domingo, 31 de julho de 2011

O playground do pardal

Só pra alegrar o teu domingo:



se bem que pode ser mau agouro, né...

sábado, 30 de julho de 2011

Papa Pio XII salvou do holocausto 11 mil judeus

A notícia é da agência católica de notícias Zenit:

Pio XII salvou 11.000 judeus romanos

Dados publicados pela fundação Pave the Way

Por Jesús Colina


ROMA, sexta-feira, 29 de julho de 2011 (ZENIT.org) – Conforme documentação descoberta recentemente por historiadores, a ação direta do papa Pio XII salvou a vida de mais de 11.000 judeus em Roma durante a II Guerra Mundial.

O representante da fundação Pave the Way na Alemanha, o historiador e pesquisador Michael Hesemann, descobriu muitos documentos originais de grande importância ao pesquisar os arquivos da igreja de Santa Maria dell'Anima, a igreja nacional da Alemanha em Roma.

A Pave the Way, com sede nos Estados Unidos, fundada pelo judeu Gary Krupp, anunciou o achado em declaração enviada a ZENIT.

“Muitos criticaram Pio XII por guardar silêncio durante as prisões e quando os trens partiram de Roma com 1.007 judeus, que foram enviados para o campo de concentração de Auschwitz”, declarou Krupp. “Os críticos não reconhecem nem sequer a intervenção direta de Pio XII para dar fim às prisões, em 16 de outubro de 1943”.

“Novos achados provam que Pio XII agiu diretamente nos bastidores para impedir as prisões às 2 horas da tarde do mesmo dia em que elas começaram, mas não conseguiu deter o trem que tinha aquele destino tão cruel”, acrescentou.

Segundo um estudo recente do pesquisador Dominiek Oversteyns, havia em Roma 12.428 judeus no dia 16 de outubro de 1943.

“A ação direta do papa Pio XII salvou a vida de mais de 11.400 judeus”, explica Krupp. “Na manhã de 16 de outubro de 1943, quando o papa soube da prisão dos judeus, enviou imediatamente um protesto oficial vaticano ao embaixador alemão, que sabia que não teria resultado algum. O pontífice mandou então seu sobrinho, o príncipe Carlo Pacelli, até o bispo austríaco Alois Hudal, cabeça da igreja nacional alemã em Roma, que, conforme relatos, tinha boas relações com os nazistas. O príncipe Pacelli disse a Hudal que tinha sido enviado pelo papa e que Hudal devia escrever uma carta ao governador alemão de Roma, o general Stahel, pedindo que as prisões fossem canceladas”.

A carta do bispo Hudal ao Generale Stahel dizia: “Precisamente agora, uma fonte vaticana [...] me informou que nesta manhã começou a prisão dos judeus de nacionalidade italiana. No interesse de um diálogo pacífico entre o Vaticano e o comando militar alemão, peço-lhe urgentemente que dê ordem para parar imediatamente estas prisões em Roma e nas regiões circundantes. A reputação da Alemanha nos países estrangeiros exige esta medida, assim como o perigo de que o papa proteste abertamente”.

A carta foi entregue em mãos ao general Stahel por um emissário de confiança do papa Pio XII, o sacerdote alemão Pancratius Pfeiffer, superior geral da Sociedade do Divino Salvador, que conhecia Stahel pessoalmente.

Na manhã seguinte, o general respondeu ao telefone: “Transmiti imediatamente a questão à Gestapo local e a Himmler pessoalmente. E Himmler ordenou que, considerado o status especial de Roma, as prisões sejam interrompidas imediatamente”.

Estes fatos são confirmados também pelo testemunho obtido durante a pesquisa do relator da causa de beatificação de Pio XII, o padre jesuíta Peter Gumpel.

Gumpel declarou ter falado pessoalmente com o general Dietrich Beelitz, que era o oficial de ligação entre o escritório de Kesselring e o comando de Hitler. O general Beelitz ouviu a conversa telefônica entre Stahel e Himmler e confirmou que o general Stahel tinha usado com Himmler a ameaça de um fracasso militar se as prisões continuassem.

Institutos religiosos isentos de inspeções nazistas

Outro documento, “As ações para salvar inumeráveis pessoas da nação judaica”, afirma que o bispo Hudal conseguiu, através dos contatos com Stahel e com o coronel von Veltheim, que “550 instituições e colégios religiosos ficassem isentos de inspeções e visitas da polícia militar alemã”.

Só numa destas estruturas, o Instituto San Giuseppe, 80 judeus estavam escondidos.

A nota menciona também a participação “em grande medida” do príncipe Carlo Pacelli, sobrinho de Pio XII. “Os soldados alemães eram muito disciplinados e respeitavam a assinatura de um alto oficial alemão... Milhares de judeus locais em Roma, Assis, Loreto, Pádua e outras cidades foram salvos graças a esta declaração”.

Michael Hesemann afirma que é óbvio que qualquer protesto público do papa quando o trem partiu teria provocado o recomeço das prisões.

Ele ainda explica que a fundação Pave the Way tem no seu site a ordem original das SS de prender 8.000 judeus romanos, que deveriam ser enviados para o campo de trabalho de Mauthausen e ser retidos como reféns, e não para o campo de concentração de Auschwitz. Pode-se pensar que o Vaticano acreditasse em negociar a libertação deles.

Soube-se também que o Vaticano reconheceu que o bispo Hudal ajudou alguns criminosos de guerra nazistas a fugir da prisão no fim do conflito.

Por causa de sua postura política, o bispo era persona non grata no Vaticano, e foi repreendido por escrito pelo secretário de Estado vaticano, o cardeal Giovanni Battista Montini (futuro papa Paulo VI), por sugerir que o Vaticano ajudasse os nazistas a fugir.

Gary Krupp, diretor geral da Pave the Way, comentou que a fundação “investiu grandes recursos para obter e difundir publicamente todas estas informações para historiadores e peritos. Curiosamente, nenhum dos maiores críticos do papa Pio XII se deu ao trabalho de vir até os Arquivos Vaticanos abertos (e abertos completamente, desde 2006, até o ano de 1939) para fazer estudos originais. Também não consultaram o nosso site gratuito”.

Krupp afirma ter a sincera esperança de que os representantes dos peritos da comunidade judaica romana pesquisem o material original, que se encontra a poucos passos de sua casa.

“Creio que descobriram que mesma existência hoje da que o papa Pio XII chamava ‘esta vibrante comunidade’ deve-se aos esforços secretos deste papa para salvar cada vida”, disse. “Pio XII fez o que pôde, quando estava sob a ameaça de invasão, de morte, cercado por forças hostis e com espiões infiltrados”.

Elliot Hershberg, presidente da Pave the Way Foundation, acrescenta: “No serviço de nossa missão, nos empenhamos em tentar oferecer uma solução para esta controvérsia, que atinge mais de 1 bilhão de pessoas”.

“Temos usado nossos links internacionais para obter e inserir em nosso site 46.000 páginas de documentos originais, artigos originais, testemunhos oculares e entrevistas com especialistas para oferecer esta documentação pronta a historiadores e especialistas.”

“A publicidade internacional deste projeto tem levado, a cada semana, nova documentação, que mostra como estamos nos movendo para eliminar o bloqueio acadêmico que existe desde 1963.”

O morris profetandi do Malafaia

Pedindo antecipadamente desculpas pela autocitação, ainda não terminou o mês de julho e no último dia 9, no texto "Malafaia quer liberdade de expressão só pra ele", este blog - sem precisar consultar nenhum oráculo - previa:
Entretanto, vez ou outra, ele volta à baila por causa de seus comentários que, ocasionalmente, vemos nos seus programas, como foi o caso de hoje cedinho (vídeos abaixo), em que Malafaia desfilou mais um xororô dizendo-se vítima de uma série de agruras e perseguições para - em seguida - pedir dinheiro. Nada de novo no front. Não será surpresa se, nas próximas semanas, Morris Cerullo ou Mike Murdoch aparecerem por lá com mais uma de suas campanhas mágicas de prosperidade. O esquema é sempre esse: xororô-Cerullo ou xororô-Murdoch. Acredita quem quer. Afinal, vivemos num país democrático e livre, e cada um cuida de si e – tanto quanto pode – dos outros. Se for engodado pela própria concupiscência (Tiago 1:14) e cair no conto do bilhete premiado, aí já é problema dele com Deus.

Pois é... este blog não tem bola de cristal, não joga búzios, não consulta espíritos, não lê mãos ou cartas, nem leva o nome de Deus em vão, mas hoje cedo apareceu o pândego "profetólogo" Morris Cerullo no programa do Malafaia, com uma nova "promoção" de unção financeira não mais a 900 paus, como em 2009, mas a 911 reais. O esquisito é que este povo nunca DÁ bênçãos e unções de graça, por amor e liberalidade, né? Sempre tem que ter algum dinheiro em troca da "unção". Agora, porque R$ 911? Teria sido a inflação? Alguma referência ao 11 de setembro (9/11 na datação inglesa)? Estaríamos diante de mais uma hecatombe malafaiana? Não sabemos... só sabemos que este blog não precisou de revelação ou profecia para antever que dentro de alguns dias os espectros mal-assombrados de Morris Cerullo ou Mike Murdoch (os Nâzgul do Malafaia) iriam aparecer vendendo unção no programa dele. É que já é bastante conhecido o modus operandi do camarada em questão. Se bem que no caso do Cerullo, seria "morris profetandi"? De qualquer maneira, aproveitando os eflúvios místicos e premonitórios baianos, já que os três gostam tanto de "vitória financeira", se eles montassem um trio elétrico de axé, sairiam no Corredor da Vitória em Salvador cantando "chorei, chorei, até ficar com dó de mim + me dá um dinheiro aí", emendando uma na outra sem fim, e não vai faltar folião rasgando dinheiro atrás deste bloco da insensatez...


A estranha igreja do pastor Cambalacho


Não, não estamos falando de um "pastor" que pede polpudas ofertas com base na numerologia fajuta de seu guru de peroba ianque. 

Para nossa vergonha coletiva, há outras coisas igualmente inacreditáveis acontecendo na igreja evangélica brasileira, coisas que Deus só não duvida porque Ele conhece até que ponto os humanos são cínicos e capazes de usar o santo nome dEle em vão. 

Quando se acrescenta ao triste quadro a baderna que toma conta das instituições brasileiras, aí parece realismo fantástico de tantas obras da literatura latinoamericana. 

Só que, no caso abaixo, não há nenhuma ficção ou fantasia. Mesmo assim, a história é tão absurda que fica difícil acreditar: milícias cariocas teriam expulsado (e desaparecido com) uma mulher de um terreno para que um "pastor" (que cumpriu pena por estupro e homicídio) construísse ali uma igreja evangélica. 

Sentiu o nível? Mas não para por aí: o "pastor" em questão seria conhecido pela alcunha de "Jorge Cambalacho", o que, cá entre nós, não é exatamente um bom apelido para um indivíduo com essa história pregressa e essa proposta, digamos, "evangelística". 

Quando a gente acha que já atingiu o fundo do poço, sempre aparece um "pastor" pra cavar um pouco mais fundo... e consegue! 

O perigo é terminar encontrando lá embaixo o cadáver da igreja evangélica brasileira...

Prepare seu estômago e leia a notícia d'O Dia Online:

Milícia da Taquara impedia moradores de pintar cabelo

Grupo cobrava taxa por obra e determinava horário para ficar na rua e ouvir música

POR ISABEL BOECHAT


Rio - Integrantes da milícia da Taquara — desarticulada na quarta-feira em operação da Delegacia de Repressão às Ações Criminosas Organizadas e Inquéritos Especiais (Draco/IE) e do Ministério Público — estavam acostumados a interferir dentro das casas dos moradores. A audácia era tanta que os milicianos proibiram que cabelos fossem pintados de louro, sob alegação de que não poderiam ficar parecidos com os de traficantes. Catorze acusados estão presos.

Quando era desagradado, o grupo também não autorizava que ninguém ouvisse música ou ficasse na rua após as 19h, como punição. Para usuários de drogas e suspeitos de roubos, a penalidade era expulsão ou morte.

Taxa do cascalho

Além cobrar pela ‘segurança’ e fornecimento de água, os paramilitares ainda impunham aos moradores mais recentes a ‘taxa do cascalho’. A justificativa era de que a quantia — que variava entre R$ 5 e R$ 250, dependendo das posses do morador — seria empregada na pavimentação e conserto de ruas.

Na investigação, que durou seis meses, há relatos de cinco homicídios e quatro desaparecimentos na área. Os milicianos chegavam a entregar testemunhas à polícia, acusando-as de assassinatos e porte de arma — crimes que teriam sido cometidos pela quadrilha. Advogado dos milicianos, Kleber Lima levava as vítimas à 32ª DP (Taquara) e as coagia a aceitá-lo como defensor, para que cedessem às ordens dos paramilitares.

Entre os homicídios citados está o do pedreiro Rony Araújo de Melo, em fevereiro de 2004. Ele seria testemunha em uma das arbitrariedades cometidas pela milícia.

Segundo o promotor do Décio Alonso Gomes, do Gaeco, outros setores do Ministério Público investigam outras atrocidades cometidas pela quadrilha.

Expulsa para ex-assassino montar igreja

A investigação indica que pelo menos 38 invasões de imóveis foram realizadas pelo grupo chefiado pelo delegado aposentado da Polícia Federal Luiz Carlos da Silva, o policial civil Eduardo Lopes Moreira e o soldado da PM Thiago Pacheco.

Em um dos casos citados em inquérito, os paramilitares expulsaram a dona de um terreno, que está desaparecida. No local, foi construída uma igreja evangélica. De acordo com as investigações preliminares, o pastor que toma conta do local é um homem conhecido como Jorge Cambalacho que, após ser cumprir pena por homicídio e estupro, deixou a cadeia e teria montado o templo com a ajuda da milícia.

Em outro episódio, o dono de um sítio se negou a pagar a taxa de água, desviada ilegalmente de uma reserva, e fez um poço artesiano. O poço foi cimentado pelos paramilitares e todos os animais da propriedade da vítima morreram.

Água desviada para sítio de delegado

Fechar poços artesianos não era a única medida truculenta da milícia para quem se recusava a pagar a taxa de água, no valor de R$ 40. Um morador foi obrigado a ficar oito meses desabastecido, por discordar da cobrança.

A água era retirada ilegalmente da reserva florestal do Maciço da Pedra Branca. Segundo as investigações, o desvio era feito para o sítio do delegado federal Luiz Carlos Silva, e de lá, para a casa dos moradores que pagavam a taxa. Carros-pipas da região abasteciam no local para a revenda.

A mulher do delegado também é citada no inquérito. Numa gravação, ela encontra uma morador que é contra o grupo comandado por seu marido. Ela vai até o seu local de trabalho e faz ameaças que são ouvidas pela testemunha: “Eu não sei como o X. ainda está vivo. Esse cara já era pra ter morrido há muito tempo. Mas ele não passa desse mês”, alertou ela.

sexta-feira, 29 de julho de 2011

Cristãos secretos na capital do hinduísmo

A notícia é da agência católica de notícias Zenit:

Descobrir Cristo na Índia

ROMA, sexta-feira, 29 de julho de 2011 (ZENIT.org) – Existe um movimento de pessoas na Índia que seguem a Cristo mas que não estão batizadas.

Esse número poderia chegar a 50.000 membros, segundo alguns sacerdotes que trabalham em estreito contato com eles.

Os sacerdotes que trabalham na capital espiritual hindu de Varanasi (Benares), no norte da Índia, informaram dos Khrist Bhaktas – literalmente "os devotos de Cristo" – terem aumentado seja em número ou em compromisso religioso.

Em uma conversa com AIS (Ajuda à Igreja que Sofre), os sacerdotes disseram que se deve ampliar e desenvolver esse apoio à comunidade. Muitos membros dela, por enquanto, não se sentem preparados para o Batismo.

O padre Paul D'Souza, diretor da Nav Sadhana, um centro pastoral católico de Varanasi, disse que os Khrist Bhaktas mantêm grande parte da cultura hindu, dominante da região, expressando sua própria devoção a Cristo em um estilo de oração e adoração típicos da área.

O padre disse que o movimento Khrist Bhakta cresceu a partir da sensibilidade da Igreja sobre a cultura dos fiéis, por exemplo, a prática de reunião em ashram cristãos, centros espirituais e culturais organizadas para orar e formar-se em Cristo e em sua Igreja.

“O número de Khrist Bhaktas está aumentando", disse o padre D'Souza. "Eles são muito firmes em sua fé. No momento, não estamos batizando muitos, mas alguns pediram o batismo."

De acordo com relatórios recebidos por AIS, os Khrist Bhaktas muitas vezes são convidados a praticar sua fé em segredo, por medo de reação de pessoas que se opõem a uma evangelização cristã no que é considerado o coração do hinduísmo.

Os sacerdotes e outros líderes eclesiais que trabalham com Khrist Bhaktas salientaram que não fazem proselitismo e respondem somente àqueles que procuram se engajar no movimento.

Com base em relatos de AsiaNews e outras agências de notícias cristãs, milhares de pessoas frequentam os Sunday Satsangs (encontros de oração) em alguns ashram.

Padre D'Souza descreveu os projetos para a realização de um novo ashram proposto para responder às solicitações.

De acordo com alguns relatórios, poderiam existir pelo menos 50 ashram católicos, e talvez um número similar de ashram protestantes.

Para padre D'Souza, uma das razões pelas quais as pessoas são atraídas pelo movimento Khrist Bhakta é seu estilo comunitário de adoração, diferente do hinduísmo tradicional, na qual a oração é privada e tradicional.

Para os demais, as pessoas querem fugir do rígido sistema de castas que prevalece na região, especialmente opressivo nas áreas rurais.

Apresentador do SBT diz que presos evangélicos são falsos convertidos

O jornalista gaúcho Luiz Carlos Prates ficou conhecido nacionalmente no ano passado por suas polêmicas declarações na RBS/TV (afiliada da Globo) de Santa Catarina, de que "hoje qualquer miserável tem um carro". Tudo indica que a repercussão de sua fala tenha feito com que ele fosse defenestrado da RBS, e hoje Prates tem um programa no SBT/SC, onde agora disse que os presos evangélicos são "falsos convertidos", que "o camarada entra numa igreja, põe um livro debaixo do braço e sai convertido... mentira! isto é pra enganar a torcida", "porque na minha delegacia, entrou com (Bí)livro debaixo do braço, solta o livro... não vale nada, é mentira", conforme o vídeo abaixo.

A favor de Prates, registre-se que, efetivamente, muita gente se aproveita da condição de "evangélico" para se proteger, mostrar que tem bom comportamento, e ainda se valer da rede de proteção de outros evangélicos dentro e fora da cadeia, sem que, com isso tenha realmente se convertido a Cristo. É que ainda existe uma parcela da sociedade que acredita que o nome "evangélico" - por si só - representa um sinônimo de atestado de idoneidade ou de bons antecedentes, o que de fato era até décadas atrás, quando os evangélicos honravam o nome que carregavam e - principalmente - o Senhor a quem serviam. Hoje, entretanto, o nome "evangélico" tem um cunho muito mais ideológico, no sentido de representar um grupo que segue determinadas práticas e repete certos chavões ensinados por líderes de projeção nacional, especialmente quanto ao dinheiro e à prosperidade.

Por outro lado, o problema do discurso de Luiz Carlos Prates é a generalização fascistoide que não só o caracteriza, como também é aceita por uma porção significativa da população brasileira, não afeita à democracia e a convivência pacífica com os diferentes. Se é verdade que o meio penitenciário tem a má fama de "escola do crime" e que lá se encontram aproveitadores que abusam do nome "evangélico" para obter favores e privilégios pessoais, também há uma boa parcela de detentos que entra totalmente perdido no sistema carcerário e sai de lá com a vida transformada em todos os sentidos. Não conseguimos localizar estatísticas confiáveis, mas há quem diga que o percentual de reincidência criminal no Brasil chega a 80%, embora pareça mais seguro - diante da disparidade regional - imaginá-la entre 15 e 30% a nível nacional. As novas declarações genéricas e polêmicas de Luiz Carlos Prates nada fazem para mudar este quadro, apenas pertencem a um folclore pernicioso e de mau gosto da péssima televisão brasileira, que devem ser analisadas e combatidas para depois, como de costume, serem descartadas na vala comum das bobagens ditas em nome da demagogia.


Como manipular a opinião pública

Quer aprender a manipular pessoas? Comece por um pequeno grupo e convença - no mínimo - 10% dos seus integrantes. Eles se encarregarão de propagar aos demais as suas ideias e a sua visão de mundo, para o bem ou para o mal. Se funciona, já não se pode garantir, mas, num breve resumo, é exatamente isso o que diz o artigo abaixo, do site LiveScience, traduzido por Patricia Herman e publicado no HypeScience:

Como mexer com a opinião pública: convença 10% deles

Para uma opinião ou crença, 10% é massa crítica. Se essa porcentagem da população abraça uma ideia, ela vai se espalhar rapidamente para a maioria da população, afirmam cientistas.

Quando o número de detentores de uma opinião sólida está abaixo de 10%, não há progresso na propagação de ideias. Se essa taxa é ultrapassada, a ideia se espalha como fogo.

Por exemplo, os ditadores que detiveram o poder durante décadas na Tunísia e no Egito foram derrubados em questão de semanas, quando os eventos recentes empurraram a opinião pública abaixo desse limite.

Os pesquisadores testaram a propagação de opinião usando modelos computacionais de diferentes redes sociais: um em que todo mundo estava ligado a todos as outras pessoas; um com algumas pessoas bem conectadas; e outro em que todos tinham o mesmo número limitado de conexões.

Em todos os casos, algumas pessoas de dentro da rede soltavam uma inabalável, mas incomum, crença. Todos os outros tinham uma visão tradicional, mas foram receptivos e mantiveram a mente aberta.

Eles descobriram que, independentemente do tipo de rede, manteve-se em 10% o limite necessário para mudar a opinião da maioria, uma vez que os verdadeiros crentes começaram a falar com todo mundo.

De acordo com os pesquisadores, este impressionante achado tem amplas implicações para a compreensão de como se espalha uma opinião.

Alguns exemplos podem ser a necessidade de convencer rapidamente uma cidade inteira a se mover antes de um furacão, ou espalhar novas informações sobre a prevenção de uma doença em uma vila rural.

quinta-feira, 28 de julho de 2011

Um terrorista entre Deus e o diabo (ou nenhum dos dois)

No seu manifesto de 1.500 páginas, amplamente divulgado na internet, o terrorista norueguês Anders Behring Breivik, apresentado como "fundamentalista cristão" pela mídia, se revela mais um "darwinista social" no estilo hitleriano do termo, como já tivemos oportunidade de analisar na crítica do filme "A Queda", publicada aqui. A "seleção natural da humanidade" se daria pela força de líderes especiais (como ele) que não mediriam as consequências para levar a batalha adiante e eliminar os mais fracos, naquilo que Breivik chama - curiosamente - de "darwinismo nacional" (ou "nacionalista"). O fato é que o próprio terrorista se autointitula "100% cristão", além de enaltecer sua ascendência viking, traçando as origens nórdicas do seu sobrenome Behring, que significaria "aquele que é protegido pelo urso". Mesmo se dizendo cristão e protestante, Breivik propõe que as igrejas protestantes sejam absorvidas pela católica para que, juntos, possam se contrapor à "ameaça islâmica" que paira sobre a Europa. Só nessas poucas linhas, fica claro o seu narcisismo, ao se julgar um "iluminado" que traça planos mirabolantes para comandar a cristandade no seu combate final contra os pagãos.

A certa altura do seu perturbado manifesto, Breivik justifica seu apreço por Darwin afirmando que “é essencial que a ciência tenha sempre uma prioridade incontestável sobre os ensinamentos bíblicos. A Europa sempre foi o berço da ciência, e deve sempre continuar a ser assim. Quanto a minha relação pessoal com Deus, acho que não sou um homem religioso. Sou em primeiro lugar um homem de lógica. No entanto eu apóio uma Europa cristã monocultural”. Mais adiante, sempre dando ênfase ao verbo conjugado na primeira pessoa, ele prossegue dizendo: "eu creio que a futura liderança de uma hegemonia cultural conservadora na Europa vai assegurar que a atual liderança da Igreja seja substituída e o sistema seja reformado de alguma maneira. Nós precisamos ter uma liderança da Igreja que dê suporte a uma Cruzada com a intenção de liberar os Bálcãs, a Anatólia [região onde está hoje a Turquia], com a criação de três Estados cristãos no Oriente Médio. Esforços devem ser coordenados para facilitar a descontrução da Igreja Protestante, cujos membros deveriam se reconverter ao Catolicismo. A Igreja Protestante teve um papel importante na história, mas os seus objetivos originais foram cumpridos e contribuíram para também reformar a Igreja Católica. A Europa deveria ter uma única liderança da Igreja através de um papa justo e não-suicida [seja lá o que isto signifique], que queira lutar pela segurança dos seus súditos, em especial contra as atrocidades islâmicas".

Trata-se, portanto, de uma mente fragmentada, mas extremamente narcisita, a ponto de não só apontar os rumos da cristandade, como tomar nas próprias mãos (e literalmente executar) a missão autoincumbida de salvá-la do perigo muçulmano. Se, por um lado, tem um discurso religioso, messiânico e "autoglorificador", trata as igrejas apenas como massa de manobra para atingir o seu objetivo (no que não difere muito de tantos líderes políticos atuais e antigos, inclusive o próprio Hitler). Em outros momentos, como quando elogia Darwin e a supremacia da ciência sobre a fé, o seu discurso não difere do que diria Richard Dawkins a um público ateu, por exemplo. Há ainda outra vertente que parece ser a preferida na sua visão de mundo: o cristianismo é uma questão cultural europeia, já que "não é necessário que você tenha um relacionamento pessoal com Deus ou Jesus para lutar por nossa herança cultural cristã e nosso estilo de vida europeu". Uma coisa é certa: crendo ou descrendo, para o bem ou para o mal, Breivik gosta muito de religião. Delírios provenientes de uma mente dilacerada (e que dilacera) em terras boreais.

Fonte: WorldNetDaily

Ibope diz que 55% dos brasileiros são contrários ao casamento gay

O Ibope apresentou os dados de uma pesquisa feita para aferir a opinião dos brasileiros sobre o casamento entre homossexuais. Ainda que sejam sempre questionáveis, as estatísticas se revelam bastante interessantes, mostrando uma rejeição maior entre os homens (63%) e os que têm mais de 50 anos de idade (73%). Por outro lado, há uma aprovação de 60% entre os mais jovens, na faixa de 16 a 24 anos de idade, o que pode indicar que a legalização do casamento gay é só uma questão de tempo. Curiosamente, católicos e ateus estão divididos meio a meio, com uma maior aprovação dos espíritas e religiões não cristãs (60%), e gigantesca maioria de contrários (77%) entre os evangélicos, conforme a notícia do Terra abaixo:

Ibope: 55% dos brasileiros são contra união civil gay

A decisão do Superior Tribunal Federal (STF) em autorizar a união estável para casais do mesmo sexo não conta com o respaldo da maioria da população brasileira, conforme revela estudo do Ibope Inteligência: 55% dos brasileiros se revelaram contrários à mudança. Mas o tema divide a população: 52% das mulheres são a favor e 63% dos homens são contra. As opiniões variam muito em função da religião, idade e escolaridade.

De maneira geral, a pesquisa identifica que as pessoas menos incomodadas com o tema são as mulheres, os mais jovens, os mais escolarizados e as classes mais abastadas. Regionalmente, a união civil homossexual encontra maior resistência nas regiões Norte, Centro-Oeste e Nordeste.

A pesquisa entrevistou pessoalmente 2 mil brasileiros de todas as regiões, seguindo as cotas de distribuição por idade, sexo e classe de consumo, entre 14 e 18 de julho. A margem de erro é de dois pontos porcentuais, para mais ou para menos.

Entre os jovens de 16 a 24 anos, 60% são favoráveis. Já os maiores de 50 anos são majoritariamente contrários (73%). Entre as pessoas com formação até a 4ª série do ensino fundamental, 68% são contrários. Na parcela da população com nível superior, apenas 40% não são favoráveis à medida. Territorialmente, as regiões Nordeste e Norte/Centro-Oeste dividem a mesma opinião: 60% são contra. No Sul, 54% das pessoas são contra e, no Sudeste, o índice cai para 51%.

O quesito que mais divide a opinião dos brasileiros é a religião. Entre os católicos (50% a 50%) e entre os 12% de ateus/agnósticos (51% de apoio) há um racha de iguais proporções. Entre espíritas e adeptos de outras religiões não cristãs, o apoio ao casamento de pessoas do mesmo sexo chega a 60%. Quem desequilibra as opiniões são os evangélicos/protestantes: 77% são contra a iniciativa do STF.

O Ramadã do Edir

É no mínimo curioso que o Edir Macedo, líder da igreja universal, tenha marcado o seu já bastante divulgado "jejum midiático" para coincidir com o Ramadã islâmico, tradicional jejum muçulmano de 28 dias que, em 2011, também começará no dia 1º de agosto. No caso da igreja de Edir Macedo, serão 21 dias em que os seus fiéis são incentivados a se manter afastados das notícias seculares, o que pode dar um gás extra à TV que a universal lançou na internet, segundo noticia hoje a Folha.com:

Universal lança TV na internet e pede 'jejum' de notícias a fiéis

AGUIRRE TALENTO
DE SÃO PAULO


Depois de lançar um canal de televisão na internet com 24 horas de programação religiosa, a Igreja Universal do Reino de Deus convocou seus fiéis a passar 21 dias sem consumir qualquer tipo de informação não religiosa.

O bispo Edir Macedo, líder da igreja, classificou o jejum de "abstinência audiovisual" em nota no seu blog.

Os fiéis não deverão ver TV, ouvir rádio, acessar a internet ou ler jornais que estejam veiculando informação secular (não religiosa).

O jejum vai da próxima segunda-feira, dia 1º, até o dia 21. O objetivo é promover uma "faxina espiritual".

"Será uma abstinência audiovisual de todo o lixo deste mundo. (...) Durante o jejum, o Espírito do Senhor descerá sobre todos os participantes sinceros", escreveu o bispo.

É a segunda vez que a Universal realiza esta abstinência audiovisual --a primeira foi em abril. Agora, porém, a igreja convoca os fiéis a assistir à Iurd TV, canal online lançado em maio. Macedo também é dono da Rede Record.

O chamado está no site da Arca Universal, portal de internet ligado à Iurd. "É de se esperar que mais pessoas se unam na mesma fé, pois agora está disponível para os internautas de todo o mundo a Iurd TV, com orações e mensagens de fé durante 24 horas", diz reportagem do site.

A Folha tentou contato com a Universal, mas não obteve resposta até o fechamento desta edição.

quarta-feira, 27 de julho de 2011

Racismo não é folclore

Marcelo Semer é Juiz de Direito em São Paulo. Foi presidente da Associação Juízes para a Democracia. Coordenador de "Direitos Humanos: essência do Direito do Trabalho" (LTr) e autor de "Crime Impossível" (Malheiros) e do romance "Certas Canções" (7 Letras). Responsável pelo Blog Sem Juízo. É dele o artigo abaixo, publicado no Terra Magazine:

Noruega ensina que racismo não pode ser visto como folclore

Se existe algo que o massacre na Noruega pode nos ensinar é que racismo, machismo e xenofobia não devem ser tratados como mero folclore.

Entre as palavras e as ações há um longo caminho, mas sempre pode existir alguém disposto a percorrê-lo.

Sarah Palin, candidata republicana a vice-presidente e musa do ultra-conservador Tea Party, dizia que a deputada democrata Gabrielle Giffords era um dos "alvos a serem abatidos" na política norte-americana.

Tratava-se de uma metáfora, mas um atirador em Arizona, a levou ao pé da letra. A tentativa de abater o alvo, uma das vozes contra a política hostil aos imigrantes, resultou em seis mortes em janeiro último, na cidade de Tucson.

Não há hoje quem não tema as possíveis consequências políticas de uma Europa economicamente em frangalhos -a lembrança da mistura depressão-fascismo do século XX ainda é suficientemente viva para suscitar este temor. Mas parece não ser o bastante para afastar a xenofobia, agora focada na repulsa ao Islã e a imigrantes que vem da África e Ásia.

A recente era da globalização só funcionou enquanto serviu como uma segunda colonização.

Os países periféricos foram instados a abrir seus mercados, homogeneizar suas normas, privatizar e internacionalizar suas empresas estratégicas, criando mercados alternativos ao já saturados no hemisfério norte.

Mas o mundo tornou-se global apenas em uma direção, pois as fronteiras voltaram a se fechar de forma ainda mais vigorosa, com a construção de grandes muros e o recrudescimento das leis de imigração - imigração esta que em outros tempos supriu com mão de obra barata, serviços que nacionais se recusavam a cumprir.

Pouco se pode fazer, é verdade, para impedir de todo ações repentinas de vingadores que se sentem representantes de uma nova cruzada, propondo salvar o mundo com toscas visões.

Mas estimular o discurso do ódio certamente não é uma delas.

O alarmismo com a fé diversa, o maltrato com o forasteiro e o diferente, o apego extremado a valores moralistas, são o caldo de cultura próprio para gerar ações excludentes, que tanto podem reverter em atentados quanto desembocar em políticas de Estado. Afinal, o que pode ser mais terrorista que o Holocausto?

Se a história se repete, como profetizava Marx, o receio é que nos abata mais uma vez como tragédia. Parafraseando Martin Luther King, parece ser o caso de nos preocuparmos tanto com o silêncio dos bons, quanto com o grito dos maus, este cada vez mais ensurdecedor.

O Brasil não vive o momento depressivo que se espalha pela Europa e Estados Unidos, fruto dos desvarios neoliberais, que maximizaram os mercados e o lucro e minimizaram as regulações.

Ao revés, vive anos de crescimento que resultaram em inesperada mobilidade social, mas isto também é motivo para cautela.

À incorporação de direitos civis a grupos minoritários, como homossexuais, instaurou-se uma brigada da moral, com forte apelo religioso. À incorporação ao mercado consumidor de uma classe emergente, recém-saída da linha de pobreza, levantou-se reação de quem se sente invadido em espaços até então exclusivos, entre faixas de automóveis e assentos de aviões. Ao pujante crescimento do Nordeste, esboça-se uma xenofobia de cunho separatista.

Aqui, como na Europa, devemos temer, sobretudo, aos que se propõe a nos higienizar ou recuperar valores tradicionais, que apenas remontam a mais exclusão.

O antídoto ao fascismo é o exercício da democracia e a preservação da dignidade humana como vetor de políticas sociais.

Só se abate o preconceito acreditando na igualdade.

terça-feira, 26 de julho de 2011

Glenn Beck compara vítimas norueguesas à Juventude Hitlerista

O ativista mórmon Glenn Beck é um dos expoentes do conservadorismo norteamericano, que tinha até alguns meses atrás um programa seu na rede Fox News, de propriedade de Rupert Murdoch, recentemente envolvido no escândalo de escutas ilegais ("grampos") que acarretou o fechamento do tabloide britânico News of the World (do qual era também dono), além de tê-lo levado a depor no Parlamento do Reino Unido. 

Conhecido pela defesa dos princípios mais à direita do que já está na direita o Partido Republicano dos EUA, o que o levou a formular novas teorias da conspiração a cada programa seu no rádio ou na TV, Glenn Beck também faz questão de se apresentar como um brilhante líder religioso mórmon, nem que para isso tenha que fingir-se "especialista" no que não é, como quando desancou o Concílio de Niceia num programa de rádio de 27 de maio de 2010, misturando-o com os manuscritos do Mar Morto (Qumram), alegando que um havia sido substituído pelo outro, sem qualquer evidência histórica que sustentasse sua fantasiosa versão.

Suas reiteradas acusações infundadas contra tudo e todos terminaram gerando um boicote aos anunciantes do seu programa na Fox News, que não resistiu à metralhadora giratória inconsequente de seu apresentador e foi cancelado alguns meses atrás. 

Agora, só lhe resta o programa radiofônico, no qual ele comentou o recente ataque terrorista perpetrado por um fanático religioso conservador na Noruega, Anders Behring Breivik, agora conhecido como "o carniceiro de Oslo", segundo informa o jornal britânico The Guardian

Estranhamente, em vez de aproveitar a chance para desvincular seu pensamento extremista e condenar o ataque terrorista, Beck, ao que parece, joga a culpa nas vítimas inocentes, ao afirmar que não entende como jovens estavam reunidos na ilha de Utøya para um acampamento político, comparando-os com a Juventude Hitlerista, que também utilizava esse expediente nos mórbidos tempos da Alemanha nazista. 

Torbjørn Eriksen, antigo assessor de imprensa do primeiro-ministro da Noruega, Jens Stoltenberg, rebateu as críticas de Beck dizendo que já há 60 anos este acampamento é realizado, e nunca houve qualquer ameaça à democracia. 

Já na lógica enviesada e corrompida de Glenn Beck, jovens não podem se reunir para um congresso ou encontro político de qualquer matiz, sob pena de se equipararem a nazistas e serem alvejados por algum lunático religioso. 

Esquece-se convenientemente, entretanto, que o movimento conservador Tea Party dos EUA, do qual Beck é um dos incentivadores, também reúne jovens em muitos acampamentos por todo o país. 

O discurso distorcido de Glenn Beck é tudo o que o mundo não precisa num momento como este (e em todos os outros).

Arte em cheques

Ainda é um mistério a identidade do artista que está por trás (e na frente) das obras de arte abaixo, que merecem ser divulgadas. Se alguém tiver informações sobre o autor, por gentileza nos avise para darmos os parabéns e os devidos créditos:










segunda-feira, 25 de julho de 2011

Tadjiquistão proíbe menores de 18 anos de praticar sua religião


O Tadjiquistão (ou Tajiquistão) é uma das antigas repúblicas que fizeram parte da extinta União Soviética, cuja dissolução resultou na independência do país em 1991. 

Está localizado na Ásia Central, encravado entre Quirguistão, China, Afeganistão e Uzbequistão, com uma população de cerca de 7,5 milhões de habitantes, a grande maioria deles muçulmanos (majoritariamente sunitas), ainda que haja uma presença pequena das Igrejas Ortodoxas Russa e Ucraniana. 

Registra-se, ainda, uma ínfima presença de católicos, batistas, adventistas, armênios e judeus. 

Ao que parece, o governo tajique está muito preocupado com o crescimento do radicalismo islâmico no país, e não quer engrossar as estatísticas de jovens recrutados por milícias religiosas extremistas, pelo que recentemente aprovou uma lei que proíbe certas práticas religiosas, não só muçulmanas, mas também cristãs e de qualquer outra organização religiosa, especialmente aos menores de 18 anos de idade, que seriam, portanto, impedidos de exercer sua fé, segundo informa o site Central Asia Online

A notícia abaixo é do The New York Times, traduzida e publicada pelo IG - Último Segundo:

No Tajiquistão, crescimento do islã preocupa o governo

Legisladores aprovam lei que proíbe menores de 18 anos de frequentar serviços religiosos nas mesquitas do país

O islã está florescendo no Tajiquistão. Barbas estão na moda. Lenços sobre a cabeça também. Lojas passaram a lucrar com a venda de tapetes de oração, gravações de áudio religiosas e relógios no formato dos locais sagrados dos muçulmanos.

Depois de décadas de secularismo forçado, as pessoas da empobrecida ex-república soviética voltaram à sua religião tradicional, com todo zelo adotado por movimentos renascidos em qualquer lugar do mundo.

O governo autoritário local não poderia estar mais preocupado. Assustados com o fantasma do radicalismo islâmico e os desafios representados por líderes religiosos cada vez mais influentes, as autoridades tajiques têm trabalhado intensamente para conter a expressão religiosa.

Homens barbudos têm sido detidos de forma aleatória e as mulheres, impedidas de frequentar serviços religiosos. Esse ano, o governo exigiu que os estudantes de universidades de lugares como Egito, Síria e Irã voltassem para casa. A polícia fechou mesquitas privadas e websites islâmicos, e os censores do governo agora monitoram os sermões de sexta-feira, intervindo quando os muftis desviam da linha permitida pelo governo.

No mês passado, os legisladores adotaram o que muitos disseram ser uma medida ainda mais drástica: eles aprovaram uma lei que, entre outras coisas, proíbe menores de 18 anos de frequentar os serviços religiosos nas mesquitas.

Ela é chamada de lei "sobre o poder paternal para educar e criar os filhos" e, de acordo com as autoridades, destina-se a evitar que as crianças faltem à escola para participar de orações – os pais podem ser penalizados caso não cumpram a lei.

'Estilo soviético'

Críticos do governo comparam a postura atual à uma tentativa de estilo soviético de reverter a disseminação do islã. Muitos advertem, no entanto, que a proibição aos jovens pode ter o efeito oposto.

"Depois que a lei entrar em vigor e o governo e os serviços de segurança começarem a colocar pressão, os jovens podem ser atraídos para as organizações ilegais", disse Mahmadali Hait, vice-presidente do Partido do Renascimento do Islã no Tajiquistão. "E é possível que o nível de radicalização no país aumente."

Religiosidade crescente no Tajiquistão e nas vizinhas ex-repúblicas soviéticas é vista como uma ameaça pela região de entrincheirados líderes autoritários, muitos dos quais têm estado no poder há décadas. Ao contrário da arena política ou da mídia, o islã é uma fonte potencial de dissidência que, até agora, não se tem conseguido monopolizar.

A insurgência do Taleban no vizinho Afeganistão tem apenas agravado o temor, especialmente agora que os EUA planejam retirar suas tropas do país. Confrontos ao longo da extensa fronteira do Tajiquistão com o Afeganistão são frequentes, e as autoridades ligaram militantes estrangeiros a diversos ataques contra a polícia e unidades militares locais no ano passado. Viajar entre os dois países é relativamente fácil, e vários tajiques entrevistados disseram ter visitado o Afeganistão para obter formação religiosa.

"Temos observado nos últimos anos tentativas de movimentos extremistas em influenciar a visão de mundo dos nossos filhos", disse o presidente do Tajiquistão, Emomali Rakhmon, argumentando a necessidade da lei sobre responsabilidade parental. "Os líderes de grupos extremistas e de várias correntes começaram a aparecer em instituições acadêmicas para recrutar jovens inexperientes."

Peritos independentes dizem que há poucas evidências de que grupos militantes islâmicos tenham encontrado muitos seguidores no Tajiquistão. Em vez disso, dizem eles, os líderes regionais costumam usar a ameaça do extremismo islâmico como um pretexto para reprimir a oposição política e seus apoiadores.

Rakhmon e seu grupo, cuja maioria é de ex-seculares apparatchiks (funcionários do Partido Comunista) soviéticos, lutaram e venceram uma guerra civil brutal contra uma coalizão de grupos de oposição muçulmana e secular na década de 90. Apesar de ex-comandantes de campo da oposição terem recebido promessas de cadeiras no governo após a guerra, muitos foram presos, exilados ou assassinados.

"Aqui nós temos o extremismo secular ", disse Akbar Khodzhi Turadzhonzoda, um proeminente líder islâmico e ex-membro do Parlamento do Tajiquistão. Discutir o radicalismo islâmico no Tajiquistão, disse ele, "é uma fraude".

"Isso é feito apenas para enganar o povo, fortalecer ditaduras e gastar mais dinheiro em armas e no serviço secreto”.

A lei proibindo crianças de frequentar as mesquitas ainda não entrou em vigor. Rakhmon, que propôs a medida, ainda deve assiná-la. Mas os críticos do governo e figuras religiosas dizem que as autoridades começaram a aplicá-la em alguns lugares, invadindo mesquitas, retirando jovens e adultos, multando os acusados de ensinar a religião sem a permissão do governo.

Multas

Depois que a lei for assinada, os pais podem enfrentar multas exorbitantes e até mesmo pena de prisão caso se arrisquem a desafiá-la.

A lei não impede que as crianças ou qualquer outra pessoa rezem, disse Mavlon Mukhtorov, vice-presidente do Comitê de Assuntos Religiosos, um órgão do governo que está promovendo a medida. Mas ele insistiu que os tajiques, muitos dos quais são religiosos novos, precisam de orientação - e contenção.

"Esta lei foi aprovada para que os pais dessas crianças cumpram as suas responsabilidades em criá-las", disse Mukhtorov. "Os alunos deveriam estar na escola. Se todos forem às mesquitas para as orações e deixarem de lado seu trabalho escolar eles não serão capazes de aprender”.

A lei não impediria os estudantes de estudar o islã em uma das escolas de religião do Tajiquistão ou em departamentos de teologia nas universidades, disse ele. Há apenas cerca de 20 escolas desse tipo no Tajiquistão, país de 7,6 milhões de pessoas, embora Mukhtorov diga que o governo planeja abrir mais. Todas as crianças, disse ele, podem participar dos cultos especiais nas mesquitas.

Os governos ocidentais, incluindo os Estados Unidos, condenaram a medida, bem como o que um diplomata americano descreveu recentemente como a "sistemática violação da liberdade religiosa” perpretada pelo governo tajique. Mas os temores do extremismo islâmico são graves o suficiente para que muitos tajiques, incluindo muçulmanos praticantes, apoiem a lei.

"O governo está trabalhando para garantir que as estruturas terroristas estrangeiras não influenciam os jovens, distorcendo suas impressões sobre o islã", disse Zaur Chilayev, 32 anos, engenheiro que fazia parte de uma multidão de pessoas presente na mesquita central de Dushanbe para as orações de sexta-feira. "As ameaças estão sempre presentes, especialmente tendo em conta os nossos vizinhos”.

Outros criticaram a campanha do governo como equivocada. Se são eficientes ou não em sufocar fanáticos religiosos, tais leis, para esses críticos, fariam pouco para enfrentar a causa principal do extremismo. A pobreza no Tajiquistão, juntamente com todos os problemas a ela associados, é endêmica, e as autoridades têm feito pouco para aliviá-la.

Tais problemas estavam expostos recentemente na mesquita central, onde um bando de meninos de rua, alheios aos apelos do muezzin, pediam esmolas no pátio. Quando questionado por que não entrou na mesquita para as orações, um dos rapazes respondeu timidamente: "Nós somos muito jovens".

*Por Michael Schwirtz

Terrorista norueguês queria prostitutas antes do massacre

O fanatismo do terrorista "cristão" norueguês Anders Behring Breivik, ao que parece, exigia uma festinha com prostitutas antes do massacre que planejou, segundo noticia o Terra. Curioso que ele "se descrevia como um cruzado íntegro, imbuído da missão de salvar o 'Cristianismo' europeu de uma invasão islâmica". Só que os seus equivalentes muçulmanos suicidas esperam encontrar a recompensa das 72 virgens do outro lado da bomba, e o covarde norueguês prefere não só não se matar como fazer a festinha do lado de cá...

Noruega: atirador queria vinho e prostitutas antes do massacre

O assassino confesso de mais de 90 pessoas na Noruega queria se preparar para o massacre contratando duas prostitutas de luxo e tomando um bom vinho francês, segundo um documento colocado por ele na internet, e que veio à tona na segunda-feira.

Nas 1,5 mil páginas do documento - misto de manifesto e manual de instruções para participantes de uma "cruzada" contra o Islã e políticos liberais europeus -, Anders Behring Breivik diz que os preparativos deveriam incluir uma sessão de fotos "após algumas horas num solário, para parecer mais revigorado".

Breivik, que segundo a polícia confessou o duplo atentado de sexta-feira, foi nesta segunda-feira a uma audiência judicial que analisa o pedido da polícia para que sua prisão preventiva dure pelo menos oito semanas.

O manifesto na internet expõe as ideias de Breivik e também documenta um período entre abril de 2002 e a véspera do atentado de 22 de julho, mostrando uma mistura de planejamento obsessivo com pitadas do seu cotidiano.

"Esta casa está infestada de besouros. Agora mesmo eu estava indo pegar um chocolate no meu saco de guloseimas e um besouro havia se arrastado lá dentro", escreveu ele na fazenda onde fez seus preparativos.

O texto fala de amigos e parentes e diz que no final de abril ele passou um tempo "em festas" antes de se pôr a trabalhar na fazenda que alugou para produzir a bomba que explodiu no centro de Oslo, matando pelo menos sete pessoas. A segunda parte da ação consistiu em matar dezenas de participantes de um acampamento do Partido Trabalhista norueguês.

Durante os preparativos do massacre, Breivik escreveu que às vezes se surpreendia por receber visitantes na fazenda, e que em algumas ocasiões suspeitou que se tratasse da polícia.

Ele contou também que estava guardando três garrafas de um vinho francês caro. "Considerando o fato de que minha operação de martírio se aproxima cada vez mais, decidi trazer uma para desfrutar com minha família estendida na nossa festa de Natal anual, em dezembro", escreveu.

"Minha ideia era guardar o último frasco para a minha última celebração do martírio, e desfrutá-lo com duas prostitutas modelos de alto nível que pretendo alugar antes da missão."

Não ficou claro se ele realmente fez isso. Mas, num escrito de 11 de julho, ele relatou ter "comprado muita comida boa e balas" para recarregar suas baterias.

O documento mostra também que o assassino consumia esteroides e bebidas à base de proteína para ter mais energia, e em uma passagem ele diz que gostaria de obter "pílulas de agressividade."

Breivik se descrevia como um cruzado íntegro, imbuído da missão de salvar o "Cristianismo" europeu de uma invasão islâmica.

domingo, 24 de julho de 2011

Sobre teólogos e moluscos

Três fatos recentes, aparentemente isolados e desconexos podem ter algo muito mais em comum do que a nossa vã filosofia consegue imaginar:

1) uma cena da novela Insensato Coração, em que um personagem gay comenta: “A minha mãe só fala comigo para me dar sermão, o meu pai nunca passou do bom dia e cascudo. Os dois vão na conversa do pastor da igreja deles e me tratam como se eu fosse o fim do mundo”. Silas Malafaia protestou no twitter dizendo que havia se manifestado diretamente a um dos donos da Rede Globo porque pastores estavam sendo “ridicularizados” pela emissora.

2) as declarações do Lula sobre riqueza, que alguns pastores tomaram como “teológicas”: "Bobagem, essa coisa que inventaram que os pobres vão ganhar o reino dos céus. Nós queremos o reino agora, aqui na Terra. Para nós inventaram um slogan que tudo tá no futuro. É mais fácil um camelo passar no fundo de uma agulha do que um rico ir para o céu. O rico já está no céu, aqui. Porque um cara que levanta de manhã todo o dia, come do bom e do melhor, viaja para onde quer, janta do bom e do melhor, passeia, esse já está no céu".

3) o atentado na Noruega, segundo se sabe até agora, teria sido perpetrado por um “fundamentalista cristão”, seja lá o que isto signifique.

O traço comum entre estes três acontecimentos tão díspares é, a meu ver, a ideologia. O próprio fato de Silas Malafaia ter se dirigido diretamente a um dos donos do maior império de comunicação no Brasil, que manipula ideologicamente quem, quando e o que quiser, já revela que se trata de um jogo de poder. Malafaia disse no seu twitter, que “a novela ataca e ridiculariza os pastores”, no que foi acompanhado por muitos evangélicos que se sentiram igualmente ofendidos. Não lhes ocorreu, estranhamente, que quem mais ridiculariza o pastorado e o evangelho são os mesmos pastores ditos “evangélicos” com suas campanhas ideológicas e sua “teologia” da prosperidade, mais afeitos que são ao pedido (e ao acúmulo) de dinheiro e às esferas terrenas de "poder", do que propriamente à pregação do evangelho. Os evangélicos brasileiros têm hoje uma indignação bastante seletiva e conveniente: não se ofendem quando algum “pastor” engana seus fiéis para extorquir dinheiro no mundo real, mas se ofendem quando são coletivamente depreciados por uma obra de ficção televisiva.

A declaração de Lula é apenas mais uma das bobagens que ele fala rotineiramente, na sua mania de dar opinião sobre tudo. Registre-se, entretanto, que ela foi dada no campo ideológico (que é o seu habitat natural) e é um direito do ex-presidente expressar-se livremente, e a repercussão no meio evangélico foi igualmente ideológica, ainda que travestida de ultra-sensibilidade “teológica”, já que pastores que fizeram campanha contra o PT nas eleições passadas se sentiram no direito de reviver o horário eleitoral gratuito à sua maneira. Por outro lado, gostem ou não, tudo o que o Lula disse – infelizmente – está sendo pregado na maioria das igrejas evangélicas brasileiras, com seu discurso da prosperidade material imediata e seu desprezo à Bíblia e aos ensinamentos teológicos da Igreja cristã. O que Lula comentou foi apenas a percepção que o cidadão médio brasileiro tem da pregação dos mesmos pastores que o criticam, percepção esta que – obviamente – não guarda nenhuma relação com o que Jesus e a Igreja – historicamente – ensinaram. Afinal, que atire a primeira pedra o evangélico que nunca ouviu uma pregação de que “o cristão tem que comer do melhor desta terra”...

Já o atentado na Noruega, com suas dezenas de mortos, que teria tido como causador um fanático alucinado que se apresentou como “fundamentalista cristão” e islamofóbico, é uma prova cabal de onde esta “ideologização” do cristianismo – levada ao extremo - pode desembocar. Uma insanidade que mata dezenas de inocentes deve ter começado, muito provavelmente, com a deturpação dos ensinos do evangelho em nome de uma aplicação distorcida de seus princípios a uma espécie de guerra ideológica contra inimigos imaginários que precisam ser vencidos não mais no terreno das ideias e da (outrora gloriosas) oração e perseverança (mesmo em meio ao sofrimento), mas à bala.

Ainda dá tempo dos evangélicos brasileiros abandonarem seu corporativismo ideológico e pararem de se comportar como uma torcida organizada no estádio, irritada com os cânticos e refrões da torcida contrária. Senão, seu fim será igualmente trágico. Lamentavelmente.

sábado, 23 de julho de 2011

Que pena, Amy...

Ainda que a sua vida de excessos fosse uma espécie de crônica de uma morte anunciada, o fim de Amy Winehouse, encontrada morta em sua casa em Londres hoje, é um desses desperdícios de vida e de talento difíceis de entender e de aceitar. Uma voz privilegiada, uma interpretação rara, marcante como a de poucos cantores que já passaram por este mundo, infelizmente se perderam para sempre e ficarão apenas na memória, nessa estranha mania que a humanidade tem de "eternizar" seus ídolos jovens, imolando no altar da fama gente como Marilyn Monroe, James Dean, Kurt Cobain, Janis Joplin, Jimmy Hendrix e tantos outros. Se é verdade que Deus colocou no coração do homem este desejo de eternidade (Eclesiastes 3:11), talvez o ritual da fama seja a expressão humana de perpetuar-se na memória coletiva e celebrar - também coletivamente - a nossa imensa dor de sermos simples mortais. Triste demais ver talentos tão gigantescos - e vidas que poderiam ser tão belas - se esvaírem em praça pública, debaixo de nossos olhos, lembrando-nos de nossa finitude, jogando na nossa cara a nossa impotência diante da morte. Neste triste sábado, Amy Winehouse sucumbiu definitivamente aos seus demônios. Que pena, Amy...

Terrorista norueguês seria fundamentalista cristão

As notícias sobre o trágico atentado terrorista na Noruega estão sendo atualizadas minuto a minuto (assim como as terríveis estatísticas das vítimas), mas a se confirmar a suspeita de que o causador da desgraça seria "fundamentalista cristão", além de "anti-islâmico radical" (seja lá o que essas duas condições signifiquem), estaríamos todos diante do pior cenário possível: uma espécie de "epidemia de terrorismo religioso" que não estaria mais circunscrita a um determinado grupo de fanáticos. Pessoas de diferentes origens religiosas que, no fundo, pensam a mesma coisa intolerante a respeito da convivência pacífica entre os povos, agora estariam se julgando antagônicos e promovendo, ainda que de maneira diminuta (mas difícil de prevenir e controlar), uma política belicista de extermínio dos que não comungam das suas crenças corrompidas. O problema é essa loucura contaminar os que ainda estão sãos. A notícia é do Terra:

Sobe para 84 número de vítimas no acampamento de ilha na Noruega

Chegou neste sábado a 84 o número de vítimas fatais do massacre no acampamento juvenil social-democrata da ilha de Utoya, vizinha a Oslo, informou a polícia norueguesa. Com isso, chega a 91 o número total de mortos nos dois atentados no país, uma vez que foram confirmadas sete mortes após as explosões no centro da capital Oslo.

O ataque, cujo suposto autor é um norueguês de 32 anos de tendências ultradireitistas e islamofóbicas, aconteceu duas horas depois do atentado no centro da capital norueguesa, onde morreram outras sete pessoas. Segundo fontes policiais, o número de vítimas deve aumentar nas próximas horas, já que há muitas pessoas feridas com gravidade por ambos os ataques. Além disso, há buscas por possíveis vítimas na águas, já que muitos jovens tentaram fugir a nado.

O suposto autor do duplo atentado acabou detido na própria ilha e foi interrogado pela polícia. Em pronunciamento à população, o primeiro-ministro norueguês, Jens Stoltenberg, classificou o ocorrido de a "pior tragédia desde a Segunda Guerra Mundial".

"Foi um ataque ao paraíso da minha juventude, transformado agora em um inferno", acrescentou o político, que antes do atentado marcara uma visita à ilha hoje, lugar que visitou quando era jovem para participar de acampamentos.

O ataque na ilha ocorreu por volta das 10h30 de Brasília, duas horas depois do atentado com um carro-bomba no complexo governamental de Oslo, que deixou sete mortos e 15 feridos.

O ministro da Justiça, Knut Storberget, no pronunciamento junto a Stoltenberg, confirmou as informações divulgadas pela Polícia anteriormente, segundo as quais o suposto autor do massacre, detido após sua ação na ilha, é um norueguês de 32 anos com contatos com a extrema-direita.

Segundo a polícia, o suspeito tinha "ideias hostis ao islã e próximas ao fundamentalismo cristão", como revelou um registro efetuado em sua casa, onde a Polícia encontrou várias mensagens postadas na internet com conteúdo ultradireitista e anti-islã.

O suspeito foi identificado pela imprensa como Anders Behring Breivik e agiu sozinho, segundo as investigações policiais em curso, que, no entanto, não descartam a hipótese de comparsas terem participado do atentado.

sexta-feira, 22 de julho de 2011

A arte do divino contentamento


O Gustavo, do site E-Cristianismo (e também editor deste blog), está traduzindo e publicando a obra "A Arte do Divino Contentamento", de Thomas Watson (1620-1686), um dos clássicos da teologia puritana, de leitura altamente recomendável e necessária nesses tempos conturbados que atravessa a igreja evangélica brasileira, obra da qual transcrevo o primeiro capítulo abaixo:

Capítulo 1 – A introdução ao texto

Estas palavras são trazidas por meio de prolepse para antecipar e prevenir uma objeção. O apóstolo deixou, nos versos anteriores, muitas sérias e celestiais exortações: entre elas, "não andar cuidadoso por coisa alguma". Não para excluir, um cuidado prudente; pois, aquele que não provê para seu próprio lar, "tem negado a fé, e é pior que um infiel" (1 Tm 5:8). Nem, um cuidado religioso; pois nós devemos dar toda "diligência para fazer firme nossa vocação e eleição" (2 Pd 1:10). Mas, para excluir todo cuidado ansioso sobre coisas e eventos; "não estejais ansiosos por sua vida, do que vocês deverão comer" (Mt 6:25). E neste sentido deveria ser o cuidado de um cristão, de não ser cuidadoso. A palavra cuidadoso no grego vem de um primitivo, que significa "cortar o coração em pedaços", um cuidado que divide a alma, preste atenção nisto. Nós somos instados a "entregar nosso caminho ao Senhor" (Sl 37:5); a palavra hebraica é, "girar teus caminhos para o Senhor". É nosso trabalho afastar o cuidado (1 Pd 5:7); e é o trabalho de Deus tomar cuidado.

Por nossa imoderação nós tomamos o trabalho de Suas mãos. Cuidado, quando é excêntrico, não confiável ou que distrai, é muito desonroso para Deus. Ele afasta Sua providência, como se Ele se sentasse no céu e não se importasse com o que acontece aqui embaixo; como um homem que faz um relógio, e então o abandona à própria sorte. Cuidado imoderado afasta o coração de coisas melhores; e geralmente enquanto nós estamos pensando em que devemos fazer para viver, nós esquecemos como morrer. Cuidado é uma ferida espiritual que desperdiça e desanima; nós podemos por nosso cuidado mais rapidamente adicionar um estádio [medida de distância] ao nosso sofrimento do que um cúbito ao nosso conforto. Deus ameaça como se ele fosse uma maldição, "eles comerão seu pão com cuidado" (Ez 12:19). Melhor jejuar do que comer aquele pão. "Não andeis cuidadosos por coisa alguma".

Agora, para que ninguém diga, "Está bem, Paulo, você nos tem ensinado isto que você mesmo tem raramente aprendido; você não aprendeu a não ser cuidadoso?", o apóstolo parece tacitamente responder isto, nas palavras do texto: "Eu aprendi, seja qual for a situação que eu me encontre, a estar contente". Um discurso digno de ser gravado em nossos corações, e de ser escrito em letras de ouro nas coroas e diademas de príncipes.

O texto se ramifica nestas duas partes gerais: 1. O estudioso, Paulo; "Eu aprendi". 2. A lição; "ser contente em toda situação".

O segundo capítulo pode ser lido no site E-Cristianismo, bem como os seguintes que serão paulatinamente publicados

quinta-feira, 21 de julho de 2011

Síndrome de Esaú

A proliferação de falsos profetas que infesta a igreja evangélica brasileira nas últimas décadas, com seus ensinamentos esdrúxulos e práticas exóticas, que promovem a si mesmos e não têm nenhum respeito pela Palavra de Deus (apenas a arranham e deturpam com objetivos escusos) nem pela História da Igreja (já que se consideram os fundadores da sua religião clonada do cristianismo), faz com que surja a pergunta: por que eles não se arrependem de seu erro?

Neste período em que “profetas” e esotéricos de todo calibre marcam a data do fim do mundo, a Igreja (convenientemente) se esqueceu de que o final dos tempos “não sucederá sem que venha primeiro a apostasia e seja revelado o homem do pecado, o filho da perdição” (2ª Tessalonicenses 2:3). Parece que a apostasia se apoderou da igreja evangélica não só no Brasil, mas especialmente por aqui. Não é preciso nem listar quem são os apóstatas, pois eles são evidentes para o crente que tem o Espírito Santo e um mínimo de interesse em confrontar as pregações de seus líderes com o que a Bíblia diz. É verdade que a leitura e o estudo bíblicos foram trocados por um prato de lentilhas que agrada o estômago: a repetição exaustiva de lemas, slogans e promessas de riqueza que, no fundo, nada significam. O “filho da perdição” ainda não foi revelado, embora haja vários candidatos ao posto, que obstinada e fingidamente buscam se firmar como o “porta-voz oficial de Deus” para a nossa era, ainda que esta autoafirmação se dê na base do pensamento positivo e da manipulação irresponsável do seu rebanho.

Há um momento, entretanto, em que são obrigados a se despirem de suas ilusões e se encararem de frente no espelho do banheiro e da vida, quando, longe das vistas enganadas e dos palcos do triunfalismo barato, se veem e se reconhecem “coitados, miseráveis, pobres, cegos e nus” (Apocalipse 3:17). Por que será, então, que esses lobos trajados de ovelha não se arrependem de seus malfeitos? Provavelmente, porque, a exemplo de Esaú, já não encontram lugar de arrependimento, mesmo que o procurassem (Hebreus 12:17).

Esaú era um sujeito popular, dinâmico, falador, bem diferente de seu irmão gêmeo Jacó, que era mais calado e dissimulado. Muito provavelmente, se fôssemos apresentados aos dois personagens bíblicos sem saber quem eles eram e o que lhes estava reservado por Deus, nos simpatizássemos mais com Esaú. O próprio irmão Jacó viu que Esaú era incapaz de guardar mágoa, quando o recebeu de braços abertos (Gênesis 33), décadas depois de tê-lo enganado. Para seu triste destino, entretanto, Esaú também era incapaz de se arrepender. Teve uma boa vida, cheio de amigos e de posses, mas não havia mais como voltar atrás de seu ato de desprezar a graça de Deus, talvez por nunca ter entendido o que ela - de fato - significa.

Assim estão nossos Narcisos beijando suas lenhosas faces no espelho, com uma ponta de mórbida satisfação porque construíram impérios, vivem como nababos, e têm um séquito de fanáticos que os adoram e se atirariam ao abismo por eles. Mas – triste sina! - por isso mesmo, não dá mais pra voltar atrás. Como denunciar-se publicamente como um guia cego que não tem como afastar outros cegos da ruína (Mateus 15:14) ? Como reconhecer que desviam os seus seguidores do único e verdadeiro reino da graça de Deus (Mateus 23:13), do qual também se excluem para construir seu paraíso particular e temporal na Terra (Lucas 12:20) ? Como vender tudo o que amealharam com a má fé e dar aos pobres (Mateus 19:21) ? Até Judas Iscariotes, diante desta impossibilidade, devolveu as 30 moedas de prata e foi se enforcar (Mateus 27). O dinheiro cobrado e rejeitado pelo beijo traidor ao menos serviu para providenciar um cemitério para quem não tinha onde cair morto. Já os celeiros dos Judas e Esaús modernos estão por demais abarrotados de bens e de almas, afundados na egolatria desvairada, difícil demais de desapegar, mas o seu espírito se esvaiu, o espelho quebrou, e é tarde demais para reconhecer o erro e pedir perdão.

LinkWithin

Related Posts with Thumbnails