Hoje à noite a BBC 3 exibirá na Grã-Bretanha um documentário sobre a transformação de grandes marcas como Apple e Google em "religiões". Não se trata exatamente de nenhuma nova seita dirigida por algum executivo maluco, mas do trabalho de uma equipe de neurocientistas que scanearam o cérebro de um fã da Apple e descobriram que a marca desperta e ativa nele as mesmas áreas responsáveis pela fé, ou seja, a mesma região do cérebro que são ativadas quando imagens religiosas são mostradas a uma pessoa que nelas tem fé. Como já faz 47 dias que passou o primeiro de abril, a notícia não deve ser brincadeira. Inclusive o trailer do documentário - que está no site da BBC News - mostra a expectativa dos consumidores enquanto aguardam a loja abrir para poderem comprar o mais novo lançamento da Apple, seja ele um iPod, um iPad ou outro 'i' qualquer. Ainda segundo a BBC, este verdadeiro "fervor evangélico" deslocado para o consumismo explicaria o sucesso que empresas como Apple e Google têm experimentado nos últimos anos. Parece não haver dúvida que os consumidores mais fiéis devotam uma predileção que beira o fanatismo a suas marcas favoritas, mas é um tanto quanto surpreendente esta relação pretendida com a religiosidade. É verdade que muitos fiéis se comportam como uma torcida de futebol em relação às suas religiões, assim como muitos "pastores" - infelizmente - transformam suas pequenas igrejas em grandes negócios, mas a linha seguida na pesquisa dos neurocientistas poderá - inadvertidamente - confirmar outra evidência muito forte, já discutida na Universidade de Oxford, a de que a religião é um instinto natural do ser humano.