sexta-feira, 9 de dezembro de 2011

Evangélicos sacrificam cordeiros e fazem chover em Uberlândia

Um registro inicial é necessário: todas as pessoas têm o direito de seguir (ou não) uma religião de acordo com as suas convicções. Quando elas dizem que essa religião que seguem é "cristianismo", é necessário então passar pelo crivo da ortodoxia cristã. Por "ortodoxia" aqui não se entenda o ramo oriental da Igreja (grega, russa, armênia, etc.), mas os fundamentos básicos que toda e qualquer denominação que se apresente ao mundo como cristã deve seguir, frutos de profundas discussões nos primeiros séculos da Igreja, sob pena de serem apenas um arremedo, uma versão manca, mística, copiada e adaptada do cristianismo. Por isso chama tanto a atenção o episódio ocorrido em Uberlândia (MG) pouco tempo atrás, no fim do mês de outubro de 2011, quando um grupo que se diz cristão oferece 5 cordeiros a um profeta que chega ao aeroporto local trazendo, segundo eles dizem, a "unção de Elias" e chuva. De fato, não precisa ser metereologista nem estatístico para perceber que depois de alguns meses de seca típicos do inverno, quando se aproxima novembro começa a chover no Sudeste do Brasil. Basta o bom senso para chegar a essa constatação. Antes da colonização, qualquer tribo indígena que habitava a região sabia disso. Agora, entretanto, o misticismo que se associa a determinadas práticas ditas "evangélicas" por aqui faz com que as pessoas não só percam o bom senso como também NEGUEM o próprio sacrifício ÚNICO de Cristo em nosso favor, ao oferecer "sacrifício de cordeiros" a alguém que chega e se apresenta como profeta. Não há nada de cristão nisso, talvez - no máximo - uma evocação esotérica do Velho Testamento interpretado ao gosto do freguês. Aparentemente, pelo que se pode depreender dos vídeos abaixo, o "sacrifício de cordeiros" é representado por uma oferta financeira em notas de 100 reais (talvez seja o valor correspondente a 5 cordeiros, vai saber...), o que não melhora em nada a situação. Profeta que recebe dinheiro no Velho Testamento é mais conhecido como Balaão, e até uma jumentinha é usada pra adverti-lo e discipliná-lo (Números 22). Como pouca gente lê a Bíblia nessas igrejas, se é que leem, então os falsos profetas nadam de braçada na chuva da ignorância. Os vídeos a seguir são uma bofetada na cara daqueles que são verdadeiramente cristãos e pregam o evangelho puro e simples da cruz de Cristo, e mostram o quanto boa parte (talvez a maior) da igreja que se diz "evangélica" no Brasil, na verdade, apostatou e segue um sincretismo desordenado de inspirações cristãs, judias, umbandistas e, por que não dizer, tupi-guaranis. Daqui a pouco farão dança da chuva invocando o deus Tupã... sai de baixo!

A dica do primeiro vídeo veio do blog Plugados com Deus:



Depois investigamos mais e vimos outras pérolas. Aqui a esposa do pastor da igreja fala do "sacrifício de cordeiro" (a "oferta", pelo jeito), da chuva e da "unção de leão":



Aqui uma moça da igreja, com a cabeça raspada (talvez num voto místico de "nazireu" - totalmente despropositado para um cristão), também fala da chuva, e celebra a queda de um muro na casa de alguém (sabe-se lá por quê), além de ressaltar as "ofertas":



Neste outro vídeo, outro membro da igreja repete a questão da chuva e da "oferta de cordeiro", diz que houve uma enchente "sobrenatural" na igreja, com 10 cm de água, e uma hora e meia depois, tinha secado também "sobrenaturalmente". Talvez seja o caso do prefeito Gilberto Kassab chamar o profeta pra ficar em São Paulo no verão...



Por fim, o vídeo abaixo mostra a chegada do "profeta" em Uberlândia, e a partir de 2m40s se vê a oferta em dinheiro sendo entregue a ele. Repare que além da moça com a cabeça raspada já mostrada acima, há outra na mesma condição. Perceba também que já está chovendo na cidade ao fundo, mas nos vídeos acima, eles dizem que começou a chover em cima da igreja, o que revela o poder de sugestão que o auto-engano coletivo proporciona. Eles querem crer em qualquer coisa e de qualquer jeito, desde que creiam. É a tristemente famosa "fé na fé":



Devia ser impressionante, mas infelizmente não é mais por ter se tornado tão rotineira, essa fixação "evangélica" por dinheiro, em detrimento da pregação pura e simples do verdadeiro evangelho de Jesus Cristo, sem tambores de chuva nem contas bancárias polpudas. Muito provavelmente, eles devem também atacar os cristãos tradicionais e ortodoxos dizendo que esses últimos são muito "religiosos", sem perceberem a enorme contradição entre esse discurso incauto e as práticas místicas pra lá de religiosas que eles adotaram. É no mínimo estranho que esse pessoal não vá fazer chover no sertão do Nordeste ou na África. Se eles tivessem todo esse poder e fossem mesmo cristãos, certamente estariam lá faz tempo. Está mais do que na hora dos verdadeiros evangélicos, protestantes, reformados, renunciarem a qualquer tipo de comunhão ou "ecumenismo de ocasião" com essas denominações que se entregaram de corpo e alma ao misticismo desenfreado, denunciando o paganismo que os acomete e marcando bem as diferenças. É muito provável que eles sejam a maioria dos que se dizem "evangélicos" no Brasil, mas a minoria cristã deve ter coragem de dizer que não tem nada a ver com esse grotesco espetáculo de nuvens tenebrosas que assola a igreja no país.



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