Essa é mais uma daquelas pesquisas que vai para a gaveta das estatísticas esquisitas que servem para justificar qualquer coisa. Foi realizada nos Estados Unidos e a terminologia tem em conta as peculiaridades da divisão religiosa daquele país, daí a divisão entre "protestantes" (aqueles que professam uma religião originária da Reforma, mas apenas nominalmente, sem serem realmente convertidos), "evangélicos" (born-again, ou seja, "nascidos de novo", que alegam ter tido uma experiência genuína de conversão) e católicos. O estudo, conduzido pela Duke University Medical Center (de Durham, North Carolina) e divulgado pelo U.S. News & World Report, sugere que os protestantes nominais têm cérebros maiores que os evangélicos e católicos, que apresentam uma atrofia no hipocampo, região do cérebro de vital importância para o aprendizado e a memória, e cujo encolhimento é associado também a depressão, demência e mal de Alzheimer.
A pesquisa consistiu na avaliação de 268 pessoas com idade de 58 a 84 anos, que tiveram investigadas as suas filiações denominacionais, práticas espirituais e experiências religiosas de conversão, e que durante o período de 2 a 8 anos, tiveram o hipocampo monitorado por scanners de última geração. Os pesquisadores apenas levantaram algumas hipóteses para a diferença verificada entre os cérebros analisados, entre as quais a de que os evangélicos e católicos norteamericanos seriam mais, digamos, "estressados", por pertencerem a minorias inseridas na população dos EUA, majoritariamente constituída por pessoas que apenas dizem pertencer ou frequentar uma determinada igreja de origem protestante, mas sem ter qualquer experiência religiosa de conversão. O único problema com esta teoria é que evangélicos e católicos estão muito longe de ser exatamente uma minoria minúscula (com o perdão da redundância) e oprimida nos EUA. Outra hipótese aventada é a de que, no caso de pessoas "nascidas de novo", elas teriam uma espécie de "stress traumático" por terem que mudar súbita e radicalmente hábitos e conceitos de vida que haviam cultivado por décadas a fio, o que explicaria a atrofia constatada em seus cérebros. Duro mesmo vai ser justificar aos contribuintes norteamericanos o fato dessa super útil pesquisa ter sido financiada com verbas públicas do National Institutes of Health ("Institutos Nacionais de Saúde").