Os limites do método científico
Curso de verão sobre o padre Jaki, físico falecido em 2009
MADRI, terça-feira, 23 de julho de 2011 (ZENIT.org) – A importância de reconhecer os limites do método científico, que impede a ciência experimental de tratar de realidades não quantificáveis, foi exposta como uma das principais contribuições do sacerdote e físico húngaro Stanley Jaki.
Especialistas abordaram o tema Ciência e Fé em Stanley Jaki, em curso de verão no Colégio Maior San Pablo CEU, neste julho, em Madri, cidade onde o padre faleceu há dois anos.
Os expoentes destacaram, como aspectos principais do pensamento de Jaki, os limites do método científico, a diferença entre ciência experimental e saber humanístico e a importância de distinguir ciência e fé sem opô-las.
Participaram, entre outros, Jacques Vauthier, matemático e professor de Filosofia da Ciência da Sorbonne; Manuel Maria Carreira, físico e filósofo da Universidade de Comillas, Espanha, e Paul Haffner, professor do Ateneu Regina Apostolorum, de Roma.
As instituições organizadoras do Congresso foram a Universidade CEU San Pablo e o Ateneu Regina Apostolorum.
Questão metodológica
Stanley Jaki se preocupou com os limites do método científico tentando continuamente separar o objeto da ciência e o objeto da religião. Em entrevista de 1991, ele citava Maxwell: “Uma das provas mais difíceis para uma mente científica é conhecer os limites do método científico”.
À pergunta sobre quais são esses limites, Jaki respondia: “Os limites da ciência (e ao falar de ciência me refiro aqui à física) são fixados pelo seu próprio método”.
“O método da física versa sobre os aspectos quantitativos das coisas em movimento. Só podemos aplicar legitimamente o método científico-experimental quando captamos aspectos quantitativos nas coisas. Mas quando nos surgem perguntas como ‘isso é belo?’, ou ‘existe isto?’, ou ‘esta ação é moralmente boa?’, estamos nos perguntando coisas que a ciência não pode responder”.
Segundo os expoentes do congresso, esta é uma ideia fundamental e “muito sadia”, e há unanimidade na epistemologia atual, não só entre os católicos.
Ciências e humanidades
Em razão dos limites do método científico, o cientista e sacerdote húngaro afirmou que a ciência experimental não é capaz de tratar de realidades que não são quantificáveis ou medíveis, e que pertencem ao saber humanístico.
Sobre a distinção entre saber humanístico e ciência experimental, Jaki afirmava: “Os estudos humanísticos e os científicos têm que ser feitos por separado. Não se deve tentar fundi-los, porque eles partem de premissas diferentes e empregam métodos diferentes”.
“Nos estudos humanísticos, por exemplo, quando estudamos Dante, não perguntamos quantas letras existem na obra dele. Mas é uma pergunta que no campo científico seria lógica”.
Jaki indicou que “devemos cultivar tanto os aspectos quantitativos das coisas quanto aqueles que não são mensuráveis”.
Contra o cientificismo
Os expoentes também destacaram que o padre Jaki denunciou o cientificismo como um enfoque da ciência que não reconhece os limites do seu próprio método.
Jaki afirmou que o grande crime deste século é dizer que o único verdadeiro conhecimento é aquele que pertence ao campo do mensurável quantitativamente.
Perguntado sobre as consequências mais relevantes, o padre húngaro respondia: “É um crime porque estas aplicações unilaterais do método quantitativo chegam a privar o ser humano da sua compreensão dos aspectos incomensuráveis da existência”.
Segundo Jaki, “a principal consequência é a relativização dos pontos de vista morais”.
“Em vez de agirmos numa perspectiva moral, segundo a qual uma ação é intrinsecamente boa ou intrinsecamente má, agora seguimos um modelo behaviorista”, explicava.
Para o cientista, “esta é a base do relativismo moderno, que se fundamenta na crença de que existem vários padrões de comportamento ou estilos de vida alternativos. E não se fazem mais perguntas a respeito”.
Complementaridade
O coordenador do curso, Leopoldo Prieto, afirma que “assistimos a uma nova onda de pressões de uma pretensa ciência biológica militante ateia”.
“Diante de um dogma clássico do cientificismo, que afirma que ciência e fé são incompatíveis, o padre Jaki reitera uma doutrina clássica da Igreja”, diz Prieto. “Ou seja, que existe uma distinção de métodos entre elas, mas nenhuma oposição, e sim perfeita complementaridade”.
Para o padre Jaki, ciência e fé são dois modos de aproximação, ambos racionais, com métodos diferentes.
Padre e cientista
Stanley Jaki nasceu em 1924 em Győr, Hungria. Sacerdote beneditino, foi professor de História e Filosofia da Ciência na Universidade Seton Hall de South Orange, Nova Jersey.
Especialistas abordaram o tema Ciência e Fé em Stanley Jaki, em curso de verão no Colégio Maior San Pablo CEU, neste julho, em Madri, cidade onde o padre faleceu há dois anos.
Os expoentes destacaram, como aspectos principais do pensamento de Jaki, os limites do método científico, a diferença entre ciência experimental e saber humanístico e a importância de distinguir ciência e fé sem opô-las.
Participaram, entre outros, Jacques Vauthier, matemático e professor de Filosofia da Ciência da Sorbonne; Manuel Maria Carreira, físico e filósofo da Universidade de Comillas, Espanha, e Paul Haffner, professor do Ateneu Regina Apostolorum, de Roma.
As instituições organizadoras do Congresso foram a Universidade CEU San Pablo e o Ateneu Regina Apostolorum.
Questão metodológica
Stanley Jaki se preocupou com os limites do método científico tentando continuamente separar o objeto da ciência e o objeto da religião. Em entrevista de 1991, ele citava Maxwell: “Uma das provas mais difíceis para uma mente científica é conhecer os limites do método científico”.
À pergunta sobre quais são esses limites, Jaki respondia: “Os limites da ciência (e ao falar de ciência me refiro aqui à física) são fixados pelo seu próprio método”.
“O método da física versa sobre os aspectos quantitativos das coisas em movimento. Só podemos aplicar legitimamente o método científico-experimental quando captamos aspectos quantitativos nas coisas. Mas quando nos surgem perguntas como ‘isso é belo?’, ou ‘existe isto?’, ou ‘esta ação é moralmente boa?’, estamos nos perguntando coisas que a ciência não pode responder”.
Segundo os expoentes do congresso, esta é uma ideia fundamental e “muito sadia”, e há unanimidade na epistemologia atual, não só entre os católicos.
Ciências e humanidades
Em razão dos limites do método científico, o cientista e sacerdote húngaro afirmou que a ciência experimental não é capaz de tratar de realidades que não são quantificáveis ou medíveis, e que pertencem ao saber humanístico.
Sobre a distinção entre saber humanístico e ciência experimental, Jaki afirmava: “Os estudos humanísticos e os científicos têm que ser feitos por separado. Não se deve tentar fundi-los, porque eles partem de premissas diferentes e empregam métodos diferentes”.
“Nos estudos humanísticos, por exemplo, quando estudamos Dante, não perguntamos quantas letras existem na obra dele. Mas é uma pergunta que no campo científico seria lógica”.
Jaki indicou que “devemos cultivar tanto os aspectos quantitativos das coisas quanto aqueles que não são mensuráveis”.
Contra o cientificismo
Os expoentes também destacaram que o padre Jaki denunciou o cientificismo como um enfoque da ciência que não reconhece os limites do seu próprio método.
Jaki afirmou que o grande crime deste século é dizer que o único verdadeiro conhecimento é aquele que pertence ao campo do mensurável quantitativamente.
Perguntado sobre as consequências mais relevantes, o padre húngaro respondia: “É um crime porque estas aplicações unilaterais do método quantitativo chegam a privar o ser humano da sua compreensão dos aspectos incomensuráveis da existência”.
Segundo Jaki, “a principal consequência é a relativização dos pontos de vista morais”.
“Em vez de agirmos numa perspectiva moral, segundo a qual uma ação é intrinsecamente boa ou intrinsecamente má, agora seguimos um modelo behaviorista”, explicava.
Para o cientista, “esta é a base do relativismo moderno, que se fundamenta na crença de que existem vários padrões de comportamento ou estilos de vida alternativos. E não se fazem mais perguntas a respeito”.
Complementaridade
O coordenador do curso, Leopoldo Prieto, afirma que “assistimos a uma nova onda de pressões de uma pretensa ciência biológica militante ateia”.
“Diante de um dogma clássico do cientificismo, que afirma que ciência e fé são incompatíveis, o padre Jaki reitera uma doutrina clássica da Igreja”, diz Prieto. “Ou seja, que existe uma distinção de métodos entre elas, mas nenhuma oposição, e sim perfeita complementaridade”.
Para o padre Jaki, ciência e fé são dois modos de aproximação, ambos racionais, com métodos diferentes.
Padre e cientista
Stanley Jaki nasceu em 1924 em Győr, Hungria. Sacerdote beneditino, foi professor de História e Filosofia da Ciência na Universidade Seton Hall de South Orange, Nova Jersey.