segunda-feira, 31 de outubro de 2011

Maias não previram o fim do mundo



Profetas do apocalipse, jogai fora as vossas calculadoras, se o calendário que vocês utilizam é o da civilização maia. Pelo menos é isso o que diz matéria publicada na Folha de hoje, corroborando o que foi dito aqui em julho de 2010, no texto "O mundo não vai acabar em 2012":

Fim do mundo maia é um erro de interpretação, diz arqueólogo

O prognóstico maia do fim do mundo foi um erro histórico de interpretação, segundo revela o conteúdo da exposição "A Sociedade e o Tempo Maia" inaugurada recentemente no Museu do Ouro de Bogotá.

O arqueólogo do Inah (Instituto Nacional de Antropologia e História do México) e um dos curadores da mostra, Orlando Casares, explicou à Agência Efe que a base da medição do tempo desta antiga cultura era a observação dos astros.

Eles se inspiravam, por exemplo, nos movimentos cíclicos do Sol, da Lua e de Vênus, e assim mediam suas eras, que tinham um princípio e um final.

"Para os maias não existia a concepção do fim do mundo, por sua visão cíclica", explicou Casares, que esclareceu: "A era conta com 5.125 dias, quando esta acaba, começa outra nova, o que não significa que irão acontecer catástrofes; só os fatos cotidianos, que podem ser bons ou maus, voltam a se repetir."

Para não deixar dúvidas, a exposição do Museu do Ouro explica o elaborado sistema de medição temporal desta civilização.

"Um ano dos maias se dividia em duas partes: um calendário chamado 'Haab' que falava das atividades cotidianas, agricultura, práticas cerimoniais e domésticas, de 365 dias; e outro menor, o 'Tzolkin', de 260 dias, que regia a vida ritualística", acrescentou Casares.

A mistura de ambos os calendários permitia que os cidadãos se organizassem. Desta forma, por exemplo, o agricultor podia semear, mas sabia que tinha que preparar outras festividades de suas deidades, ou seja, "não podiam separar o religioso do cotidiano".

Ambos os calendários formavam a Roda Calendárica, cujo ciclo era de 52 anos, ou seja, o tempo que os dois demoravam a coincidir no mesmo dia.

Para calcular períodos maiores utilizavam a Conta Longa, dividida em várias unidades de tempo, das quais a mais importante é o "baktun" (período de 144 mil dias); na maioria das cidades, 13 "baktunes" constituíam uma era e, segundo seus cálculos, em 22 de dezembro de 2012 termina a presente.

Com esta explicação querem demonstrar que o rebuliço espalhado pelo mundo sobre a previsão dos maias não está baseado em descobertas arqueológicas, mas em erros, "propositais ou não", de interpretação dos objetos achados desta civilização.

De fato, uma das peças-chave da mostra é o hieróglifo 6 de Tortuguero, que faz referência ao fim da quinta era, a atual, neste dezembro, a qual se refere à vinda de Bolon Yocte (deidade maia), mas a imagem está deteriorada e não se sabe com que intenção.

A mostra exibida em Bogotá apresenta 96 peças vindas do Museu Regional Palácio Cantão de Mérida (México), onde se pode ver, além de calendários, vestimentas cerimoniais, animais do zodíaco e explicações sobre a escritura.

Para a diretora do Museu do Ouro de Bogotá, Maria Alicia Uribe, a exibição sobre a civilização maia serve para comparar e aprender sobre a vida pré-colombiana no continente.

"Interessa-nos de alguma maneira comparar nosso passado com o de outras regiões do mundo", ressaltou Maria sobre esta importante coleção de arte e documentário.

A exposição estará aberta ao público até 12 de fevereiro de 2012, para depois deve ser transferida para a cidade de Medellín.



A bula papal contra Lutero não o leu direito



Hoje se comemoram 494 anos da Reforma Protestante, do dia 31 de outubro de 1517, em que Martinho Lutero afixou suas 95 teses na porta da igreja do castelo de Wittenberg. Em 15 de junho de 1520 o papa Leão X editaria a bula Exsurge Domine, em que refuta 41 dessas teses, exigindo que Lutero se retratasse por seus erros, oferecendo-lhe um prazo de 70 dias contados a partir da publicação. Conforme você já percebeu (é uma simples questão aritmética), o papa concordou com 54 teses de Lutero. No dia em que vence o prazo para se retratar, em 10 de dezembro de 1520, Lutero queima a bula juntamente com alguns volumes de Direito Canônico. O curioso, quase 5 séculos depois, é perceber que a própria bula papal ou não entendeu o que Lutero escreveu, ou leu coisas que ele não incluiu em suas 95 teses, segundo o texto abaixo, de James Swan, traduzido pelo co-editor deste blog, o Gustavo, e publicado no site E-Cristianismo:

Quão acurada foi a Exsurge Domine em refutar Lutero?

No fórum Catholic Answers Apologetics, a pergunta “Quais das 95 teses Roma não concorda hoje?” foi feita recentemente. Agora, se você nunca leu as 95 Teses, esta é uma leitura difícil. Não é um documento que faz muito sentido se você não estiver familiar com o fundo histórico e teológico da controvérsia entre Lutero e a igreja Romana.

Mas não se preocupe, eu vou explicar por que você não está sozinho se você não tiver certeza do que estava se passando nas 95 Teses ou o que exatamente Lutero estava dizendo naquela época que enfureceu tanto Roma. Parece que nem Roma estava certa sobre o que exatamente Lutero estava falando em alguns pontos.

A Igreja Romana lançou um documento explicando por que eles rejeitaram os ensinos de Lutero: Exsurge Domine, e isto foi notado pelos participantes do Catholic Answers: “Mas há a resposta original feita em 15 de Junho de 1520 pelo Papa Leão X. Esta foi uma encíclica papal intitulada de Exsurge Domine. Este documento delineia o veredito do Magistério da Igreja Católica sobre onde Lutero errou”. E outro comentário: “Por que não ler Exsurge Domine (Erguei-vos, Senhor), que foi a resposta oficial do Vaticano às Noventa e Cinco Teses e outros escritos de Lutero. Ela especificamente demandou que Lutero se retratasse de 41 erros específicos. Alguns deles eram das Noventa e Cinco Teses, algumas não. Ela no entanto não esmiúça as Noventa e Cinco Teses ponto a ponto”.

A pesar de ser um documento papal, eu argumentaria que o Exsurge Domine não é realmente de algum tipo de ajuda. Certamente não é nenhum tipo de ajuda infalível, como o apologista Católico Romano Jimmy Akin explicou recentemente. Eu também apontaria que as mentes mais brilhantes de Roma não sabiam bem o que estava acontecendo quando compilaram a Exsurge Domine. Eu recentemente me deparei com um comentário pertinente à falha da Exsurge Domine:

Como um documento legal a Exsurge Domine assumiu as refutações teológicas providas por Prierias, Cajetano e muito demonstravelmente, Eck. As breves denúncias e uma declaração incompleta dos ensinos de Lutero proveram pouca oportunidade para determinar os pontos mais detalhados das objeções magisteriais ao reformador (Hillerbrand 1969, 108-112). O documento não contém nenhuma hierarquia de condenação, nunca distinguindo qual dos quarenta e um erros são doutrinariamente heréticos e quais são meramente “ofensivos aos ouvidos piedosos” [Gregory Sobolewski, Martin Luther Roman Catholic Prophet (Milwaukee: Marquette University Press, 2001), págs. 67-68].


leia a íntegra do artigo (com referências) no site E-Cristianismo


domingo, 30 de outubro de 2011

O estranho batismo mórmon de Anne Frank

Entre as suas muitas doutrinas, digamos, exóticas, os mórmons têm no "batismo pelos mortos" um de seus dogmas mais sagrados, em que alguém indica um antepassado ou conhecido - ou mesmo desconhecido - já falecido e, mediante um ritual próprio da religião, esta pessoa é batizada no além como mórmon. Esta estranha cerimônia já provocou muitos problemas para os mórmons, principalmente em relação aos judeus que foram vítimas do holocausto nazista, como também envolvendo os próprios nazistas que o perpetraram, que teriam sido batizados como mórmons atendendo a este princípio fundamental de seu credo. Os mórmons estão tendo as suas doutrinas devassadas pela mídia norteamericana em razão de um dos principais pré-candidatos à presidência dos EUA nas eleições de 2012, Mitt Romney, ser um mórmon destacado. O artigo abaixo foi publicado originalmente no The New York Times, traduzido por Clara Allain, e reproduzido na Folha:

Anne Frank, mórmon?


MAUREEN DOWD
DO "NEW YORK TIMES", EM WASHINGTON

Numa apresentação que fez no sábado à noite na Universidade George Washington, Bill Maher mergulhou de cabeça em um território que a imprensa vem tratando com cuidado máximo.

Roupa íntima mágica. Batismo de pessoas que já morreram. Casamentos celestiais. Planetas particulares. Racismo. Poligamia.

"Por qualquer critério que se queira julgar, o mormonismo é mais absurdo que qualquer outra religião", afirmou o comediante famoso por ser ateu e que desancou os "contos de fadas" de várias religiões em seu documentário "Religulous". "É uma religião fundada na ideia da poligamia. Os fiéis a chamam de 'O Princípio'. Soa como a Diretiva Principal de 'Star Trek'."

Bill Maher disse que prevê que a turma de Mitt Romney respondendo depois de Robert Jeffress, pastor batista texano que apóia Rick Perry, ter dito que o mormonismo é uma "seita" não cristã mais uma vez "passe por cima das diferenças entre cristãos e mórmons".

Maher tampouco foi condescendente com a religião na qual foi criado. Aludiu à Igreja Católica como "rede de pedofilia internacional".

Mas os ateus, assim como os católicos e os cristãos evangélicos, parecem desconfiar especialmente dos mórmons.

Numa pesquisa "Washington Post"/Centro Pew de Pesquisas divulgada na terça-feira, foi perguntado às pessoas que palavra lhes vinha à mente para descrever os candidatos republicanos. No caso de Herman Cain, foi "9-9-9"; no de Rick Perry, "Texas", e, no caso de Mitt Romney, foi "mórmon". No debate, na noite de terça-feira, Romney disse que é repugnante "escolhermos pessoas com base na religião delas".

No "New York Times", no domingo, Sheryl Gay Stolberg fez um relato da atuação de Romney como bispo em Boston, em muitos momentos dando orientação pastoral autoritária sobre todos os assuntos, desde o divórcio ao aborto.

Stolberg relatou que Romney que mais tarde se candidataria ao Senado, concorrendo como Teddy Kennedy, como defensor do direito ao aborto, e então mudaria de posição nas primárias presidenciais republicanas, passando a ser contra costumava aparecer no hospital sem ser anunciado, em seu papel de bispo.

"Em tom repreendedor", avisou a uma mulher casada, mãe de quatro filhos e que cogitava em interromper nova gravidez devido a um coágulo sanguíneo potencialmente perigoso, que não deveria pensar nessa hipótese.

Outro não crente famoso, Christopher Hitchens, escreveu na "Slate" na segunda-feira sobre "o sistema de crenças esdrúxulo e sinistro da LDS" _a sigla representa a Igreja de Jesus Cristo dos Santos dos Últimos Dias.

Sem falar em Joseph Smith, que Hitchens qualifica como "fraudador e mágico bem conhecido pelas autoridades do interior de Nova York", ele também questiona a prática mórmon de reunir arquivos sobre mortos e "incluí-los em sua igreja à custa de orações", como maneira de "'batizar' todo o mundo retroativamente, 'convertendo os mortos' ao mormonismo".

Hitchens observou que a LDS "obteve uma lista de pessoas mortas pela Solução Final dos nazistas" e começou "a converter aqueles judeus massacrados em membros honorários da LDS, também". Descreveu isso como "uma tentativa crassa de praticar um roubo em massa de identidades dos mortos".

Os mórmons chegaram a batizar Anne Frank.

Ernest Michel, o então presidente do Agrupamento Mundial de Judeus Sobreviventes do Holocausto, precisou de três anos para conseguir que os mórmons concordassem em parar de batizar vítimas do Holocausto à distância.

Os mórmons desistiram da empreitada em 1995, depois de Michel, como divulgou a Agência Telegráfica Judaica, "descobrir que sua mãe, seu pai, sua avó e seu melhor amigo de infância, todos de Mannheim, na Alemanha, tinham sido batizados postumamente".

Michel disse à agência de notícias: "Me deixou aflito o fato de meus pais, que foram assassinados como judeus em Auschwitz, serem incluídos numa lista como membros da religião mórmon".

Richard Bushman, mórmon que é professor emérito de história na Universidade Columbia, disse que depois "da confusão judaica", os mórmons "desistiram de fazer enormes esforços para coletar os nomes de todo o mundo que já viveu e batizar essas pessoas _até mesmo George Washington". Agora, disse ele, os mórmons o fazem para outros mórmons que levam ao templo o nome de um parente ou antepassado morto.

Bushman disse que "os mórmons acreditam que Cristo é o filho divino de Deus que pagou por nossos pecados, mas não acreditamos na Santíssima Trindade, no sentido de que há três em uma. Acreditamos que o Pai, o Filho e o Espírito Santo são três pessoas distintas."

Kent Jackson, reitor associado de religião na Universidade Brigham Young, diz que, embora os mórmons sejam cristãos, "o mormonismo não faz parte da árvore familial cristã".

Os evangélicos e católicos céticos provavelmente não se sentirão reconfortados por saber que os mórmons pensam que, enquanto outros cristãos têm acesso a "apenas uma parte da verdade, o que Deus revelou a Joseph Smith é a verdade por inteiro", como diz Jackson. "Não hesitamos em dizer que evangélicos, católicos e protestantes podem ir ao céu, incluindo o pastor Jeffress. Apenas achamos que as maiores bênçãos do céu são dadas" aos mórmons.

Quanto aos planetas que casais mórmons devotos podem ganhar após a morte, Jackson diz que isso não passa de boato infundado. Mas, para Bushman, isso faz parte do "folclore mórmon" e se baseia na crença de que, se os humanos podem tornar-se semelhantes a Deus, e Deus é dono do universo inteiro, então talvez os mórmons ganhem a chance de mandar em um pouco desse universo.

Quando à peça de roupa especial que Mitt usa, "não diríamos que é uma 'roupa íntima mágica'", explica Bushman.

O objetivo dela é denotar "proteção moral", um sinal de que quem a traja é "membro de um grupo consagrado, como os sacerdotes de Israel na antiguidade".

E não é mais uma peça só. "Agora são duas peças", disse ele.

Os republicanos fizeram da religião uma parte da prova presidencial. Veremos agora se Mitt consegue passar nessa prova.

TRADUÇÃO DE CLARA ALLAIN


Teologia islâmica da prosperidade

Bom, não chega a ser propriamente uma "teologia da prosperidade" nos moldes tristemente conhecidos da chamada "igreja evangélica" brasileira, mas um, digamos, "jeitinho" muçulmano de fazer negócios que "testa" os limites da ética prescrita pelo Alcorão e está se popularizando também no Brasil, segundo informa a Folha de S. Paulo em sua edição de hoje, 30/10/11:

Finanças islâmicas crescem no mundo

Operações que respeitam a `sharia' são vistas como alternativa ética ao mercado tradicional e sobem 15% ao ano

Malásia concentra 64,5% desse mercado, estimado em US$ 100 bilhões; especulação e juros são proibidos


DIOGO BERCITO
DE SÃO PAULO

Não pode ter "gharar". "Riba", também não. Diz o ditado: "al maal li i'mar al ardh".

O mercado financeiro islâmico, regido pelas leis da sharia (regras religiosas), tem o próprio jargão econômico. "Gharar" é especulação. "Riba", juros. Ambos são proibidos para respeitar o ditado: "o dinheiro serve ao desenvolvimento do mundo". Um outro termo desse mercado tem ganhado destaque: sukuk -as operações financeiras que remuneram investidores sem pagar juros ou envolver especulação.

A Malásia concentra dois terços desse mercado, estimado em US$ 100 bilhões, emitindo sukuks para financiar megaprojetos no país. No último dia 14, o governo da Malásia lançou o primeiro desses títulos atrelado ao yuan (moeda chinesa), em um valor equivalente a R$ 140 milhões.

ÉTICA

A emissão de sukuk vem crescendo 15% ao ano, não apenas por diversificar investimentos, mas também por oferecer uma espécie de alternativa ética ao mercado financeiro convencional.

"São pessoas reais, ativos reais, projetos reais e empregos reais -e não o vapor do 'subprime' e dos derivativos que não criam valor real", diz à Folha Daud Abdulla, presidente da Universidade Global de Finanças Islâmicas.

"É uma mobilização de capital eficiente para o benefício da economia real", diz.

MANOBRA

Apesar das loas que recebe de seus partidários, o mercado financeiro islâmico ainda se restringe a um montante limitado de operações. O Brasil já operou nessa seara, mas não com sukuk. Há expectativa, porém, de que o país se torne polo regional da prática na América Latina.

Isso enquanto investidores tradicionais se acostumam a um aparato distinto daquele em que costumam operar. "Para obedecer aos princípios religiosos e, ainda assim, oferecer produtos atrativos, os bancos islâmicos têm de montar operações muitas vezes complexas", afirma Ahmed Sameer el Khatib, que pesquisa finanças islâmicas na Faculdade de Economia e Administração da USP.

Entre as estratégias possíveis, está a criação de uma empresa, capitalizada por meio de sukuk (veja ao lado). O investidor que comprar esses títulos se torna uma espécie de acionista. Ele é remunerado não com juros, mas "leasing" (como um aluguel), recebendo de acordo com os rendimentos da firma.

RENOMEAR

Além de ser uma movimentação complicada, não é consenso entre islâmicos que todo esse aparato evite, de fato, a cobrança de juros. "É uma indústria controversa", diz Angela Martins, diretora do Banco Pine -que nem por isso deixa de ser entusiasta da prática. "Há a tentativa de fazer as operações de uma maneira mais justa." Autora do livro "A Banca Islâmica" (ed. Qualitymark), Martins é uma das únicas especialistas nesse mercado no Brasil. Ela trabalhou antes no banco árabe ABC.

"É um desafio porque, em sua maioria, as grandes instituições islâmicas estão 'contagiadas' pela cobrança de juros", afirma a especialista.





Brasil pode se tornar polo regional de sukuk


DE SÃO PAULO

Estudos costumam marcar o Brasil no mapa do sukuk como um futuro centro da prática na América Latina. Se faltam evidências, sobram especulações em relação a esse cenário promissor.

Em entrevista à Bloomberg no ano passado, o especialista Daud Abdulla afirmou que o Brasil deve emitir o primeiro sukuk do país em 2012.

Procurado pela Folha, o presidente da Universidade Global de Finanças Islâmicas disse não poder entrar em detalhes devido a "acordos de confidencialidade prévios". Mas ele dá pistas.

"Algumas companhias brasileiras planejam levantar capital por meio de sukuk para demonstrar que compreendem que 'halal' é todo o processo de produção, e não apenas o abate da carne." "Halal" é o nome dado aos produtos que respeitam as leis islâmicas, semelhante ao "kosher" para os judeus.

VANTAGEM

Ao levar essas regras em consideração inclusive na hora de financiar projetos, empresas brasileiras podem receber maiores investimentos vindos de países islâmicos.

A CVM (Comissão de Valores Mobiliários), que regularia esse tipo de prática no Brasil, diz que "no momento não recebeu pedido para avaliar a oferta de tais títulos".

Em 2000, a Petrobras testou outra variedade de operação no mercado islâmico: a murabaha, modalidade de venda em que os custos de produção são declarados previamente ao comprador. À Folha a empresa confirma ter realizado a operação, detalhando apenas que ela envolveu uma "vinculação com importação de óleo".

ESTUDO

Para Angela Martins, especialista nesse mercado, um dos obstáculos para a expansão do sukuk no Brasil, perpassando as fronteiras da religião, é o desconhecimento a respeito desse mercado.

"Você não consegue praticar um produto com essa dificuldade se as pessoas não estiverem preparadas." Ela planeja, em parceria com a FEA-USP (Faculdade de Economia, Administração e Contabilidade), a criação de uma disciplina a respeito das finanças islâmicas. (DB)



sábado, 29 de outubro de 2011

Bispa Joselita é arrebatada

O "arrebatamento" da bispa Joselita acontece ali pelos 7min:29s do vídeo abaixo. Enquanto isso, aproveite o tempo pra ler a Bíblia, isto vai evitar que você pague um King Kong cóspel desses:






Pat Robertson quer extremismo menos extremista

Pat Roberton não consegue tirar umas férias da ribalta das controvérsias públicas a respeito de suas opiniões que variam do radical ao exótico. O conhecido pregador norteamericano parece ter uma queda incontrolável para as declarações polêmicas (basta clicar na tag Pat Robertson para se inteirar das anteriores). Alguns dias atrás justo ele, um político conservador que chegou a concorrer nas primárias pela indicação do Partido Republicano à presidência dos Estados Unidos nas eleições de 1988, disse que os republicanos estavam "levando o extremismo ao extremo". Não que Robertson veja qualquer problema intrínseco no extremismo ideológico, mas que ele considera que a guinada do partido para a extrema direita, a cada dia mais acentuada, pode lhe custar a vitória nas próximas eleições presidenciais americanas, quando apresentarão o oponente mais forte à eventual reeleição de Barack Obama. O que o fundador do Club 700 sugere, portanto, é que os republicanos amenizem o seu discurso, tentando não assustar demais o eleitorado dos EUA com as suas posições radicais. Talvez por isso mesmo, Pat Robertson disse outro dia que um dos pré-candidatos republicanos às eleições presidenciais do ano que vem, o mórmon Mitt Romney, é um "cristão espetacular", na vã tentativa de defendê-lo das críticas que os evangélicos norteamericanos - eleitores fiéis do partido - fazem à religião do pretendente, que consideram uma "seita". Mais uma prova cabal de que Robertson submete o evangelho de Jesus Cristo àquilo que ele entende como conveniente para defender a sua ideologia conservadora. Para ele, a verdade da cruz pode ser sacrificada quantas vezes for necessário no altar de seu discurso eminentemente político.

Por outro lado, também no seu programa de TV onde responde perguntas enviadas pelos telespectadores, um deles lhe perguntou se é correto para um cristão participar do crescente movimento de protestos contra o sistema econômico-financeiro mundial, mais conhecido como "Occupy Wall Street". Pat Robertson não teve dúvida nenhuma ao responder e disse, na lata, que o referido movimento é uma obra de Satanás que quer destruir a nação americana, e um cristão jamais poderia tomar parte em algo desse tipo. Certamente, Robertson prefere que as riquezas do mundo continuem na mão de alguns poucos poderosos, enquanto a imensa maioria da população global padece de miséria e falta de oportunidades, além de terem que arcar com as gigantescas perdas financeiras causadas pela especulação desenfreada e pelo socorro dos cofres públicos aos magnatas que quebram seus bancos e empresas. Abaixo seguem os vídeos de mais essas declarações do líder evangélico norteamericano, que certamente não engrandecem o evangelho que ele diz pregar:







sexta-feira, 28 de outubro de 2011

Réplica em cera de João Paulo II faz sucesso no México



Uma réplica em cera do falecido papa João Paulo II causa comoção e histeria no México, revelando essa estranha relação que muitos católicos têm para com a morte, venerada nas mais bizarras formas, o que até faz um certo sentido naquele país, já que os mexicanos têm uma mórbida fascinação pela morte, o que faz do dia de Finados (o 2 de novembro que se aproxima) uma espécie de "carnaval fúnebre" particular.

Talvez isso também faça parte da nossa penada alma latinoamericana, já que - na Argentina - o cadáver embalsamado de Evita Perón teve duas réplicas de cera, todos eles (o cadáver e as réplicas) envolvidos numa trama macabra de trocas, furtos e desaparições, cujos episódios (incrivelmente verídicos) são relatados no ótimo livro "Santa Evita" de Tomás Eloy Martínez.

A matéria do Bob Fernandes é bastante extensa e detalhada, e abaixo reproduzimos a primeira parte, dando o link para a íntegra do artigo no final:

Milhões veneram réplica de João Paulo II morto, e seu sangue

Bob Fernandes
Direto de Guadalajara

Abre-se o portão do Santuário de los Mártires. Do lado de fora, a multidão em êxtase.

Sob escaldante sol de 32 graus à uma da tarde, se acotovelam velhos, crianças, deficientes em cadeiras de rodas, casais com recém-nascidos, jovens, vítimas de paralisia… Quando sete homens com emblema do Vaticano no uniforme cruzam o portão com o esquife, o empurra-empurra, os gritos, as súplicas e os cânticos que se elevam, criam uma atmosfera de transe. Os coros se misturam e ecoam Cerro del Tesoro abaixo:

-Se ve, se siente, Juan Pablo está presente… Se ve, se siente, Juan Pablo está presente…

-Juan Pablo, Segundo, te quiere todo el mundo…Juan Pablo, Segundo, te quiere todo el mundo…

No esquife de acrílico, a réplica em cera do Papa João Paulo II morto.

A imagem, em tamanho natural, vestida com batina branca e coberta por ornamentos sacerdotais; sobre os ombros e tórax, a escarlate Mozzetta Papal e, descendo até a altura do joelho, a estola em negro e dourado com símbolos do Vaticano.

Nas mãos cruzadas sobre o peito, o crucifixo. Num relicário pouco acima, a ampulheta com uma porção do sangue de João Paulo II.

O travesseiro ergue um pouco a cabeça do Papa. Quem a cotovelaços e empurrões consegue chegar perto da réplica se depara com um rosto sereno. Na lateral da urna, a inscrição “Beato Juan Pablo”.

Pregado na parte inferior da urna de acrílico, pouco além das solas dos sapatos do Papa, o brasão do seu pontificado.

Não há espaço para todos. A multidão não estava convidada para a missa na sede provisória do Santuário de Los Mártires. Ali deveriam estar apenas 90 sacerdotes, membros da cúpula da Arquidiocese, e próximos do Cardeal Juan Sandoval Iñiguez.

Mas a multidão de fiéis subiu o Cerro, a pé ou de carro, e suplica em coro:

-Queremos ver al Papa! …Queremos ver al Papa!…

Por entre os fiéis, ambulantes sacodem bandeirolas, cartazes e fotos de João Paulo II, e apregoam:

-El Santo Padre Juan Pablo, dez pesos! Dez pesos por El Santo Padre Juan Pablo!

Ao fundo da tenda que abriga a Sede Provisória, ergue-se um esqueleto de aço em forma de arcos. São as fundações do Santuário dedicado a 26 Santos e 24 Beatos martirizados no México. Em construção já há quatro anos, numa área de 14 hectares, a igreja para 12 mil fiéis –mais 40 mil no adro-, um hospital e um escola de enfermagem.

Aos pés do Cerro del Tesoro e do Santuário, Guadalajara.

Desde 25 de agosto, até 15 de dezembro, a réplica de João Paulo II morto percorrerá 94 dioceses do México. Metade do périplo foi feito e a Conferência Episcopal avalia que mais de 8 milhões de fiéis já viram e tocaram no esquife.

Estima a igreja que somente entre esta quarta e sexta-feiras na Región Valles (Cocula, Ameca, Tala e San Martín Hidalgo), nas filas da Basílica de Zapopan, da comoção no Santuário de Los Mártires e na Catedral Metropolitana, mais de 300 mil mexicanos foram ver João Paulo II em cera. E o relicário com seu sangue.

Carregada pelos sete homens, a urna ultrapassa o portão. Policiais militares se dão as mãos, formam um corredor a caminho da Van onde será depositada a imagem. A cobertura de acrílico viaja numa segunda Van.

Moldada com um cera especial, a réplica resiste a temperaturas de até 45 graus. Só assim não sofreu danos, salvo uma ou outra pequena trinca, em fornalhas como são as regiões de Oaxaca, Chiapas e Veracruz.

Para compensar, quando o calor é tanto o ar condicionado dentro da Van baixa até os 12 graus.

Luiza, 50 anos, conhecida por “Lula”, está colada à Van que transportará João Paulo II. Agarrado à mãe, quase sem conseguir manter-se em pé, Henrique, 14 anos. Enquanto enxuga com as mãos a saliva que escorre dos lábios do filho vitimado por paralisia cerebral, a mãe faz coro com a multidão. Que se espreme, se empurra e suplica:

-…Queremos ver al Papa!… Queremos ver al Papa!

Dentro da Van que transporta o João Paulo II em cera, Javier Cinta, 45 anos, e Mike Berni, 46. Trajam calças pretas e camisetas polo, brancas, com símbolo do Vaticano à altura do peito. Camisetas com código de barra em metal; para que não se extraviem.

leia a matéria na íntegra no Blog do Bob Fernandes



Um planeta só para 7 bilhões de pessoas

A ONU comunicou que na próxima segunda-feira, dia 31 de outubro de 2011, a população global atingirá o emblemático (e cabalístico) número de 7.000.000.000 de pessoas. É zero pra caramba só pra escrever esses 7 bilhões. Pensando nisso, a BBC lançou um aplicativo daqueles que servem não só pra matar o tempo com uma bobeira qualquer, mas também para saber quantas pessoas havia no mundo no dia em que você nasceu, além de saber em que número ordinal você se encaixa nesse "chutômetro". De acordo com essas estatísticas super confiáveis, por exemplo, este que vos escreve acaba de descobrir que é o 77.022.204.716º ser humano que pisou nessa terra abençoada por Deus. Como não jogo na loteria, este número não vai me servir pra nada, mas até que é simpático. Pensar que antes de mim viveram no planeta 77 bilhões de pessoas não vai mudar em nada o meu sono, mas pensar e minimizar os estragos que 7 bilhões de pessoas já estão causando a um mundo de recursos escassos, o único habitável neste imenso cosmos, isto deve preocupar e interessar a cada um de nós. Você pode acessar o aplicativo-passatempo da BBC clicando aqui. Está em inglês, mas basta informar a sua data de nascimento e seja feliz!




Dica do Gizmodo



quinta-feira, 27 de outubro de 2011

Calcule você mesmo o dia do fim do mundo



Com tanto "profeta" marcando a data pra tudo terminar, você está na dúvida sobre quando tirar as próximas férias, ou mesmo se casa ou engravida? Pois os seus problemas acabaram (ou apenas começaram, vai saber...). É uma pena e uma vergonha para os cristãos, mas a data do fim do mundo anda tão banalizada que agora você mesmo pode calcular em que dia acontecerá o Armagedom. Chegou o Bible Calculator, um sítio que disponibiliza em inglês um aplicativo com várias fórmulas e calendários bíblicos e seculares para você fazer as suas próprias contas e ser mais um "profeta Tabajara" a marcar o dia do arrebatamento. Infelizmente, está em inglês, mas #ficadica pra alguém se aventurar por lá ou traduzi-lo ao português:





Cinderela se transforma em burro no Zimbabwe

O que está chamando a atenção para esta mentira contada por um morador do Zimbabwe, que foi pego no flagra fazendo sexo com um jumento no quintal de sua casa, é a criatividade dele ao inventar um estória que ganhou o mundo por - talvez - evocar uma versão bizarra (e muito mal contada) dos contos de fada. A notícia foi publicada originalmente no News Zimbabwe, e reproduzida no Brasil pelo portal R7:

Zimbabuano se apaixona por prostituta que virou burro

Acusado de fazer sexo com animal diz não ter culpa e que só reparou diferença ao ser preso

Sunday Moyo é um sujeito de 28 anos, que mora na cidade de Mandava, no Zimbábue, e concorre ao prêmio de desculpa mais esfarrapada do ano.

Ele foi preso por volta das 4h00 da manhã, no quintal de sua casa, molestando sexualmente um jumento. O animal estava deitado no chão e amarrado a uma árvore.

Moyo foi levado a julgamento e se defendeu com uma desculpa que provocou risos até na juíza que presidia a sessão. Ele disse que tinha certeza absoluta de que estava pegando uma prostituta, mas ela se transformou em um burro.

- Vossa excelência, eu só fui saber que estava tendo relações íntimas com um jumento quando eu fui preso. Eu contratei uma prostituta e paguei R$ 35 pelos seus serviços na casa noturna Down Town e - não sei como – ela se transformou em um jumento.

Esta parte da história foi contada pelo jornal New Zimbabwe. Outro jornal local, The Herald, pegou outra declaração do cara – ainda mais hilária.

- Acho que também sou um burro. Não sei o que aconteceu quando eu deixei o bar, mas estou seriamente apaixonado pelo burro.

Ele foi mantido sob custódia e será examinado por uma junta psiquiátrica indicada pelo governo.



quarta-feira, 26 de outubro de 2011

Valdemiro Santiago carrega sobre si os nossos carnês

Neste espetáculo de horrores cóspel em que se tornaram as madrugadas da televisão brasileira, disputadas a peso de ouro, entre tapas e chutes nas partes baixas, pelos "pastores" evangélicos brasileiros, nas últimas semanas o Valdemiro Santiago tem veiculado insistentemente um vídeo em que ele sobe um tal "monte São Roque", carregando nas costas um livro gigante com os nomes das pessoas que ligam pra ele e pedem uns carnês para contribuir com a organização que ele lidera. 

Por sinal, os carnês estão lá em cima do monte, todos arrumadinhos, esperando pela chegada do seu "redentor". 

Aí o nosso querido "apóstolo" toma sobre si o peso do livro e - sacrificialmente - sobe até o cume do morro, supostamente todo estropiado, passando água benta no joelho, tudo isso (ô dó!) para orar pelos seus contribuintes, devidamente acompanhado de sua esposa e de seus discípulos, todos muito bem alinhados, por sinal. 

O vídeo é bastante instrutivo, pois revela a que ponto chegaram algumas igrejas que se dizem evangélicas no Brasil, hoje muito mais preocupadas em montar o seu esquema de "sacrifícios financeiros" do que em pregar o evangelho da cruz de Cristo. 

Se bem que o Valdemiro não leva uma cruz ao Gólgota particular dele, mas um livro aparentemente pesado. É ou não é de dar dó, gente?! A não ser que ele venha a dizer que é a reencarnação de Simão Cirineu...




As vítimas brasileiras da Inquisição

Uma resenha muito interessante do livro "Inquisição. Prisioneiros do Brasil (Séculos XVI a XIX)" de Anita Novinsky, publicada na revista Liberdade e Cidadania, e reproduzida no blog História Viva.

Um dado interessante para o qual o resenhista Antonio Paim chama a atenção é a atuação da Contra-Reforma na luta contra a busca do lucro e da riqueza, que os católicos identificavam como característica da Reforma Protestante (com ênfase no calvinismo); e como isto, de certa forma, definiu a opção brasileira pela pobreza.

Polêmico, mas este é um ponto que certamente merece mais atenção:

Inquisição - Prisioneiros do Brasil (Séculos XVI a XIX)

Antonio Paim *

A Editora Perspectiva vem de promover uma segunda edição, magnificamente ilustrada e muito bem cuidada, da obra capital representada pelo texto clássico de Anita Novinsky, que intitulou de Inquisição: Prisioneiros do Brasil.

Ainda em 1973, na Revista de História (editada pela USP, nº 94) deu notícia de haver localizado, na Torre do Tombo (denominação do Arquivo Nacional hoje sob a responsabilidade da Universidade de Lisboa) o que indicava ser “uma fonte inédita para a história do Brasil”. Tratava-se de uma relação de “culpados” (processados pela Inquisição de Lisboa, que se ocupava, simultaneamente, da sede do Império e do Brasil) com algumas indicações preciosas. Além da proveniência, atividade que exercia e natureza do processo. A partir dessa documentação fundamental, nas três décadas subseqüentes valeu-se de diversas outras fontes.

Em conformidade com o levantamento concluído em 1994 (e presumivelmente mais completo), efetivado pelo prof. Francisco Bethencourt (Universidade Nova de Lisboa), o número total de processados pela Inquisição ascendeu a 44.817, sendo 9.726 a cargo da Inquisição de Lisboa (os outros tribunais situavam-se em Évora, Coimbra e Goa), dentre os quais os prisioneiros do Brasil corresponderiam à metade, cerca de cinco mil, portanto.

Em minucioso e paciente trabalho de anos, Anita Novinsky conseguiu identificar como provenientes do Brasil 1.076 prisioneiros, com variada gama de detalhes (local do nascimento; moradia; origens étnicas; ocupações; crimes e sentenças). O conjunto é da maior relevância. Assim, embora não consista numa (impossível) pesquisa exaustiva, trata-se, sem sombra de dúvida, de amostra definitiva.

Não sendo esta uma oportunidade para situar a relevância de cada uma das partes integrantes desse conjunto, não poderia deixar de destacar duas contribuições que me pareceram básicas. A primeira deu lugar a uma cronologia absolutamente consistente. Embora haja durado cerca de três séculos, metade dos processos identificados teve lugar na primeira metade do século dezoito. Assim, os efeitos da ação do Tribunal do Santo Ofício variaram no tempo.

A segunda reside na demonstração de que pessoas pertencentes às classes abastadas da sociedade correspondem a cerca de 70% do total nas mencionadas décadas do século XVIII. E, mais, contingente expressivo destas ligadas ao empreendimento açucareiro, incluindo numerosos senhores de engenho.

A primeira metade do século XVIII registra, paralelamente, o auge da Contra Reforma no país. Estão identificados os principais autores da pregação contra o lucro e a riqueza. A conclusão se impõe: a Inquisição coroa o processo de opção pela pobreza instaurada entre nós.

O empreendimento açucareiro representa uma espécie de ante-sala da Revolução Industrial. Na consideração desse processo tem-se perdido de vista, no país, que é precisamente nessa fase (colonial) que se estabelecem as distinções básicas entre o Brasil e os Estados Unidos, ambos incorporados à civilização ocidental em consequência dos Descobrimentos. Com este agravante: no século XVI, segundo a reconstituição da renda per-capita, efetivada por Mircea Buescu, o Brasil podia ser considerado um país rico. Enquanto os Estados Unidos sequer existiam porquanto ainda fragmentado nas colônias, cujo território somente seria ocupado, com maior intensidade, depois da década de sessenta daquela centúria.

Do que precede, deve-se considerar a obra de Anita Novinsky como de permanente atualidade.

Anita Novinsky, licenciada em filosofia em 1956 e livre-docente em história, em 1992, pela Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas da USP, teve sua carreira universitária ligada não apenas à USP mas a diversas instituições estrangeiras como a École dés Hautes Études em Sciences Sociales de Paris e centros universitários dos Estados Unidos. Publicou diversos livros que muito têm contribuído para uma visão renovada da Inquisição no Brasil e em Portugal, notadamente a partir de Cristãos novos na Bahia (1992).

Antonio Paim
Concluiu sua formação acadêmica na antiga Universidade do Brasil, atual UFRJ, iniciando carreira acadêmica na década de sessenta, na então denominada Faculdade Nacional de Filosofia, tendo pertencido igualmente a outras universidades. Aposentou-se em 1989, como professor titular e livre docente. Desde então, integra a assessoria do Instituto Tancredo Neves, que passou a denominar-se Fundação Liberdade e Cidadania. É autor de diversas obras relacionadas à filosofia geral, à filosofia brasileira e à filosofia política.



Crente headbanger

O "pastor" fala espanhol, mas o espetáculo grotesco segue a mesma onda das "trollagens cóspel" que rolam em muitas igrejas ditas "evangélicas" no Brasil, tudo na base do "recibe!" ("recebe!"), sinal de que a enganação, a apostasia e o profano já tomaram conta de toda nossa amada América Latina. E eles ainda querem ser levados a sério:




Continuando na mesma seara, e pra não dizerem que não falei das flores, ontem bombou na net o vídeo da presidenta Dilma metaleira cantando System of a Down. O resultado engraçado foi o "System of a Dilma":





terça-feira, 25 de outubro de 2011

Grupo de mulheres indonésias defende sexo grupal no harém



O bicho tá pegando na Indonésia, o maior país muçulmano do mundo, em que um grupo de mulheres seguidoras da religião editou uma espécie de manual que incentiva o sexo grupal para maridos polígamos, a fim de - supostamente - atender os desejos do homem, evitar a violência contra as esposas e manter a harmonia familiar. A reação vem das próprias autoridades políticas e religiosas do país, conforme informa o UOL Notícias:

Guia sexual para esposas muçulmanas estimula o prazer em grupo

Paula Regueira Leal

Jacarta, 25 out (EFE).- Uma associação indonésia de esposas muçulmanas, que propõe a submissão da mulher para combater o divórcio e a violência doméstica, editou uma guia que estimula o sexo em grupo para fortalecer os casamentos polígamos, assunto que gerou rejeição de entidades muçulmanas e de direitos humanos.

"Islamic sex, fighting Jews to return Islamic sex to the world" (Sexo islâmico, combatendo os judeus para devolver o sexo islâmico ao mundo, em livre tradução) é o título do manual de 115 páginas que foi distribuído entre as mais de 1 mil fãs na Indonésia, Malásia e Cingapura pelo "Obedient Wives Club", ou seja, Clube da Esposas Obedientes.

A organização alcançou notoriedade ao defender que as mulheres devem se comportar como prostitutas especialistas na cama para atender os desejos dos maridos e manter a união familiar.

A espécie de 'Kama Sutra' para preservação do casamento oferece, sem conter nenhuma fotografia ou desenho, instruções sobre como entreter, obedecer e dar prazer aos maridos.

Com este intuito pedagógico, a associação pretende melhorar o desempenho das mulheres que só oferecem 10% do desejo de seus cônjuges, segundo o texto.

A imprensa local revelou trechos do manual, apesar de "a leitura ser restrita as integrantes do clube", revelou à Agência Efe a diretora da associação na Indonésia, Gina Puspita.

"Alá garantiu ao homem a possibilidade de ter sexo simultâneo com todas suas esposas. Se a mulher assim agir, o sexo será melhor", diz um dos capítulos do guia, que estimula as mulheres a manter relações com seus maridos e com suas demais esposas.

Vários países muçulmanos mantêm a poligamia, prática pela qual os homens muçulmanos podem se casar com mais de uma mulher sempre que possuam meios para sustentá-las.

O livro mostra em outros capítulos como as mulheres podem satisfazer seus maridos descrevendo atos sexuais e defendendo que o sexo é uma forma de prece.

A fundadora do grupo, Maznah Taufik, considera que as separações são resultado do fracasso das mulheres em dar prazer a seus maridos.

"O abuso doméstico acontece porque as esposas não obedecem aos maridos. O homem é o responsável pelo bem-estar da mulher, mas ela deve escutá-lo e obedecê-lo", disse Taufik à imprensa.

O manual recebeu duras críticas de inúmeros grupos muçulmanos, organizações de direitos humanos e até mesmo de ministros.

A responsável pela associação feminista Empower criticou a visão "atrasada e estreita" do papel da mulher no guia.

"É realmente um insulto ao movimento de defesa dos direitos da mulher. Avançamos o suficiente para que as mulheres não sejam mais tratadas como meros objetos sexuais", defendeu.

Ratna Osnan, líder do grupo muçulmano Irmãs no Islã, denunciou que "os homens que abusam costumam utilizar o comportamento de suas esposas como justificativa de seus atos embora sejam sua responsabilidade".

O ministro de Assuntos Islâmicos da Malásia, Jamil Khir Baharom, anunciou que irá analisar o conteúdo do livro para determinar se é pornográfico ou ofensivo ao islã.

Na Indonésia - o país com mais muçulmanos do mundo onde 80% de seus 240 milhões de habitantes praticam esta religião - o clube se nega a fornecer mais detalhes sobre um guia de "uso privado e exclusivo".



Papa diz que a igreja te dá asas

O papa deve estar tomando muito Red Bull, a julgar pelas suas declarações na inauguração de um centro de acolhimento a peregrinos católicos que vêm da Austrália para visitar Roma. Na ocasião, Bento XVI declarou que a Igreja é uma mãe que dá aos seus filhos “raízes e asas”. Propaganda grátis também cai do céu, hein, Red Bull?! Sorte de Lukas Liske que já tinha previsto a junção marketeira do acaso no vídeo abaixo:



A notícia é da agência católica Zenit:

Igreja dá raízes e asas, afirma Papa

Ao inaugurar em Roma a "Domus Austrália" para peregrinos


ROMA, terça-feira, 25 de outubro de 2011 (ZENIT.org) – Bento XVI destacou que a Igreja dá aos seus filhos “raízes e asas”, na última quarta-feira, ao inaugurar um centro australiano de acolhimento de peregrinos, Domus Austrália, no centro histórico de Roma.

“Há duas coisas que as crianças deem receber dos seus pais: raízes e asas”, da mesma maneira que, “da nossa santa Mãe, a Igreja, também nós recebemos raízes e asas”, afirmou durante o ato.

E se referiu a essa raiz e a essas asas como “a fé dos apóstolos, transmitida de geração a geração, e a graça do Espírito Santo, transmitida sobretudo por meio dos sacramentos da Igreja”.

Acolhido pelo arcebispo de Sydney, cardeal George Pell, e por numeroso convidados, Bento XVI recordou o caloroso acolhimento que recebeu quando visitou a Austrália, em agosto de 2008, por ocasião da Jornada Mundial da Juventude.

Durante o ato, o Papa rezou para que os peregrinos que passem pela casa de acolhimento dos peregrinos possam voltar aos seus lares “com uma fé mais firme, uma esperança mais jubilosa e um amor mais ardente pelo Senhor, dispostos a comprometer-se, com ardor renovado, na missão de testemunhar Cristo no mundo em que vivem e trabalham”.

“Muitas gerações de peregrinos chegaram a Roma procedentes de todas as partes do mundo cristão, com o fim de venerar os túmulos dos santos apóstolos Pedro e Paulo, e aprofundar em sua comunhão com a Igreja de Cristo, fundada sobre os apóstolos”, recordou.

“Dessa forma, fortalecem as raízes da sua fé; e as raízes, como sabemos, são a fonte da vida em que se apoia”, continuou.

O Pontífice aproveitou a oportunidade para “saudar todos os habitantes da Austrália e agradecer o apoio e assistência de muitos deles neste projeto que, junto à sua nova embaixada, trouxeram um pequeno canto da Austrália à antiga cidade de Roma. Que a Domus possa ser abençoada com a passagem de muitos peregrinos!”.

O Papa recordou também que, precisamente há um ano, a primeira santa australiana, Mary MacKillop, foi elevada à honra dos altares, e pediu à nova santa que “continue inspirando muitos australianos a seguir seus passos em uma vida de santidade, ao serviço de Deus e do próximo”.

“O evento desta tarde nos fala com eloquência dos frutos dos esforços missionários da Igreja, graças aos quais o Evangelho se estendeu às regiões mais distantes do mundo, enraizou-se e deu origem à vida de uma comunidade cristã florescente”, explicou.

“Assim como todas as comunidades cristãs, a Igreja na Austrália é consciente de participar de uma viagem cujo destino final está além deste mundo”, continuou.

De fato, como insistiu o Papa, “nossa vida terrena transcorre no caminho rumo a esta meta final”.




Você já pode ter o seu iJesus no seu iPhone

A propaganda é tão mal feita que é muito provável que se trate apenas de mais uma gozação feita por alguém que odeia Jesus e os cristãos (veja o vídeo abaixo), mas como os "evangélicos" estão se incumbindo eles mesmos do serviço sujo de detonar com o evangelho ultimamente, não se pode duvidar de mais nada. Feita esta ressalva, é difícil achar prova maior de que o movimento religioso - que se diz "cristianismo" hoje - se tornou, na verdade, mais um servo da ideologia contaminada pelo consumismo e materialismo, do que o novo aplicativo para iPhones chamado "Personal Jesus". Uma vez baixado o aplicativo, o "ícone" animado do Messias recita cerca de 200 versículos aleatoriamente no seu iPhone. No site da empresa, você obtém mais informações e constata, inclusive, que o seu "Jesus" pode ser personalizado em 4 versões étnicas: o clássico, o negro, o celta e o asiático, além de poder contextualizar o fundo de tela em 5 ambientes: paraíso, crucificação, andando na água, última ceia e ressurreição. Fale a verdade: tem ou não tem toda pinta de mais uma brincadeira de mau gosto? Se eu não fosse crente eu apostava que o SMS pago do Malafaia faria mais sucesso...





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