O papa geralmente fala, por assim dizer, com um linguajar intelectual muito complicado, mas seja lá o que ele entenda por "mutação antropológica", parece pertinente a queixa que ele faz sobre a virtualidade que domina o mundo atual. Para, digamos, "decodificar" a sua mensagem, é preciso verificar, primeiro, o contexto em que ele fez a crítica, já que falava da importância que os mosteiros europeus tiveram na organização da sociedade e na exploração econômica sustentável das terras durante a Idade Média, com um estilo de vida muito mais lento, real e solidário do que o dos tempos modernos. Deve ser por aí que se chega a este "viés" da "mutação antropológica" que ele aponta na juventude de hoje. A matéria é do Diário de Notícias de Portugal:
Bento XVI denuncia "mutação antropológica" nos jovens
O papa Bento XVI denunciou hoje as mentalidades "dominadas por interesses económicos" e uma "mutação antropológica" dos jovens, cativos do mundo virtual sem o saberem.
"Na Idade Média, os mosteiros estiveram no centro da bonificação da zonas pantanosas. Hoje servem para melhorar o ambiente de outra maneira", disse o papa, que falava na praça e no convento de Serra San Bruno.
"Por vezes, o clima que se respira nas sociedades não é saudável: está poluído por uma mentalidade que não é cristã, que não é também humana, porque é dominada por interesses económicos, preocupada somente por coisas terrestres e privada de uma dimensão espiritual", referiu Bento XVI.
"Neste clima, marginaliza-se não só Deus, mas também o próximo, e não nos esforçamos pelo bem comum", denunciou.
Referindo-se ao barulho das cidades, o papa sublinhou que "o desenvolvimento dos 'media' trouxe a virtualidade que arrisca passar a realidade".
"Sem se aperceberem, as pessoas mergulharam numa dimensão virtual, devido às mensagens audiovisuais que acompanham a sua vida, de manhã à noite", acrescentou Bento XVI.