Steve Jobs parece ter mesmo fundado uma nova religião, a julgar pela repercussão gerada pelo artigo de sua irmã Mona Simpson no The New York Times, em que revela que as últimas palavras de Jobs antes de expirar, olhando para sua família, foram: "OH WOW. OH WOW. OH WOW", algo que poderia ser traduzido para o português como "oh uau, oh uau, oh uau!". É até compreensível que isto venha a ser notícia, dada a importância do falecido fundador da Apple para a moderna sociedade tecnológica, mas daí a fazer ilações as mais esdrúxulas dizendo que ele teria tido uma visão do paraíso antes de bater as botas vai uma longa distância. Pois é exatamente isto o que está acontecendo nos Estados Unidos: uma série de especialistas estão tentando "desvendar" o "uau" final de Steve Jobs, que teria ainda dito uma outra frase final incompreensível, mas que, segundo informa o The Washington Post, já existe gente tentando decifrar o que ela significaria. Os mais lúcidos e calmos tentam argumentar de que este "uau" era dirigido à sua família, que o acompanhava no seu leito de morte, talvez admirando o que havia conseguido construir como pessoa, ou ainda dando-lhes uma força para prosseguirem nas suas vidas, mas a revelação de seus hábitos religiosos pela biografia recém-publicada, como a influência zen-budista na sua formação pessoal, além de ter dito que acreditava "fifty-fifty" (50-50, meio a meio) em Deus, tudo isso serviu de combustível para a indagação esdrúxula do que significaria este "uau" para a humanidade que permanece firme e forte no planeta. Talvez seja apenas uma constatação de como as pessoas realmente buscam a divindade, mas se contentam em cultuá-la nas celebridades e na tecnologia moderna, e parece que Steve Jobs é a encarnação perfeita da junção das duas coisas nesse desejo de eternidade na finitude.