Reparei que muita gente chega até este texto pesquisando - no Google - localização e valor dos pedágios na Castello Branco e na Raposo Tavares. Para acessar a tabela atualizada, veja o site da ARTESP.
Quem viaja muito pelas estradas do Estado de São Paulo sempre reclama do alto valor dos pedágios. E isto não vem de hoje, mas desde o primeiro governo Mário Covas, em que as principais rodovias estaduais foram privatizadas de acordo com o maior preço pago por cada estrada. Até recentemente, dizia a intelligentsia tucana que este tipo de leilão se justificava porque vendiam a concessão da rodovia por um preço alto, de maneira que o excesso do valor seria utilizado para subsidiar os reparos nas outras estradas estaduais onde não havia a viabilidade econômica de concessão. Assim, o DER-SP terceirizou a manutenção de boa parte das estradas sob sua responsabilidade, que supostamente deveriam ter a sua manutenção garantida. Aos motoristas, sobrou o ônus de pagar os maiores pedágios do país. Obviamente, a gritaria foi geral, embora não acompanhada pela imprensa tucana de SP. Quando da inauguração das marginais pedagiadas entre Alphaville e o Cebolão (passando por Osasco), o Mário Covas soltou uma de suas pérolas, dizendo que "quem paga pedágio é rico", omitindo o fato de que a maior parte da produção agrícola e industrial do Estado (senão toda), além dos serviços, passa pelo sistema viário pedagiado, e quem paga os valores adicionados é o consumidor final, seja ele rico ou pobre. Depois dessa bobagem dita pelo Covas, nunca mais o levei a sério. Se fosse o Lula que tivesse dito esta frase, até hoje estaria repercutindo, mas era o Covas, e a imprensa tucana ajudou a criar esta imagem do homem público íntegro imune a bobagens e demagogia.
Pois bem, passados tantos anos, tantas reclamações (e tanto silêncio da imprensa), o fato é que as rodovias vicinais administradas pelo DER estão no mais completo estado de abandono (salvo raras exceções), embora as empresas terceirizadas continuem recebendo pela sua manutenção, mas ninguém vê, ninguém denuncia, ninguém investiga. Parece que tudo está às mil maravilhas nas rodovias paulistas, sejam elas privatizadas ou não. Basta, entretanto, uma visita à Raposo Tavares, entre Piraju e Ourinhos, para ver o estado precário em que se encontra esta importante rodovia, já na mira das próximas privatizações do Serra. Todo mês de janeiro, o Jornal Nacional denuncia os buracos provocados pelas chuvas nas rodovias federais, mas ninguém se dá ao trabalho de verificar o que (não) se passa nas estaduais. É como se não existissem. Pelo menos na imprensa paulista (e nacional), problema do governo tucano de SP só acontece quando um buraco do metrô engole uma rua, alguns veículos e 7 contribuintes.
Há pouco tempo atrás, o governo federal leiloou concessões de rodovias pelo menor valor de pedágio, e o sucesso foi estrondoso. Tão estrondoso que o governo de São Paulo foi obrigado a rever seus critérios, suspendendo os editais de licitação de novas concessões (como a Raposo Tavares) para que não ficasse tão claro o abuso cometido nas privatizações anteriores. Afinal, o valor pago por km nas rodovias federais vai ficar muito mais barato que nas tucanas. Entretanto, matéria do caderno Dinheiro da Folha de S. Paulo de hoje (ver íntegra aqui) mostra que a concessão de rodovias ao setor privado foi o negócio mais rentável do Brasil no ano passado. Nem bancos garantiram tanto retorno. A Folha ainda tenta disfarçar, sem dizer que o grosso deste negócio se situa no Estado de São Paulo, mas os infelizes motoristas que passam por essas plagas sabem muito bem quanto têm que desembolsar a cada cancela e a cada kilômetro. Ninguém é contra pagar pedágio por estradas bem conservadas, desde que o preço seja justo, desde que haja outras opções viáveis, e que o melhor retorno seja garantido ao cidadão, este sujeito que só é lembrado na hora de pagar uma multidão de impostos e de lhe enfiarem tarifas e pedágios goela abaixo.