Tudo é ainda muito experimental e relacionado com experiências traumáticas, mas este avanço da medicina é daqueles que ainda vai dar muito que falar. Pode até acabar com aquela desculpa de "beber pra esquecer", mas também ajudaria a lidar com a culpa de traições e a "a-pagar" dívidas, além de aliviar a barra de quem não gosta da palavra (e do ato de) "arrependimento". Se a moda pega... Confira a matéria da MSNBC, traduzida por Bruno Calzavara e publicada no HypeScience:
Esqueça seus problemas: pílula pode apagar memórias ruins
Boa notícia para quem assistiu ao filme “Brilho Eterno de uma Mente sem Lembranças” e se identificou com o personagem que procurava uma forma de deletar memórias. O procedimento não é exatamente igual ao da ficção, mas quase.
Se você pudesse, tomaria uma pílula que apagasse suas memórias mais dolorosas?
Para a maioria de nós, seria difícil optar por perder peças do nosso passado, mas para quem possui problemas realmente sérios, como transtorno de estresse pós-traumático, a tal pílula pode trazer um grande alívio.
Em um estudo que se parece muito com uma cena do filme, os pesquisadores mostraram que a medicação pode realmente ajudar a apagar más lembranças.
Eles contaram com a presença de 33 estudantes universitários, que assistiram a uma apresentação de vídeo cuja história mostrava uma pequena menina sofrendo um terrível acidente durante sua visita à casa dos avós. Enquanto a menina e seu avô estavam construindo uma casa de passarinho, uma serra acabou cortando uma das mãos da menina. Uma das fotos mostradas aos voluntários do estudo é de sua mão mutilada.
Embora a mão da garota acabasse sendo salva no hospital e a história tivesse um final feliz, a apresentação é psicologicamente difícil de ser encarada porque tende a provocar nos espectadores sofrimentos emocionais, explica a autora do estudo, Marie-France Marin. “Não é divertido de assistir”, explica. “O vídeo é carregado de uma grandes emoções, complicadas de digerir”.
Antes do vídeo, Marin havia instruído seus voluntários a assistir com muito cuidado a apresentação. Depois, ela e seus colegas coletaram amostras de saliva para medir níveis do hormônio do estresse, o cortisol.
Três dias depois, os voluntários do estudo voltaram ao laboratório. Alguns deles haviam recebido um placebo, enquanto o resto havia ingerido uma de duas doses de uma droga que controla e limita a quantidade de cortisol circulando no corpo.
A teoria é de que o cortisol está de alguma forma envolvido na preservação de memórias, especialmente aquelas carregadas de emoção, explica Marin. Ao reduzir a quantidade de cortisol no organismo, os cientistas talvez sejam capazes de mexer com a memória – mesmo depois que ela já tenha sido criada e armazenada no cérebro.
Quando Marin pediu aos voluntários que tentassem se lembrar do vídeo de apresentação, aqueles que tinham recebido a droga para o controle do cortisol tiveram maior dificuldade para recordar os detalhes mais dolorosos. Quanto maior a dose, mais difícil se tornava a tarefa de recordar.
Quatro dias depois, os voluntários retornaram ao laboratório. Surpreendentemente, o impacto da droga sobre a memória ainda era aparente: voluntários que a tomaram continuavam apresentando dificuldades em lembrar as cenas emocionalmente intensas.
Marin espera que o estudo possa um dia ajudar pessoas que sofrem de transtorno de estresse pós-traumático (TSPT). Ela suspeita que, no ambiente certo, a droga pode ajudar a diminuir a potência do evento traumático que desencadeou a situação. A ideia é que o paciente retome o assunto do evento com um psicoterapeuta, depois de ter tomado a droga.
Uma das conclusões mais intrigantes do estudo é o fato de que as lembranças não são tão sólidas e imutáveis como imaginamos. Cada vez que pensamos sobre elas em nossas mentes parece haver uma chance de “editar” o que aconteceu, conta Marin.
“Isso significa que realmente podemos mudá-las ou mesmo criar falsas memórias”, observa. “É uma questão que deve ser investigada. Ainda podemos mudar as memórias uma vez que já estão formadas? Parece que sim. E isso levanta questões éticas quando se trata de testemunhas de um crime, por exemplo”, cita.
Se você pudesse, tomaria uma pílula que apagasse suas memórias mais dolorosas?
Para a maioria de nós, seria difícil optar por perder peças do nosso passado, mas para quem possui problemas realmente sérios, como transtorno de estresse pós-traumático, a tal pílula pode trazer um grande alívio.
Em um estudo que se parece muito com uma cena do filme, os pesquisadores mostraram que a medicação pode realmente ajudar a apagar más lembranças.
Eles contaram com a presença de 33 estudantes universitários, que assistiram a uma apresentação de vídeo cuja história mostrava uma pequena menina sofrendo um terrível acidente durante sua visita à casa dos avós. Enquanto a menina e seu avô estavam construindo uma casa de passarinho, uma serra acabou cortando uma das mãos da menina. Uma das fotos mostradas aos voluntários do estudo é de sua mão mutilada.
Embora a mão da garota acabasse sendo salva no hospital e a história tivesse um final feliz, a apresentação é psicologicamente difícil de ser encarada porque tende a provocar nos espectadores sofrimentos emocionais, explica a autora do estudo, Marie-France Marin. “Não é divertido de assistir”, explica. “O vídeo é carregado de uma grandes emoções, complicadas de digerir”.
Antes do vídeo, Marin havia instruído seus voluntários a assistir com muito cuidado a apresentação. Depois, ela e seus colegas coletaram amostras de saliva para medir níveis do hormônio do estresse, o cortisol.
Três dias depois, os voluntários do estudo voltaram ao laboratório. Alguns deles haviam recebido um placebo, enquanto o resto havia ingerido uma de duas doses de uma droga que controla e limita a quantidade de cortisol circulando no corpo.
A teoria é de que o cortisol está de alguma forma envolvido na preservação de memórias, especialmente aquelas carregadas de emoção, explica Marin. Ao reduzir a quantidade de cortisol no organismo, os cientistas talvez sejam capazes de mexer com a memória – mesmo depois que ela já tenha sido criada e armazenada no cérebro.
Quando Marin pediu aos voluntários que tentassem se lembrar do vídeo de apresentação, aqueles que tinham recebido a droga para o controle do cortisol tiveram maior dificuldade para recordar os detalhes mais dolorosos. Quanto maior a dose, mais difícil se tornava a tarefa de recordar.
Quatro dias depois, os voluntários retornaram ao laboratório. Surpreendentemente, o impacto da droga sobre a memória ainda era aparente: voluntários que a tomaram continuavam apresentando dificuldades em lembrar as cenas emocionalmente intensas.
Marin espera que o estudo possa um dia ajudar pessoas que sofrem de transtorno de estresse pós-traumático (TSPT). Ela suspeita que, no ambiente certo, a droga pode ajudar a diminuir a potência do evento traumático que desencadeou a situação. A ideia é que o paciente retome o assunto do evento com um psicoterapeuta, depois de ter tomado a droga.
Uma das conclusões mais intrigantes do estudo é o fato de que as lembranças não são tão sólidas e imutáveis como imaginamos. Cada vez que pensamos sobre elas em nossas mentes parece haver uma chance de “editar” o que aconteceu, conta Marin.
“Isso significa que realmente podemos mudá-las ou mesmo criar falsas memórias”, observa. “É uma questão que deve ser investigada. Ainda podemos mudar as memórias uma vez que já estão formadas? Parece que sim. E isso levanta questões éticas quando se trata de testemunhas de um crime, por exemplo”, cita.
Isso me lembra a pílula Soma, do Livro Admirável Mundo Novo de Aldous Huxley.
ResponderExcluirChegaremos lá, chegaremos lá...