quinta-feira, 15 de setembro de 2011

Pat Robertson diz que homem pode se divorciar de mulher que tem Alzheimer

A gente até que queria esquecer Pat Robertson, mas ele faz questão de ser lembrado por declarações estapafúrdias como aquela de que o terremoto no Haiti era castigo de Deus pelo fato dos haitianos terem feito um pacto com o diabo para se tornarem independentes da França em 1804. Depois, ficou calado a respeito dos muitos terremotos e tsunamis que se seguiram, inclusive o que acometeu o Estado da Virginia no último dia 23 de agosto, justo no momento em que Pat Robertson gravava seu programa na Christian Broadcasting Network (CBN), da qual é presidente. Estranhamente, ele não se referiu a nenhuma maldição neste caso, já que, na sua visão dúbia, terremoto no país dos outros é refresco. Agora, no programa em que responde perguntas dos telespectadores, chamado "Bring It On" (algo que nesse contexto poderia ser traduzido como "Manda Ver", vídeo abaixo), um deles lhe indagou qual conselho poderia dar a um amigo seu que tinha passado a sair com outra mulher depois que sua esposa começou a sofrer do mal de Alzheimer. O apresentador do Clube 700 então aconselhou o consulente dizendo: “Eu sei que vai parecer cruel o que vou dizer, mas se ele for fazer alguma coisa, ele deveria se divorciar dela e começar tudo de novo, mas que garanta antes que ela tenha cuidados médicos adequados e que alguém tome conta dela”. Disse ainda que “não gostaria de colocar numa espiral de culpa alguém que se divorcia de uma esposa com esta enfermidade”. A única coisa boa de seu “conselho” foi ter acrescentado que a pessoa deveria procurar ouvir a “opinião ética” de outra pessoa além dele.

Nem precisava ir muito longe, entretanto. Terry Meeuwsen, co-apresentadora do programa, se lembrou de que era cristã e questionou Pat Robertson sobre os votos (juramentos ou promessas) que o casal formula na cerimônia religiosa de casamento, aquele famoso “na alegria e na tristeza, na saúde e na doença, até que a morte nos separe”. Suspense: será que o "pastor" nunca reparou nas palavras que dizia e ouvia ao oficiar essas cerimônias? O televangelista tinha, então, a oportunidade de pensar melhor e se redimir da imbecilidade que acabara de pronunciar, mas a emenda saiu pior que o soneto, respondendo: “se você respeita aqueles votos, você disse ‘até que a morte nos separe’... e este é um tipo de morte”. Resumo da ópera: Alzheimer, para Pat Robertson, equivale à própria morte para todos os efeitos legais, morais e espirituais. Obviamente, não tardaram a vir as reações negativas a este absurdo vindo da boca de um “pastor” que se gloria de dizer o que Deus pensa a respeito dos temas mais aleatórios, e um porta-voz da CBN informou que Pat Robertson não tinha mais nada a declarar. Nem precisava, o estrago já estava feito e ele correria o risco de piorar o "impiorável". O duro é que nem se pode dizer que tamanha falta de sensibilidade seja surpresa no caso dele.

De fato, esta é uma situação difícil para qualquer pessoa, mas seria tão difícil assim para um cristão aguentar até o fim a enfermidade do seu cônjuge? Afinal, o amor cristão realmente “tudo sofre, tudo crê, tudo espera, tudo suporta”? (1 Coríntios 13:7).


Fonte: USA Today


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