quinta-feira, 26 de julho de 2012

EUA e Al Qaeda jogam no mesmo time na crise síria

É sempre de bom tom não ser apressado na hora de tomar este ou aquele partido e assumir como verdade absoluta esta ou aquela posição.

Como já diziam as sábias raposas da antiga política mineira, cautela e caldo de galinha não fazem mal a ninguém.

Melhor então parar de dividir o mundo - assim de supetão - entre bons e maus, ou enxergar tudo só em preto e branco.

Permita, pelo menos, alguns tons de cinza. Assim você não se comprometerá quando emitir a sua opinião.

Quem poderia imaginar que, quase 11 anos de pois do 11 de setembro das Torres Gêmeas, Estados Unidos e os seguidores de Bin Laden estariam lutando do mesmo lado na guerra civil que assola a Síria?

Já os cristãos sírios escolheram o outro lado, aparentemente o perdedor desse fratricídio, só que surpreendentemente - são apoiados pelos russos e iranianos. Quem diria...

Os velhos inimigos Israel e Irã, embora não assumam, estariam juntos e talvez prefiram que tudo permaneça como está

Infelizmente, os únicos inocentes nessa história toda estão mesmo é levando bomba na cabeça.

E tem gente que defende ardentemente que o Brasil se envolva nesse samba do Oriente Médio doido... de que lado? Eu, hein...

Ideologia? Terrorismo? Religião? Parece que tudo neste mundo é só uma questão de oportunidade ou de ponto de vista, segundo analisa Gustavo Chacra no seu blog no Estadão:

EUA e Al Qaeda defendem a oposição na Síria

Um dos maiores problemas para os Estados Unidos na Síria é o envolvimento da Al Qaeda na oposição. Agora, não dá mais para esconder que americanos e a rede terrorista responsável pelo 11 de Setembro estão contra o regime de Bashar al Assad. Isso não significa que Washington e os herdeiros de Bin Laden estejam atuando juntos ou tenham os mesmos interesses para a Síria no futuro.

Os EUA defendem o fim do regime e a democratização na Síria, mas sabem ser extremamente complicado atingir este objetivo. A Al Qaeda almeja o estabelecimento de um Estado islâmico sunita na Síria e no Iraque (atualmente uma pseudo-democracia sectária controlada por xiitas laicos) para lutar contra o Irã e Israel. Isso mesmo que vocês leram.

Nos últimos meses, a Al Qaeda tem usado terrorismo, incluindo atentados suicidas, contra o regime de Assad. A rede terrorista também alveja cristãos e alauítas, uma vertente moderada do islamismo, por serem duas religiões associadas ao regime. A Rússia, defensora dos cristãos sírios, acusa agora os americanos de tentarem justificar o terrorismo na Síria. Afinal, as ações dos opositores, incluindo a Al Qaeda, são quase idênticas à de insurgentes que os EUA, incluindo na administração de Barack Obama, classificam como terroristas no Iraque.

Pode parecer irônico, mas os responsáveis pelo 11 de Setembro odeiam mais o Irã do que os EUA. E, para eles, não há problema em ter os americanos ao lado desde que o alvo seja aliado de Teerã, cristãos árabes ou membros de minorias islâmicas, como alauítas e xiitas. Para os americanos, ironicamente, parece que as vezes a Al Qaeda é um mal menor do que o Irã.



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