Jesus já dizia no Sermão da Montanha: "Seja, porém, o vosso falar: Sim, sim; não, não; pois o que passa daí, vem do Maligno" (Mateus 5:37).
Já Caetano Veloso ficou mais conhecido por colocar a expressão "ou não" no final de cada declaração sua sobre tudo (ou sobre nada).
Na recente formatura da turma de Cinema da PUC/RJ, a formanda encarregada de proferir o tradicional juramento preferiu seguir a receita de Caetano Veloso, e - jocosamente - incluiu "ou não" no final de cada frase de sua fala, o que foi repetido pelos demais formandos sem saber que isso lhes acarretaria alguns dissabores.
Diante do juramento inusitado, a direção do Departamento de Comunicação Social, presente à cerimônia, não teve dúvidas: anulou a colação de grau até que o juramento fosse devidamente formalizado, o que atrasou a carreira profissional dos formandos.
Portanto, pense melhor antes de fazer um juramento. Pode ser uma mera formalidade, mas é melhor fazê-lo segundo manda o figurino do que ter alguns aborrecimentos mais à frente.
A notícia é d'O Globo:
Juramento inusitado suspende formatura na PUC
Estudante inclui de brincadeira o termo ‘ou não’ no final de cada promessa e acaba atrasando em meses a colação de grau
Uma das formandas, aprovada em processo seletivo para Rede Globo, não conseguiu comprovar colação de grau a tempo
RIO - Duas únicas palavras foram o suficiente para atrasar a formatura de uma turma inteira da faculdade de Cinema na PUC-Rio. Na cerimônia de juramento dos formandos, em janeiro deste ano, a aluna responsável por ler o texto resolveu fazer um "adendo": a cada tópico lido, ela incluía a expressão "ou não" no final da frase, o que revertia totalmente o sentido da cerimônia.
"Prometo exercer minha profissão/ com espírito de quem se entrega / a uma verdadeira missão de serviço / tendo sempre em vista o bem comum; ou não
Dedicar-me a conhecer e avaliar / a realidade social / e aprofundar meus conhecimentos / a fim de satisfazer as necessidades da sociedade; ou não
Aplicar-me à busca da verdade / à realização da justiça / e à defesa dos direitos fundamentais do homem, ou não"
Sem serem avisados da brincadeira, os outros estudantes riram e acabaram repetindo as palavras da aluna. Conclusão: a turma de 30 formandos de Cinema do período 2012.2 não fez o juramento, e por isso, a colação de grau foi atrasada em meses.
Quem estava presidindo a cerimônia era o diretor do Departamento de Comunicação Social, professor César Romero. Segundo ele, seria possível intervir no juramento assim que a aluna descumprisse pela primeira vez a leitura do texto, que é padrão para todas as formaturas na PUC-Rio.
Romero preferiu não interromper o ato, mas logo após o evento, mandou um vídeo do juramento à reitoria da universidade, a fim de que se decidisse o que fazer com a situação inusitada. No final das contas, foi decidido que o juramento seria anulado, e duas novas cerimônias alternativas seriam marcadas, uma em março e outra em abril.
— Eu poderia intervir, sim, mas achei que não deveria. Afinal, os pais estavam felizes com a formatura dos seus filhos. Fiz isso primeiramente em respeito aos pais — explica Romero.
Com a decisão, os formandos tiveram de assinar a ata de colação de grau meses depois dos outros alunos que se formaram em Comunicação Social. A aluna Maria Eduarda Barreiro, por exemplo, tinha sido aprovada num processo seletivo, e deveria ter entregado algum documento que comprovasse a colação de grau até a última terça-feira (16).
No entanto, Maria Eduarda só pode assinar o papel nesta quinta-feira (18). E mesmo assim, ela terá que esperar até sexta-feira (19) para poder pegar o documento comprovando que a aluna colou grau. Para não perder a vaga na empresa, Maria Eduarda chegou a se comprometer a entregar o documento até esta sexta-feira (19) em Curicica, sede do Projac, no mesmo dia em que o papel será liberado pela PUC.
— Numa universidade particular, com quase 2 mil reais de mensalidade, esse tipo de serviço é um absurdo. Poderia haver uma intervenção na hora da brincadeira ou pelo menos que o juramento não fosse anulado — reclama a formanda.
Para César Romero, mesmo com os transtornos, o fato serve de exemplo para que novos formandos levem a sério a cerimônia.
— Imagina a presidente Dilma Rousseff dizendo no dia da posse 'prometo defender os Direitos Humanos, ou não'... A universidade não está disposta a compactuar com esse tipo de brincadeira — disse Romero.