terça-feira, 13 de dezembro de 2011

Um silêncio ensurdecedor

Desde meados da semana passada, uma parte significativa da população brasileira, pelo menos aquela porção que tem condições de acessar informação não controlada pela mídia ou pelo governo, está estarrecida com o lançamento de um livro pela Geração Editorial, "A Privataria Tucana", do jornalista Amaury Ribeiro Jr., que expõe os intestinos da era da privatização da telefonia brasileira, no governo FHC, do PSDB, com ênfase nas articulações pouco ortodoxas de José Serra, ex-candidato a Presidente da República em 2002 e 2010, mas também sobra parte da munição para gente do PT, segundo dizem, já que não tive oportunidade de ler ainda o livro, que já está a caminho de casa, segundo a Livraria Saraiva me informou ontem. Entretanto, o livro em si, ao que parece, traz provas irrefutáveis de ligações tucanas no mínimo estranhas com gente que foi (muito) beneficiada pelas privatizações no Brasil. Aliás, não se trata nem de uma discussão se a privatização foi ou não uma boa solução para o Brasil, mas se a sua motivação principal foi a abertura da economia ou o desvio de recursos públicos e a venda de estatais a um grupinho seleto de amigos. Independentemente do que você ache a respeito, ou mesmo da sua posição política a favor ou contra esse ou aquele partido, o que está chamando a atenção nos últimos é o silêncio da grande mídia brasileira a respeito do assunto. Não só da mídia, registre-se, mas também do PT, a quem - em tese - interessaria investigar e execrar seus rivais tucanos diante de uma bomba como essa. Só que os deputados e senadores do PT fingem que nada sabem, e seu comportamento de avestruz revela que o teatro político brasileiro não deve ter nenhum mocinho. Pelo jeito, são todos vilões.

Diante desse quadro de mistura nada ética de políticos de situação e oposição num pacto do algodão no ouvido e do esparadrapo na boca, a imprensa deveria ser a nossa salvação. Só que reina um silêncio mortal nas redações da Globo, SBT, Folha, Abril e Estadão. A lei da mordaça impera nesse lugares, e eles nem se preocupam em desqualificar o livro ou seu autor, talvez porque seja realmente impossível desmontar as provas documentais que ele traz. Este silêncio ensurdecedor, como diz Bob Fernandes no comentário abaixo, feito na pouco vista TV Gazeta de SP, é revelador. Mostra o perigo que TODA a sociedade brasileira está correndo com uma mídia que - ao que tudo indica - deve ter o rabo preso com alguém, ou com algum esquema do qual se favoreceu ou é favorecida, a ponto de se calar sobre o maior fenômeno editorial dos últimos anos, um livro que tem vendido na casa dos milhares ao dia, mesmo que a primeira edição já tenha se esgotado e as próximas reimpressões já estejam dobradas. Mais do que a reputação desse ou daquele político medalhão, ou da própria imprensa, o que está em jogo é a democracia brasileira. Como já dissemos em outra oportunidade aqui no blog, liberdade de imprensa não é sinônimo de liberdade de expressão, e ambas também não se confundem com a liberdade de informação. São três liberdades distintas, e do equilíbrio entre elas depende a saúde democrática de um país. Liberdade de expressão temos todos. Liberdade de imprensa só têm aqueles que conseguem montar um veículo próprio para noticiar o que querem. Liberdade de informação deveríamos ter todos, mas ultimamente só aqueles que vão buscá-la em veículos como a internet é que conseguem alcançá-la. Além do conchavo político por baixo dos panos entre PSDB e PT, o silêncio que reina na imprensa brasileira sugere, pelo menos, que existe algo tão grave por trás dos bastidores das suas redações que jornais, revistas e televisões têm tanto medo de revelá-lo a ponto de arriscarem a sua própria sobrevivência para levar o segredo à cova. Independentemente da sua preferência partidária, você tem TODO o direito de ser corretamente informado. É por essa e outras que o comentário de Bob Fernandes, abaixo, é tanto revelador como assustador:



Abaixo segue a íntegra da entrevista do escritor Amaury Ribeiro Jr., em que fatos e conexões nunca imaginados são revelados:






Abaixo a entrevista do autor Amaury Ribeiro Jr. a Heródoto Barbeiro, no Jornal da Record News:



Abaixo a entrevista do autor a Paulo Henrique Amorim, na Record News:






Um comentário:

  1. O silêncio da mídia e do PT se justificam.

    O jornalista Amaury Ribeiro Jr. foi aquele que, em 2009, violou o sigilo fiscal de José Serra, sua filha e mais algumas pessoas, criando um escândalo político que respingou na campanha de Dilma a presidente - embora ela não tenha nada a ver com o episódio.

    Acessar informações sigilosas é crime e na ocasião, ARJ alegou que estava escrevendo um livro sobre as privatizações, e agora saiu o resultado.
    Tenho lido dezenas de dezenas de comentários como esse, exigindo ou suplicando que a imprensa dê atenção a esse livro, que não traz nenhuma revelação nova.

    É mero sensacionalismo e mau exercício do jornalismo.

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