UMA FILÓSOFA EXISTENCIAL
Por meio de seu desenfreado otimismo, Oprah Winfrey construiu um império nos conduzindo a uma purgação diária do cinismo
Shayne Lee
Com a carreira da famosa apresentadora de talk shows Oprah Winfrey se encerrando, temos que celebrar sua influência sem precedentes como mitigadora dos males humanos, visionária, empreendedora e filantropa. Mas gostaríamos de conceder a ela mais uma distinção: Oprah, a existencialista.
Existencialista? Ahn?
Para muitos, o termo existencialista tem uma mistura arrepiante das divagações de Friedrich Nietzche sobre a morte de Deus, a hermenêutica de Martin Heidegger, as incoerências de Albert Camus e a insistência de Jean-Paul Sartre de que a existência precede a essência. Ufa!
Muito bem. Oprah não é uma existencialista no sentido clássico da palavra. E claro, ela se distancia de Nietzche, Heidegger, Camus e Sartre em numerosos aspectos, impossível de fazer uma lista. Oprah, no entanto, tem muita coisa em comum com eles, por exemplo, uma longa carreira perscrutando o mais fundo e o mais escuro da alma humana.
Enquanto muitos apresentadores de talk shows lutam em buscas de índices de audiência com temas tentadores como “Your Road to a Better Sex” ou “How to Accessorize for a Night Out on the Town”, Oprah construiu um império nos conduzindo à purgação diária do cinismo por meio de seu desenfreado otimismo.
Seus convidados famosos, seu clube do livro, seu quadro de relacionamentos e os inúmeros temas especiais nos ajudaram a descobrir nossa ilimitada capacidade de crescer e mudar.
A amplitude do talento pessoal de Oprah e o escopo do seu alcance intelectual nos convocam a trazer à tona a metáfora profundamente arraigada espreitando na superfície do nosso ser mais íntimo. Ela nos ajuda a conquistar uma visão mais clara de nosso propósito e potencial.
Oprah nos ensina que o projeto humano, nossa jornada através do amor e medo, pode sempre ser corrigido, elevado, iluminado. Ela expõe com radiação florescente nossa fragilidade. Mas sempre retorna ao fato de que, não importa quão baixo desçamos ou de quanto nos desfaçamos, se abrirmos a mente para a descoberta, a recuperação e a regeneração estão sempre ao nosso alcance.
Em resumo, o que Oprah tem em comum com os grandes existencialistas é uma busca indômita para responder a duas questões fundamentais: Quem somos? O que podemos nos tornar? E ela nos mostrou mais possibilidades de respostas eficazes e otimistas para essas perguntas do que nossos heróis existenciais tradicionais.
Depois de duas décadas na busca diária de respostas para essas duas perguntas essenciais, talvez Oprah ganhe a coroa de A Maior Existencialista.
(tradução de Terezinha Martino)
SHAYNE LEE, PHD em sociologia, é autor de Erotic Revolutionaries (Rowman & Littlefield). Escreveu este artigo para The Christian Science Monitor
Shayne Lee
Com a carreira da famosa apresentadora de talk shows Oprah Winfrey se encerrando, temos que celebrar sua influência sem precedentes como mitigadora dos males humanos, visionária, empreendedora e filantropa. Mas gostaríamos de conceder a ela mais uma distinção: Oprah, a existencialista.
Existencialista? Ahn?
Para muitos, o termo existencialista tem uma mistura arrepiante das divagações de Friedrich Nietzche sobre a morte de Deus, a hermenêutica de Martin Heidegger, as incoerências de Albert Camus e a insistência de Jean-Paul Sartre de que a existência precede a essência. Ufa!
Muito bem. Oprah não é uma existencialista no sentido clássico da palavra. E claro, ela se distancia de Nietzche, Heidegger, Camus e Sartre em numerosos aspectos, impossível de fazer uma lista. Oprah, no entanto, tem muita coisa em comum com eles, por exemplo, uma longa carreira perscrutando o mais fundo e o mais escuro da alma humana.
Enquanto muitos apresentadores de talk shows lutam em buscas de índices de audiência com temas tentadores como “Your Road to a Better Sex” ou “How to Accessorize for a Night Out on the Town”, Oprah construiu um império nos conduzindo à purgação diária do cinismo por meio de seu desenfreado otimismo.
Seus convidados famosos, seu clube do livro, seu quadro de relacionamentos e os inúmeros temas especiais nos ajudaram a descobrir nossa ilimitada capacidade de crescer e mudar.
A amplitude do talento pessoal de Oprah e o escopo do seu alcance intelectual nos convocam a trazer à tona a metáfora profundamente arraigada espreitando na superfície do nosso ser mais íntimo. Ela nos ajuda a conquistar uma visão mais clara de nosso propósito e potencial.
Oprah nos ensina que o projeto humano, nossa jornada através do amor e medo, pode sempre ser corrigido, elevado, iluminado. Ela expõe com radiação florescente nossa fragilidade. Mas sempre retorna ao fato de que, não importa quão baixo desçamos ou de quanto nos desfaçamos, se abrirmos a mente para a descoberta, a recuperação e a regeneração estão sempre ao nosso alcance.
Em resumo, o que Oprah tem em comum com os grandes existencialistas é uma busca indômita para responder a duas questões fundamentais: Quem somos? O que podemos nos tornar? E ela nos mostrou mais possibilidades de respostas eficazes e otimistas para essas perguntas do que nossos heróis existenciais tradicionais.
Depois de duas décadas na busca diária de respostas para essas duas perguntas essenciais, talvez Oprah ganhe a coroa de A Maior Existencialista.
(tradução de Terezinha Martino)
SHAYNE LEE, PHD em sociologia, é autor de Erotic Revolutionaries (Rowman & Littlefield). Escreveu este artigo para The Christian Science Monitor