhem uma sobrevida e sustentem os sucessores.
Assim garantirão o sustento da prole e de sua descendência, e tentarão salvar pelo menos os “celeiros” da ruína prometida por Deus. Como se isso pudesse realmente ajudá-los a fugir da ira vindoura...