Eu queria, primeiro, falar um pouco mais longamente sobre os versículos 26 e 27 de Romanos 8, que continuam falando do ministério do Espírito Santo, mas dão uma ênfase um pouco diferente daquela que Paulo vinha desenvolvendo neste mesmo capítulo.
Aqui, Paulo põe a ênfase na Personalidade Divina do Espírito Santo, no sentido de que ele sente e age como uma Pessoa da Trindade, agora em oração.
Jesus deixou claro que a oração devia ser dirigida ao Pai em Seu nome: "E tudo quanto pedirdes em meu nome eu o farei, para que o Pai seja glorificado no Filho" (João 14:13 – veja ainda João 14:14, 15:16 e 16:23).
Se Deus fosse unipessoal, não seria necessário que Jesus fizesse essa distinção (e, ao mesmo tempo, aglutinação) de Pessoas.
Bastaria dizer algo parecido com "peçam diretamente a Mim" ou "dirijam-se unicamente a Mim".
Entretanto, há momentos em que não sabemos orar como convém.
Neste momento, o Espírito Santo "nos ajuda na fraqueza; porque não sabemos o que havemos de pedir como convém, mas o Espírito mesmo intercede por nós com gemidos inexprimíveis" (8:26).
O original grego para o verbo "ajudar" neste versículo é συναντιλαμβάνομαι (sunantilambanomai), que não significa exatamente "ajudar" no sentido que usamos hoje, mas é um verbo composto de συν (sun = junto), αντι (anti = contra) e λαμβανομαι (lambanomai=suportar, carregar ou ajudar), ou seja, o Espírito Santo atua juntamente com o crente debilitado para auxiliá-lo a carregar o fardo da oração naquele momento, com gemidos inexprimíveis.
Temos aí, claramente, ações que se referem a uma Pessoa, o Espírito Santo, carregando o fardo junto com o cristão, atuando numa oração que, segundo Jesus recomendou, deveria ser feita em Seu nome, e dirigida ao Pai.
Que não se diga, apressadamente, que o Espírito a que se refere este versículo, é mera influência, como querem alguns, porque o contexto desmente esta ideia.
Como vimos anteriormente (8:15), Paulo informa que "vocês não receberam um espírito que os escravize para novamente temer, mas receberam o Espírito que os adota como filhos, por meio do qual clamamos: 'Abba, Pai'."
Ora, mais claro impossível.
Não se trata de um "espírito" qualquer, mas do Espírito Santo que nos adota como filhos. Outras passagens mostram que Deus Pai nos adota como filhos por meio de Jesus:
João 1:
12 Contudo, aos que a receberam, aos que creram em seu nome, deu-lhes o direito de se tornarem filhos de Deus,
Gálatas 4:
4 Mas, quando chegou a plenitude do tempo, Deus enviou seu Filho, nascido de mulher, nascido debaixo da lei,
5 a fim de redimir os que estavam sob a lei, para que recebêssemos a adoção de filhos.
4 Mas, quando chegou a plenitude do tempo, Deus enviou seu Filho, nascido de mulher, nascido debaixo da lei,
5 a fim de redimir os que estavam sob a lei, para que recebêssemos a adoção de filhos.
Efésios 1:
4 Porque Deus nos escolheu nele antes da criação do mundo, para sermos santos e irrepreensíveis em sua presença.
5 Em amor nos predestinou para sermos adotados como filhos por meio de Jesus Cristo, conforme o bom propósito da sua vontade,
6 para o louvor da sua gloriosa graça, a qual nos deu gratuitamente no Amado.
4 Porque Deus nos escolheu nele antes da criação do mundo, para sermos santos e irrepreensíveis em sua presença.
5 Em amor nos predestinou para sermos adotados como filhos por meio de Jesus Cristo, conforme o bom propósito da sua vontade,
6 para o louvor da sua gloriosa graça, a qual nos deu gratuitamente no Amado.
E é este Deus-Espírito que, quando o crente está fraco, debilitado, intercede por ele junto a Deus-Pai em nome do Deus-Filho, com gemidos inexprimíveis, numa tri-relação dinâmica, consubstancial e completa em si mesma, mas que se coloca a favor do crente enfraquecido.
