Apego à fé ajuda a deixar o alcoolismo
Willian Novaes
A fé é uma das saídas que milhares de pessoas utilizam no Grande ABC para deixar o alcoolismo. Trocar a bebida, a cocaína e o crack por uma Bíblia tem o seu efeito positivo. A equipe do Diário ouviu diversos relatos de dependentes químicos que conseguiram "segurar a onda", como eles dizem, apenas com a religião, mesmo depois de passar por inúmeros tratamentos e internações.
A força de vontade de quem quer ser curado da doença chamada alcoolismo é um dos primeiros passos para conquistar a sobriedade. Na semana passada, o Diário revelou que cerca de 5.800 alcoólatras são atendidos mensalmente pelos serviços de Saúde das prefeituras - apenas Rio Grande da Serra não respondeu.
Fora esses atendimentos clínicos, os dependentes procuram a religião por diferentes motivos, mas depois que entram nas salas e sentam nos bancos de madeira para celebrar uma missa ou um culto, os sentimentos são parecidos. As palavras mais citadas são coragem, persistência e o prazer em viver, que muitos afirmaram que foi deixado de lado no momento de bebedeiras e drogadição.
"Eu me via abrindo a minha cova. Não sei o que acontecia. Sabia que estava fazendo mal comigo e com minha família, mas, mesmo assim, não conseguia seguir o caminho certo da vida", comenta emocionado André, 27 anos, em Ribeirão Pires. Ele diz que está há quatro meses em abstinência.
O rapaz franzino entrou no "mundo cão", como ele mesmo diz, aos 10 anos para ganhar respeito na escola. "Como era muito magro e tinha 22 graus de miopia, era muito zoado na classe", fala. Para conquistar espaço entre os amigos da escola e da rua, na periferia de Diadema, o jovem começou a fumar maconha e beber com os "caras mais velhos". "Depois disso foi só desgosto para a minha mãe", diz ele, ao lembrar dos quase 17 anos que passou viciado em álcool e outros tipos de droga.
Atualmente, André e mais 70 dependentes químicos passam por tratamento de desintoxicação e reinserção social nas três clinicas mantidas pelo padre Fernando Sobrereo, da Paróquia de São Judas Tadeu, no Jardim Caçula em Ribeirão Pires. Além disso, eles participam dos grupos de autoajuda organizados pela Pastoral da Sobriedade. No Grande ABC existem 16 locais que oferecem ajuda para cerca de 1.000 dependentes em álcool e outras drogas, como tabaco, crack e cocaína.
"Essa foi uma maneira de a igreja criar métodos de ajuda de acordo com o tempo atual. Não tínhamos mais como fugir deste tema", comenta o padre argentino Fernando Sobrero, que chegou ao Brasil em 1998 e em 2006 iniciou os trabalhos da Pastoral da Sobriedade na região e hoje é o coordenador da pastoral no Grande ABC.
muito legal adorei
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