terça-feira, 18 de março de 2008

Um país impune

Meu amigo Moisés trouxe para o Forum Atos a notícia de que o Champinha, aquele adolescente que matou (e barbarizou) a Liana Friedenbach e o Felipe Caffé, além de outros crimes, está internado numa unidade psiquiátrica especializada para casos de psicopatas como ele, na qual ele goza de um certo conforto.

Apesar de compartilhar da indignação pública por todos os crimes que este rapaz cometeu, o fato é que o Champinha é um desequilibrado mental, já que para a Justiça considerar alguém mentalmente incapaz neste país, é necessário um processo longo que, não raras vezes, termina pondo na rua quem realmente não está preparado para a vida em sociedade, é só lembrar do caso do bandido da luz vermelha, que cumpriu 30 anos de cana, e foi solto pra ser assassinado algum tempo depois. Era só olhar na cara dele pra ver que ele não tinha a mínima condição mental de se comportar, mas a pressão popular achou que ele devia ser solto, e deu no que deu. Agora a pressão popular quer que o Champinha fique na cadeia o resto da vida, de preferência numa solitária. Eu acho que ele vai pegar uma prisão perpétua, na prática (tudo indica isso), e, ainda que o nível de psicopatia dele seja mínimo, ele vai ser punido, coisa que não acontece com 99,99% dos presos deste país, que, nas raras vezes em que são encontrados, julgados, condenados, cumprem 1/6 da pena e saem fora. Isso quando não podem pagar um ótimo advogado que os deixe livre até transitar em julgado a infinidade de recursos que a lei permite. A grande verdade é que o crime compensa no Brasil, mas não é o Champinha o culpado por isso. Talvez ele seja um dos raros criminosos realmente punidos. Além disso, eu acho que além de ser punido de verdade, o preso tem direito a uma cela minimamente decente, porque ele deveria puxar a cana dele integralmente, sem visita íntima, nem de advogado (só as absolutamente necessárias), sem sair pra passear quando tiver que depor na Justiça, sem armas, celular e disk-pizza... ou seja, punido mesmo, mas com o mínimo de decência. Acho também que tinham que trabalhar, sempre que fosse possível, de preferência em colônias rurais, pegando na enxada mesmo, não só pra reduzir a pena e fazer terapia ocupacional, como para pagar a estadia deles lá. Acho ainda que as prisões deveriam ser privatizadas, com as concessionárias sendo cobradas por desempenho, e culpadas por torturas, fugas e rebeliões. Enquanto isso não acontece, eu acho que os carcereiros, policiais, advogados, agentes penitenciários, etc., que facilitassem a fuga de presos deveriam cumprir o restante da pena dele no seu lugar, somando-se as penas se fossem vários. Acho que os psicólogos e médicos forenses, bem como os juízes que dão direito a preso pra saída para Natal, dia dos Pais, dia das Mães, etc., e o meliante delinqüe novamente, deveriam ser responsabilizados por isso. Enquanto isto não acontece, as vítimas (e os culpados) somos nós todos, até o dia em que elejamos quem realmente nos represente. Resumo da ópera: que bom seria viver num país sério.

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