domingo, 1 de julho de 2012

Radicais islâmicos ameaçam destruir tesouros islâmicos de Timbuktu



Timbuktu (Tombouctou em francês) é um patrimônio histórico da humanidade, assim declarado pela UNESCO em 1988, que fica na região central do Mali, na África.

Se não bastasse o fato de sua riqueza arquitetônica exótica estar ameaçada pelo tempo, pelas areias do deserto do Saara e pela pobreza endêmica da região, Timbuktu agora está sendo vítima de radicais islâmicos que controlam boa parte do norte do país.

Ontem, 30 de junho de 2012, os guerrilheiros do movimento Ansar Dine atacaram vários mausoléus muçulmanos da cidade, entre eles os do sheik el-Kebir, Sidi Mahyud, Sidi Moctar e Alpha Moya.

Timbuktu é conhecida entre os muçulmanos como "a cidade dos 333 santos", que são respeitáveis sábios do passado islâmico que lá estão enterrados, simbolizando o tempo remoto em que o lugar serviu de centro irradiador do Islã para o Centro e o Norte da África.

Não deixa de ser surpreendente, portanto, que a violência agora seja cometida por muçulmanos contra muçulmanos, já que o Ansar Dine ameaça destruir todos os santuários locais, o que representaria não só um crime contra o Islã, mas contra toda a humanidade, dada a importância histórica de Timbuktu.

Mais estranho ainda é que um suposto porta-voz dos guerrilheiros teria dito que a destruição dos mausoléus se deu em razão da ameaça da UNESCO em colocar Timbuktu na lista de patrimônios históricos da humanidade que correm risco de destruição.

Na sua lógica perversa e bizarra, os radicais islâmicos dizem que a UNESCO não pode dar nenhuma opinião a respeito da religião muçulmana e - contraditoriamente - destroem uma das mais belas contribuições arquitetônicas do Islã para o mundo como um todo, o tesouro chamado Timbuktu.

Se já não era compreensível nem aceitável o crime histórico que foi a destruição das antigas estátuas gigantes de Buda pelo Talibã no Afeganistão em 2001, mais espanto causa a violência cometida contra a própria religião.

Tudo isto ocorre num momento em que o Mali vive uma crise política intensa, com fanáticos muçulmanos de um lado (incluindo facções da Al-Qaeda) e os nômades tuaregues do outro, sem ninguém saber exatamente quem é quem nem como é que isso tudo vai terminar.

Que pelo menos alguém se lembre de salvar o que resta de Timbuktu...

Fonte: Al-Arabiya



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