Depois que Simão Cireneu é forçado a carregar a cruz destinada a Cristo no seu trajeto até o Calvário (v. 26), Lucas relata um episódio que só ele, entre os evangelistas, registra: uma conversa altamente emotiva entre Jesus e as mulheres de Jerusalém.
Lucas é o evangelista, digamos, mais “feminista”, no sentido de que dá vez e voz às mulheres de uma maneira muito mais perceptível do que se vê nos outros evangelhos. Aqui, ele fala do pranto das mulheres (v. 27) e da mensagem de Jesus a elas, num discurso relativamente longo (vv. 28-31), em que lhes recomenda – cifrada e profeticamente – que chorassem pela destruição de Jerusalém, com a subsequente dispersão do povo judeu, que se daria no ano 70, ou seja, menos de 40 anos depois.
Claro que as mulheres não tinham noção de que isto iria acontecer, embora não seja de duvidar que a intuição feminina as fizesse pressentir que algo muito fora da ordem estabelecida estivesse para acontecer. Muito provavelmente, a expressão “lenho verde” do v. 31 equivalia a um provérbio popular da época, e Jesus compara a sua passagem por Israel com um lenho verde, em que tudo florescia e havia esperança de vida verdadeira, e mesmo assim o estavam crucificando.
Há um eco aqui do lamento “mas não quereis vir a mim para terdes vida!” de João 5:40. Logo, certamente não haveria mais “lenho verde” quando ele fosse rejeitado (pelo povo que o próprio Deus havia escolhido para Si) e os seus discípulos perseguidos, mas somente “lenho seco”, vida estéril que se consumiria completamente quando chegassem os dias da desolação de Israel com a ruína final de Jerusalém e seu templo.
Junto com Jesus, dois “malfeitores” são encaminhados à execução (vv. 32-33) no local chamado “Caveira” (ou “Calvário”, do grego κρανίον – kranion). Mateus (27:38) e Marcos (15:27) os chamam de “salteadores”. Curioso o contraste que Lucas faz entre a rejeição do povo judeu e a companhia (forçada, no caso) de dois malfeitores que teriam o mesmo destino da execução, a que o evangelista passa rapidamente no v. 33, chamando a atenção para o fato de que Jesus ocupava o lugar central das três cruzes.
Cumprindo a profecia de Isaías 53:12, Jesus era “contado com os transgressores”. A partir daí, Lucas não se diferencia muito dos outros evangelistas, mostrando como Jesus pede ao Pai que perdoe seus executores porque “eles não sabem o que fazem” (v.34), enquanto os soldados repartiam as suas vestes, sorteando-as e cumprindo a profecia do Salmo 22:18.
O v. 35 muda um pouco o foco para a plateia que ali estava para acompanhar a crucificação e certificar-se de que o veredito de Pilatos seria cabalmente cumprido, enquanto as autoridades farisaicas zombavam dele, desafiando-o a salvar-se a si mesmo se era verdade que Ele era o Messias tão ansiado por Israel, o “escolhido de Deus”.
A humilhação pública devia ser tão contagiosa que os próprios soldados romanos se animaram a escarnecer do Mestre, oferecendo-lhe vinagre (v. 36) e repetindo o desafio dos fariseus (v. 37). Lucas registra no v. 38 que acima da cabeça de Jesus estava a inscrição “Este é o Rei dos Judeus” nos 3 alfabetos que eram de uso comum do povo que habitava e transitava pela região, o grego, o hebraico e o latim. Sobre as diferentes versões registradas pelos 4 evangelistas, na sua Bíblia de Estudo, John MacArthur dá a seguinte explicação:
“Os quatro autores dos Evangelhos mencionaram a inscrição, mas cada um registrou uma versão um pouco diferente. Tanto Lucas como João (19:20) relatam que a inscrição estava em grego, latim e hebraico, de modo que os diferentes relatos nos Evangelhos podem simplesmente refletir maneiras alternativas de se traduzir o que estava escrito na placa. É ainda mais provável que cada um dos evangelistas tenha simplesmente relatado a essência da inscrição de maneira elíptica, sendo que cada um omitiu diferentes partes da inscrição como um todo. Todos os quatro Evangelhos concordam com Marcos de que a inscrição dizia O REI DOS JUDEUS (Mt 27:37; Mc 15:26; Jo 19:19). Lucas acrescentou “ESTE É” no início e Mateus começou com “ESTE É JESUS”. A versão de João diz “JESUS NAZARENO”. Ao reunir todas as versões, a inscrição como um todo é “ESTE É JESUS NAZARENO, O REI DOS JUDEUS”.”
A partir do v. 39 até o v. 43, há um inusitado diálogo, se é que pode ser chamado assim, entre Jesus e os dois malfeitores que foram crucificados com Ele, um de cada lado. Há quem diga – embora não exista qualquer evidência conclusiva a esse respeito - que os dois outros não foram crucificados com pregos, mas amarrados cada um à sua cruz, de maneira que estariam em melhores condições físicas do que Jesus, até porque, muito provavelmente, não teriam sido tão torturados como o Mestre havia sido.
Isto lhes daria, então, melhores condições para tentar entravar um diálogo com Jesus. No v. 39, talvez inspirado pela zombaria dos fariseus e dos soldados, ou ainda na esperança de que Jesus tivesse mesmo algum poder sobrenatural que o livrasse da morte, um dos malfeitores provoca Jesus a mostrar que era de fato o Cristo e se salvasse a Si mesmo e – óbvia e convenientemente – aos seus dois companheiros de cruz.
Seu amigo, entretanto, não concorda com este tipo de provocação a um companheiro de crucificação (v. 40), com uma declaração que revela que ele teve uma visão muito mais completa do que realmente estava acontecendo naquele dia e lugar: “Nem ao menos temes a Deus, estando na mesma condenação?”.
É muito interessante que ele estivesse percebendo como a plateia estava se comportando de maneira ímpia ao zombar de alguém naquela condição, que ele reconhecia como diferente, talvez divina, o que fica claro no versículo seguinte (v. 41), quando admite que ambos mereciam a condenação, mas Jesus era um homem inocente, o que o leva a fazer ao Mestre, chamando-O pelo nome, um pedido inesperado: “Jesus, lembra-te de mim, quando entrares no teu reino” (v. 42).
Aqui é necessário adiantar um aspecto que será indicado mais adiante, no v. 44. A melhor tradução para esse verbo “lembrar” (no grego, μνησθητι - mnaomai) não é o imperativo “lembra-te”, mas “comece a lembrar-se de mim” no sentido de “fazer desse pedido a Sua prioridade nº 1”, dada a urgência que a ocasião requeria. Esta circunstância vai influenciar o advérbio “hoje” do v. 44, como veremos mais à frente.
Este é um dos mais belos mistérios humanos do cenário da crucificação. Tudo indica que este homem foi o único, naquele momento decisivo da história da humanidade, a compreender com surpreendentes olhos espirituais o que – realmente – estava acontecendo com Jesus.
A reação dos apóstolos, de Maria e dos discípulos, indica que eles estavam, de alguma forma, desanimados e temerosos do que estava por vir. Seus olhos miravam apenas as evidências materiais do que lhes parecia uma tragédia que eram obrigados a assistir. A própria estupefação de todos eles, três dias depois, ao constatarem que Jesus ressuscitara, mostra o quão incrédulos eles estavam naquele momento terrível de suas vidas e como os seus olhos espirituais estavam fechados até então.
Um dos malfeitores, entretanto, não tinha esta visão, tanto que lhe faz um pedido que deve ter soado louco a quem o ouviu. Como assim seu companheiro de cruz ia entrar num reino e, ainda por cima, se lembraria dele?
Esta é uma das maiores provas de fé registradas na Bíblia, vindas de um homem sobre o qual pouco se sabe e menos ainda se esperaria que tivesse uma atitude como essa. É possível que ele já tivesse ouvido a pregação de Jesus, ou mesmo O seguido à distância.
O Mestre, então, honra essa maravilhosa prova de fé, e o presenteia com uma das mais belas frases proferidas por Sua abençoada (e abençoadora) boca: “Em verdade te digo que hoje estarás comigo no paraíso” (v. 43). Tanto o pedido do ladrão como a resposta de Jesus mostram que, de alguma forma, era firme em ambos a crença de que a vida não terminava ali, mesmo para os ímpios (já que o ladrão se via nessa condição e Jesus concordava – ainda que tacitamente - com a sua opinião) e que ainda naquele dia, o ladrão estaria com Jesus no paraíso.
Isto foi perfeitamente compreendido por toda a cristandade, seja ela católica, ortodoxa ou protestante, durante quase dois milênios, até que – no século XIX, dois grupos dissidentes em especial, os adventistas e as testemunhas de Jeová, passaram a ter uma interpretação diferente, para adaptá-la ao seu sistema de crenças.
O que eles basicamente questionam é a tradução do v. 43, em que haveria uma pontuação inexistente tanto no texto original como nas traduções mais aceitas, uma vírgula (ou dois pontos) que modificaria completamente o entendimento do seu significado: “Em verdade te digo hoje, estarás comigo no paraíso”.
Perceba que o advérbio de tempo “hoje”, nessa versão extemporânea, modificaria o verbo “dizer” e não o “estarás”, o que deixaria essa entrada no paraíso para um futuro indeterminado, um “quem sabe um dia...talvez”. Esta tradução alternativa se justifica, para esses grupos, por uma razão muito mais ideológica do que teológica.
Na sua visão de mundo, o tempo cronológico é essencial para justificar as suas marcações de datas para a volta de Jesus, ou o início do juízo investigativo, ou o fim do mundo propriamente dito. Necessitam, portanto, contar o tempo para Deus da mesma maneira como o contam para o ser humano, com início, meio e fim, ainda que a eternidade e a perfeição sejam valores inalcançáveis para o nosso entendimento presente.
O tempo de Deus tem que caber no nosso calendário gregoriano, o que até favoreceria a interpretação mais aceita, se a isso não se somasse a sua pregação do aniquilacionismo, ou seja, que as almas dos ímpios são extintas, aniquiladas (em contraposição à doutrina da imortalidade da alma), que não há nenhum estado intermediário após a morte e que o inferno não existe.
Esperam uma espécie de paraíso físico, real, no qual o corpo material, de alguma forma, será aproveitado, daí também as suas restrições alimentares. Essa polêmica só faz sentido para quem tem que defender outras doutrinas que julga muito mais importantes para a sua própria constituição e sobrevivência como grupo dissidente da ortodoxia cristã.
A objeção costumeira que fazem à interpretação ortodoxa do v. 43 é que, em João 20:17, depois da ressurreição, Jesus diz que não havia subido ainda ao Pai. É difícil ver algum problema aí, a não ser para criar polêmicas desnecessárias que sirvam à afirmação de alguma doutrina extravagante, porque a ênfase em João 20:17 é no corpo humano de Jesus (“não me detenhas, Maria!”) e na sua ascensão física aos céus, o que ocorreria 40 dias depois.
Tudo isso, ainda que resumido de maneira insuficiente aqui (reconhecemos), os leva a não aceitar a tradução tradicional de Lucas 23:43, que nos parece que não só é a mais correta, como a única compatível não só com o contexto imediato de Lucas 23, mas também com toda a pregação neotestamentária.
Como este não é o espaço e o momento para nos estendermos sobre esse assunto, que realmente demanda uma análise interessante e bastante detalhada, quem quiser se aprofundar em todos os detalhes técnicos da tradução do grego e da discussão acadêmica que a envolve, recomendamos enfaticamente que visite o artigo abaixo:
Isto lhes daria, então, melhores condições para tentar entravar um diálogo com Jesus. No v. 39, talvez inspirado pela zombaria dos fariseus e dos soldados, ou ainda na esperança de que Jesus tivesse mesmo algum poder sobrenatural que o livrasse da morte, um dos malfeitores provoca Jesus a mostrar que era de fato o Cristo e se salvasse a Si mesmo e – óbvia e convenientemente – aos seus dois companheiros de cruz.
Seu amigo, entretanto, não concorda com este tipo de provocação a um companheiro de crucificação (v. 40), com uma declaração que revela que ele teve uma visão muito mais completa do que realmente estava acontecendo naquele dia e lugar: “Nem ao menos temes a Deus, estando na mesma condenação?”.
É muito interessante que ele estivesse percebendo como a plateia estava se comportando de maneira ímpia ao zombar de alguém naquela condição, que ele reconhecia como diferente, talvez divina, o que fica claro no versículo seguinte (v. 41), quando admite que ambos mereciam a condenação, mas Jesus era um homem inocente, o que o leva a fazer ao Mestre, chamando-O pelo nome, um pedido inesperado: “Jesus, lembra-te de mim, quando entrares no teu reino” (v. 42).
Aqui é necessário adiantar um aspecto que será indicado mais adiante, no v. 44. A melhor tradução para esse verbo “lembrar” (no grego, μνησθητι - mnaomai) não é o imperativo “lembra-te”, mas “comece a lembrar-se de mim” no sentido de “fazer desse pedido a Sua prioridade nº 1”, dada a urgência que a ocasião requeria. Esta circunstância vai influenciar o advérbio “hoje” do v. 44, como veremos mais à frente.
Este é um dos mais belos mistérios humanos do cenário da crucificação. Tudo indica que este homem foi o único, naquele momento decisivo da história da humanidade, a compreender com surpreendentes olhos espirituais o que – realmente – estava acontecendo com Jesus.
A reação dos apóstolos, de Maria e dos discípulos, indica que eles estavam, de alguma forma, desanimados e temerosos do que estava por vir. Seus olhos miravam apenas as evidências materiais do que lhes parecia uma tragédia que eram obrigados a assistir. A própria estupefação de todos eles, três dias depois, ao constatarem que Jesus ressuscitara, mostra o quão incrédulos eles estavam naquele momento terrível de suas vidas e como os seus olhos espirituais estavam fechados até então.
Um dos malfeitores, entretanto, não tinha esta visão, tanto que lhe faz um pedido que deve ter soado louco a quem o ouviu. Como assim seu companheiro de cruz ia entrar num reino e, ainda por cima, se lembraria dele?
Esta é uma das maiores provas de fé registradas na Bíblia, vindas de um homem sobre o qual pouco se sabe e menos ainda se esperaria que tivesse uma atitude como essa. É possível que ele já tivesse ouvido a pregação de Jesus, ou mesmo O seguido à distância.
O Mestre, então, honra essa maravilhosa prova de fé, e o presenteia com uma das mais belas frases proferidas por Sua abençoada (e abençoadora) boca: “Em verdade te digo que hoje estarás comigo no paraíso” (v. 43). Tanto o pedido do ladrão como a resposta de Jesus mostram que, de alguma forma, era firme em ambos a crença de que a vida não terminava ali, mesmo para os ímpios (já que o ladrão se via nessa condição e Jesus concordava – ainda que tacitamente - com a sua opinião) e que ainda naquele dia, o ladrão estaria com Jesus no paraíso.
Isto foi perfeitamente compreendido por toda a cristandade, seja ela católica, ortodoxa ou protestante, durante quase dois milênios, até que – no século XIX, dois grupos dissidentes em especial, os adventistas e as testemunhas de Jeová, passaram a ter uma interpretação diferente, para adaptá-la ao seu sistema de crenças.
O que eles basicamente questionam é a tradução do v. 43, em que haveria uma pontuação inexistente tanto no texto original como nas traduções mais aceitas, uma vírgula (ou dois pontos) que modificaria completamente o entendimento do seu significado: “Em verdade te digo hoje, estarás comigo no paraíso”.
Perceba que o advérbio de tempo “hoje”, nessa versão extemporânea, modificaria o verbo “dizer” e não o “estarás”, o que deixaria essa entrada no paraíso para um futuro indeterminado, um “quem sabe um dia...talvez”. Esta tradução alternativa se justifica, para esses grupos, por uma razão muito mais ideológica do que teológica.
Na sua visão de mundo, o tempo cronológico é essencial para justificar as suas marcações de datas para a volta de Jesus, ou o início do juízo investigativo, ou o fim do mundo propriamente dito. Necessitam, portanto, contar o tempo para Deus da mesma maneira como o contam para o ser humano, com início, meio e fim, ainda que a eternidade e a perfeição sejam valores inalcançáveis para o nosso entendimento presente.
O tempo de Deus tem que caber no nosso calendário gregoriano, o que até favoreceria a interpretação mais aceita, se a isso não se somasse a sua pregação do aniquilacionismo, ou seja, que as almas dos ímpios são extintas, aniquiladas (em contraposição à doutrina da imortalidade da alma), que não há nenhum estado intermediário após a morte e que o inferno não existe.
Esperam uma espécie de paraíso físico, real, no qual o corpo material, de alguma forma, será aproveitado, daí também as suas restrições alimentares. Essa polêmica só faz sentido para quem tem que defender outras doutrinas que julga muito mais importantes para a sua própria constituição e sobrevivência como grupo dissidente da ortodoxia cristã.
A objeção costumeira que fazem à interpretação ortodoxa do v. 43 é que, em João 20:17, depois da ressurreição, Jesus diz que não havia subido ainda ao Pai. É difícil ver algum problema aí, a não ser para criar polêmicas desnecessárias que sirvam à afirmação de alguma doutrina extravagante, porque a ênfase em João 20:17 é no corpo humano de Jesus (“não me detenhas, Maria!”) e na sua ascensão física aos céus, o que ocorreria 40 dias depois.
Tudo isso, ainda que resumido de maneira insuficiente aqui (reconhecemos), os leva a não aceitar a tradução tradicional de Lucas 23:43, que nos parece que não só é a mais correta, como a única compatível não só com o contexto imediato de Lucas 23, mas também com toda a pregação neotestamentária.
Como este não é o espaço e o momento para nos estendermos sobre esse assunto, que realmente demanda uma análise interessante e bastante detalhada, quem quiser se aprofundar em todos os detalhes técnicos da tradução do grego e da discussão acadêmica que a envolve, recomendamos enfaticamente que visite o artigo abaixo:
Especificamente sobre a imortalidade da alma, recomendamos os seguintes artigos:
Apenas para registrar, as testemunhas de Jeová também levantam uma polêmica tola quanto à forma de execução de Jesus, que - segundo eles - teria sido consumada numa estaca e não numa cruz, cuja "justificativa" talvez seja a sua necessidade mórbida, típica de seitas, de se sentirem diferentes e portadores de uma informação única e exclusiva (nada mais gnóstico!), cuja refutação também pode ser lida no link abaixo:
Com quantos paus se faz uma stauros?
A partir do v. 44 começa a ser pintado, com grandes trevas (cumprindo a profecia de Amós 8:9), o quadro dos últimos suspiros de Jesus. O véu do santuário, o Santo dos Santos, que até então era visitado única e exclusivamente pelo Sumo Sacerdote uma vez por ano para fazer expiação pelo povo de Israel (Hebreus 9:3-8), passaria a ter o caminho aberto por Jesus (Hebreus 10:19-22), franqueado a todos os que cressem no seu sacrifício pelo seu próprio sangue derramado na cruz.
Este véu, naquele momento, é rasgado (v. 45), enquanto Jesus entrega o Seu espírito e morre como homem (v. 46). A cena deve ter sido de tal forma tocante e simbólica que o centurião que estava aos pés da cruz reconhece que havia algo de especial naquele homem que acabara se expirar (v. 47).
O contraste gritante apontado por Lucas é que ele não era judeu, mas romano, e mesmo assim glorificava a Deus porque, muito provavelmente, agora entendia o que de fato acontecera naquele local, um “espetáculo”, nas próprias palavras do evangelista, o que fez a multidão sair dali “batendo no peito” (v. 48), o que mostrava um sinal de arrependimento tardio (provavelmente, mais remorso do que arrependimento) pelo que haviam consentido que se fizesse contra um inocente.
Os discípulos de Jesus estavam vendo tudo isso de longe (v. 49) e coube a José de Arimateia, membro do Sinédrio que não concordara com a execução de Jesus, ir até Pilatos para pedir o corpo de Jesus (vv. 50-52) a fim de lhe providenciar o devido sepultamento (vv. 53-56), dando destaque ao sepulcro escavado na rocha, pertencente ao rico José e cumprindo a profecia de Isaías 53:9, o qual ninguém havia utilizado ainda (v. 53), o que afastaria a suspeita, quando da ressurreição, de que era outro cadáver que estava na tumba.
Apesar das mulheres terem visto onde o corpo de Jesus fora depositado, e terem se preocupado em preparar os perfumes e especiarias para tratá-lo devidamente, já escurecia a sexta-feira da Paixão, e o sábado sagrado começava, não havendo mais tempo para os seus cuidados. Elas voltariam apenas no domingo, quando teriam uma grata surpresa. Mas isso é assunto para o próximo capítulo.
Este véu, naquele momento, é rasgado (v. 45), enquanto Jesus entrega o Seu espírito e morre como homem (v. 46). A cena deve ter sido de tal forma tocante e simbólica que o centurião que estava aos pés da cruz reconhece que havia algo de especial naquele homem que acabara se expirar (v. 47).
O contraste gritante apontado por Lucas é que ele não era judeu, mas romano, e mesmo assim glorificava a Deus porque, muito provavelmente, agora entendia o que de fato acontecera naquele local, um “espetáculo”, nas próprias palavras do evangelista, o que fez a multidão sair dali “batendo no peito” (v. 48), o que mostrava um sinal de arrependimento tardio (provavelmente, mais remorso do que arrependimento) pelo que haviam consentido que se fizesse contra um inocente.
Os discípulos de Jesus estavam vendo tudo isso de longe (v. 49) e coube a José de Arimateia, membro do Sinédrio que não concordara com a execução de Jesus, ir até Pilatos para pedir o corpo de Jesus (vv. 50-52) a fim de lhe providenciar o devido sepultamento (vv. 53-56), dando destaque ao sepulcro escavado na rocha, pertencente ao rico José e cumprindo a profecia de Isaías 53:9, o qual ninguém havia utilizado ainda (v. 53), o que afastaria a suspeita, quando da ressurreição, de que era outro cadáver que estava na tumba.
Apesar das mulheres terem visto onde o corpo de Jesus fora depositado, e terem se preocupado em preparar os perfumes e especiarias para tratá-lo devidamente, já escurecia a sexta-feira da Paixão, e o sábado sagrado começava, não havendo mais tempo para os seus cuidados. Elas voltariam apenas no domingo, quando teriam uma grata surpresa. Mas isso é assunto para o próximo capítulo.