É no mínimo estranho que o primeiro presidente norteamericano de ascendência africana, prêmio Nobel da paz em 2009 e comandante-em-chefe das Forças Armadas de seu país, tenha permitido que se desse o nome de Geronimo à operação militar que matou Osama Bin Laden. Geronimo, para quem não sabe, é o nome com que ficou conhecido o líder apache chiricahua Goyaałé (traduzindo da língua apache, "O Que Boceja" - frequentemente soletrado Goyathlay em inglês), nascido em 16 de junho de 1829 e morto em 17 de fevereiro de 1909) que, durante muitos anos, lutou contra a mposição pelos brancos europeus de reservas tribais aos povos indígenas. Geronimo lutou junto com outro líder apache, chamado Cochise, e depois se opôs a ele quando dos acordos com as forças invasoras estadunidenses. Seus primeiros e graves problemas, entretanto, foram causados pelos mexicanos. Em 5 de Março de 1851, uma companhia de 400 soldados de Sonora, liderados pelo Coronel José Maria Carrasco atacou o acampamento de Geronimo, matando sua esposa, Alope, seus três filhos e sua mãe. Casou-se mais vezes e teve outros filhos, mas não quis assistir calado ao massacre de seu povo. Apelou ao sagrado direito de resistir.
Após ter se juntado a Cochise e rompido alguns anos depois, de 1858 a 1886, Geronimo atacou tropas mexicanas e estadunidenses, e escapou de diversas capturas. No final da sua carreira guerreira, seus seguidores se resumiam a apenas 38 homens, mulheres e crianças. Seu bando tinha sido uma das maiores forças daqueles que eram considerados "índios renegados", ou seja, que recusaram os acordos com o governo norteamericano. Geronimo terminou se rendendo em 4 de Setembro de 1886 às tropas do General Nelson A. Miles, em Skeleton Canyon, Arizona, colocando um fim no episódio chamado de Guerras Apache. Tornou-se uma lenda, o mais famoso dos chamados "índios renegados". Resistiu heroicamente, mas se rendeu ao ter uma visão de um trem passando em suas terras, de onde lhe veio também a fama de místico. Foi preso e passou 22 anos prisioneiro, até a data de sua morte.
Geronimo e outros guerreiros foram feitos prisioneiros em Fort Pickens, Flórida, e suas famílias enviadas para o Fort Marion. Reuniram-se em 1887, quando foram transferidos para Mount Vernon Barracks, Alabama. Em 1894, mudaram para Fort Sill, Oklahoma. No fim da vida, Gerônimo havia se tornado uma celebridade, se é que se pode chamar de "celebridade" o fato dele ter que aparecer como uma espécie de "animal exótico" e folclórico em exposições e feiras como a Feira Mundial de 1904 em St. Louis, vendendo souvenirs e fotografias dele mesmo, como a que ilustra este texto (vide acima). Em 1905, Geronimo contou sua história a S. M. Barrett, Superintendente de Educação de Lawton, Oklahoma. Barrett apelou ao Presidente Theodore Roosevelt para publicar o livro. Geronimo nunca retornou à terra onde nasceu, vindo a morrer de pneumonia em Fort Sill em 1909, e foi enterrado como prisioneiro de guerra.
A infeliz comparação com Osama Bin Laden talvez venha do fato de Geronimo ter passado décadas combatendo o exército norteamericano, e depois foi feito prisioneiro, um verdadeiro troféu de guerra, omitindo-se o fato de que, na verdade, Geronimo lutava contra o genocídio de seu povo, que, lamentavelmente, a exemplo do que aconteceu (e continua acontecendo) no Brasil, era não só incentivado como permitido à época. Geronimo foi um herói de seu povo, um homem de sua época, um guerreiro que enfrentou e sucumbiu a uma força militar muito maior. Tornou-se um ícone homenageado em vários livros e filmes (veja vídeos abaixo), que sintomaticamente foram transformando sua reputação de vilão a herói com o passar do tempo. Incorporou-se de tal maneira ao imaginário coletivo contra a opressão que inlusive no Brasil inspirou (pelo menos no nome) uma novela chamada "Jerônimo, o Herói do Sertão" (vídeo abaixo) na extinta TV Tupi, em 1972. Barack Obama devia pedir desculpas por ter humilhado a memória de Geronimo desta maneira sórdida. O infeliz "batismo" da operação gerou repercussão no próprio Congresso dos Estados Unidos, onde o Comitê de Assuntos Indígenas do Senado já marcou uma audiência para amanhã, segundo informa a rede de TV ABCNews. Fica a dúvida, entretanto: em pleno século XXI, que mensagem ele quis deixar à posteridade dando o nome de Geronimo à operação que matou Bin Laden?
Após ter se juntado a Cochise e rompido alguns anos depois, de 1858 a 1886, Geronimo atacou tropas mexicanas e estadunidenses, e escapou de diversas capturas. No final da sua carreira guerreira, seus seguidores se resumiam a apenas 38 homens, mulheres e crianças. Seu bando tinha sido uma das maiores forças daqueles que eram considerados "índios renegados", ou seja, que recusaram os acordos com o governo norteamericano. Geronimo terminou se rendendo em 4 de Setembro de 1886 às tropas do General Nelson A. Miles, em Skeleton Canyon, Arizona, colocando um fim no episódio chamado de Guerras Apache. Tornou-se uma lenda, o mais famoso dos chamados "índios renegados". Resistiu heroicamente, mas se rendeu ao ter uma visão de um trem passando em suas terras, de onde lhe veio também a fama de místico. Foi preso e passou 22 anos prisioneiro, até a data de sua morte.
Geronimo e outros guerreiros foram feitos prisioneiros em Fort Pickens, Flórida, e suas famílias enviadas para o Fort Marion. Reuniram-se em 1887, quando foram transferidos para Mount Vernon Barracks, Alabama. Em 1894, mudaram para Fort Sill, Oklahoma. No fim da vida, Gerônimo havia se tornado uma celebridade, se é que se pode chamar de "celebridade" o fato dele ter que aparecer como uma espécie de "animal exótico" e folclórico em exposições e feiras como a Feira Mundial de 1904 em St. Louis, vendendo souvenirs e fotografias dele mesmo, como a que ilustra este texto (vide acima). Em 1905, Geronimo contou sua história a S. M. Barrett, Superintendente de Educação de Lawton, Oklahoma. Barrett apelou ao Presidente Theodore Roosevelt para publicar o livro. Geronimo nunca retornou à terra onde nasceu, vindo a morrer de pneumonia em Fort Sill em 1909, e foi enterrado como prisioneiro de guerra.
A infeliz comparação com Osama Bin Laden talvez venha do fato de Geronimo ter passado décadas combatendo o exército norteamericano, e depois foi feito prisioneiro, um verdadeiro troféu de guerra, omitindo-se o fato de que, na verdade, Geronimo lutava contra o genocídio de seu povo, que, lamentavelmente, a exemplo do que aconteceu (e continua acontecendo) no Brasil, era não só incentivado como permitido à época. Geronimo foi um herói de seu povo, um homem de sua época, um guerreiro que enfrentou e sucumbiu a uma força militar muito maior. Tornou-se um ícone homenageado em vários livros e filmes (veja vídeos abaixo), que sintomaticamente foram transformando sua reputação de vilão a herói com o passar do tempo. Incorporou-se de tal maneira ao imaginário coletivo contra a opressão que inlusive no Brasil inspirou (pelo menos no nome) uma novela chamada "Jerônimo, o Herói do Sertão" (vídeo abaixo) na extinta TV Tupi, em 1972. Barack Obama devia pedir desculpas por ter humilhado a memória de Geronimo desta maneira sórdida. O infeliz "batismo" da operação gerou repercussão no próprio Congresso dos Estados Unidos, onde o Comitê de Assuntos Indígenas do Senado já marcou uma audiência para amanhã, segundo informa a rede de TV ABCNews. Fica a dúvida, entretanto: em pleno século XXI, que mensagem ele quis deixar à posteridade dando o nome de Geronimo à operação que matou Bin Laden?
Fontes: Wikipedia e Junto Native American Society