sábado, 17 de setembro de 2011

Dalai Lama visita São Paulo e pede tolerância religiosa

O Dalai Lama está visitando São Paulo por esses dias, defendendo - mais uma vez - o respeito e a convivência pacífica entre as religiões, segundo noticia o Jornal da Tarde, sem se esquecer de mandar os habituais recados para a China, que anexou o Tibete desde 1950. Destaque para o último parágrafo da matéria, em que ele encerrou a palestra e se dirigu a uma jornalista, tocou-lhe a testa e lhe disse algumas palavras incompreensíveis, o suficiente para debulhá-la em lágrimas. Veja também o vídeo da TV Gazeta abaixo:

Em SP, Dalai Lama defende respeito entre religiões

Centenas de jornalistas, fotógrafos e câmeras da grande e da pequena mídia lotaram uma sala de conferências do edifício empresarial World Trade Center, na zona sul de São Paulo, para ouvir o que Lhamo Dhondup, um senhor de 76 anos, mais conhecido como o 14º Dalai Lama, tinha para dizer em sua quarta visita ao Brasil.


Dalai Lama defendeu a harmonia entre os povos, o respeito às religiões e ao meio ambiente e até deu um recado direto aos jornalistas, alertando sobre que a imprensa deve ter a responsabilidade de informar com isenção.

Dalai Lama é chamado de “Sua Santidade” pela comunidade budista, mas para desmistificar sua imagem iniciou a entrevista com a seguinte frase: “Sou apenas um dos 7 bilhões de seres humanos deste planeta”. Explicou que nos níveis mental, emocional e físico todas as pessoas são completamente iguais.

“Você quer ser feliz, eu também quero. As diferenças de crenças, línguas e de nacionalidade são secundárias, mas é aí que os problemas acontecem”, afirmou. “É muito fácil focarmos nas diferenças dos seres humanos e não naquilo que nos une.”

Para aquele senhor de gestos leves, óculos com lente fumê e a famosa túnica vermelha e amarela, a paz será atingida quando a humanidade passar a seguir o que, de fato, pregam todas as religiões: amor, compaixão e autodisciplina.

“A verdadeira prática religiosa é aquela em que a pessoa implementa os valores da religião na sua vida, mantendo a mente acordada para perceber quando ela é tomada pela raiva e pelo medo. Ninguém deve se deixar avassalar por esses sentimentos negativos”, afirmou.

Entre uma brincadeira e outra, sempre muito espontânea, Dalai Lama também alertou para a degradação ambiental do planeta. Disse que vê hoje maior conscientização das autoridades sobre a questão, e aproveitou para dar uma alfinetada na China, país que o expulsou do Tibet após a invasão ocorrida no início da década de 1950.

“Em encontros como a ECO 92 vejo que os governos têm mostrado mais entusiasmo pelo assunto. Em contrapartida, há países como a China e a índia que dizem que os interesses nacionais estão acima dos interesses globais.”

Mídia

Dalai Lama aproveitou o público massivo da imprensa presente na entrevista para, primeiro fazer propaganda de seu novo livro (“Towards the True Kinship of Faiths”, ainda sem tradução no Brasil), e depois para alertar sobre a responsabilidade do trabalho dos jornalistas.

“Vocês precisam ter o nariz do tamanho do nariz do elefante. É preciso faro para ver o que está por trás das notícias, analisar a matéria sobre todos os ângulos”, alertou. “Em todas as profissões encontramos distorções. Vocês devem fazer uma investigação completa e, a partir daí, informar o leitor para que ele julgue como quiser.”

É difícil saber se os jornalistas presentes na entrevista ficaram tocados com as palavras da “Sua Santidade”. Mas ao menos uma, Zilda Brandão, que trabalha na TV Aberta, ficou comovida com um gesto do Dalai Lama. Ao encerrar a entrevista, ele caminhou diretamente para Zilda, que estava nas primeiras fileiras da sala.

Não se dirigiu a ninguém mais, apenas a ela. Tocou em sua testa e disse-lhe algumas palavras. Zilda desabou em lágrimas no mesmo instante. “Nunca pensei que poderia receber um presente tão grande. Não entendi nada do que ele me disse, estava muito emocionada”, contou.

Wladimir D’Andrade


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