quarta-feira, 19 de março de 2008

Los "fanfarrones"

Evo Morales y Diego Armando Maradona são dois fanfarrões. Eles promoveram uma pelada em La Paz para comprovar os sublimes benefícios de se jogar futebol a mais de 3.000 metros de altitude. O único lado bom deste encontro de estrelas (cadentes) sulamericanas foi o fato de recolherem alimentos para as vítimas das enchentes na Bolívia, como ingresso. A FIFA parece não concordar com esta loucura. Nada contra o fato da turma dos Andes resolver bater um futebolzinho entre eles, no clássico local Condores x Vicuñas, afinal eles já moram lá e estão acostumados com os efeitos do ar rarefeito. O problema é quando times e seleções de outros lugares, digamos, menos elevados, mesmo da Bolívia, têm que subir a cordilheira. O período de adaptação às condições de falta de oxigênio teria que ser muito grande, algo em torno de duas a quatro semanas, conforme a altitude, e obviamente o mundo não pode parar para que jogadores de futebol se aclimatem à altura de Potosí, Oruro, La Paz e outros píncaros do desporto sulamericano.


O que me espanta nisso tudo é a lógica que se esconde por trás deste discurso maradoniano de apoio aos jogos nas alturas. A altitude funciona como um doping, uma vantagem que o jogador que lá vive tem sobre os recém-chegados das planícies e do litoral. Seria ótimo poder se aclimatar pra jogar uma partida de futebol em igualdade de condições, mas a única saída seria ele usar um equipamento de oxigênio que nivelasse o seu consumo do precioso gás. Certamente, isto seria visto pelos nossos fanfarrões como vantagem indevida, mas é curioso que eles não apliquem o mesmo raciocínio ao seu pleito do altímetro. Nós, que já sofremos tanto com o jeitinho brasileiro, agora nos deparamos com o jeitinho boliviano, com uma pitadinha argentina. Talvez eu esteja enganado e tudo se trate apenas da velha e boa hospitalidade boliviana: "Pede pra subir! Pede pra subir!".

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